5- Ela tem uma faca

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Callie Torres

Não estava sendo uma semana fácil, as crianças se negavam a obedecer. Nós dávamos tudo de nós, e nada parecia adiantar. Eles pareciam não nós ouvir, eu dizia não, eles escutavam sim... Lizzy passou a bater a porta mais vezes que o normal, e Gael caiu mais vezes que eu possa contar em um dia, e Lola bem, Lola fez mais perguntas que provas do Enem.

Eu ajudava Arizona a preparar o jantar enquanto as crianças assistiam desenho, e Lizzy mexia em seu celular. A mesma tinha um que havia ganhado de sua mãe, os protocolos dizia que não podíamos tomar os deus pertences, e a jovem latina usava isso contra nós toda vez que pedíamos para largar o celular um pouco.

- Crianças venham comer -disse Arizona terminando de organizar os talheres.

O que era para ser um jantar tranquilo, se tornou um caus quando Lola se recusou a comer o frango grelhado, a menina queria suas batatinhas.

- Eu quero batatinhas -a pequena gritou empurrando o prato de comida.

- Lola, batatinha não. Olha só o franguinho está uma delícia -tentou Arizona levar o talher até a boca da menina.

O frango do garfo caiu ao chão, todos ficaram em silêncio. Apenas Lola se esperneava.

- Não, eu quero minhas batatinhas -gritou mais uma vez cruzando os braços com um enorme bico.

Se fosse uma outra situação eu acharia fofa.

- Lola, pare con eso ahora. Y vaya a la habitación - Lizzy disse firme.

*Lola, pare com isso agora. E vá para o quarto.

- Lizzy me deixa resolver isso -Arizona se virou para a menina.

- Estou apenas tentando ajudar, não precisa gritar -disse Lizzy soltando faíscas pelos olhos.

Ultimamente as duas tem se estranhado, sempre estavam batendo uma de frente com a outra, e eu tinha que sempre intervir como uma mãe separando as duas filhas adolescentes. Eu entendia minha esposa, ela estava frustrada em perder o controle da situação sempre. Lizzy apenas me escutava as vezes.

- EU NÃO ESTOU GRITANDO. Amor, eu estou gritando? -a loira se virou para mim sem paciência nenhuma.

- Não -na verdade ela tinha elevado um pouco o tom de voz. Mas eu nem era louca de dizer isso com ela nesse estado.

- Vamos Lola coma ao menos um pouco -insisti -Gael sente-se ai -pedi vendo o garoto se levantar do lugar.

Apenas vi a vela que estava ao centro da mesa rolar pela mármore pegando no guardanapo acendendo uma chama. De quem foi a idéia em colocar uma vela aromática na mesa de jantar?

Aé, foi minha...

Ao se levantar Gael bateu a cabeça no lustre em cima de nossas cabeças. Não era para esse negócio estar tão baixo. O menino elevou a mão até a cabeça e tudo virou de ponta cabeça. O fogo aumentou, então resolvemos jogar catchup para tentar deter o fogo.

- Cadê a Lola?-perguntou Arizona depois de Lizzy jogar um copo com água no fogo.

A garotinha surgiu por de trás da mesa com o rosto lambuzado de catchup, e uma faca na mão. Uma cara de brava pintava o seu rosto, que até então era angelical.

- Ela tem uma faca -disse a loira indo para trás de mim.

- É uma faca do Bob esponja - disse eu.

- Continua sendo uma faca, Lena.

Essa foi a pior noite que já tivemos. Na manhã seguinte a casa estava uma bagunça, e acordamos atrasadas para deixar as crianças na escola... Foi uma correria, Lizzy não saia do banheiro que dividia com os irmãos.

- Lizzy saia logo,preciso me banhar -gritou Gael batendo fortemente na porta.

Entrei na cozinha e Arizona penteava os cabelos longos de Lola, que balançava as perninhas sentada no banco alto da bancada. Terminei de colocar os lanches dos menores na lancheira e fui até o corredor dos quartos.

- Lizzy, saia desse banheiro. Vamos todos nos atrasar -avisei dando três batidas na porta.

Em um clique a porta se abriu, e adivinhem. Lizzy ainda estava de pijama com os olhos todo pintado de preto.

- Sério isso? -coloquei as mãos na cintura fixando os meus olhos na mais velha.

- Buenos días, Callie. -a menina sorriu passando por mim.

- Buenos días, Lizzy. Gael cinco minutos, já escova os dentes debaixo do chuveiro, e lave as partes íntimas.

Subi para o quarto para pegar o meu celular, e ligar para a minha abuela que a dias não falava com ela. Ela era uma senhora na casa dos sessenta anos, simpática e muito amorosa, a mesma me criou quando vim para Califórnia.

Assim que terminei de descer as escadas encontrei todos prontos em frente a porta da frente com as mochilas nas costas. Eu e Arizona não tínhamos o hábito de levar as crianças juntas, mas como teríamos algumas coisas para comprar ao centro fomos juntas.

Lola não parava de tagarelar sobre a sua nova professora de artes. Estacionei em frente a escola dos menores em menos de dez minutos.

- Vejo vocês mais tarde -eu disse vendo os dois descerem do carro.

- Ai meu dedo -gritou Gael nos assustando. Arizona e eu descemos do carro o mais rápido que pudemos -Eu prendi o meu dedo na porta.

Choramingou apertando os olhos com força. Um sorriso surgiu em meus lábios ao ver a cena mais fofa naquela manhã maluca que estavamos tendo.

Arizona passou a mão nos cachos de Gael, deixou um beijo demorado em sua testa ...segurando seu rosto entre as mãos disse:

- Foi nada querido, já que passa a dor. Vá para a aula e se cuide.

- Ta bom, tia Ari -o menino sorriu e a abraçou e fez o mesmo comigo. Lola agarrou nossas pernas e se despediu acompanhado as outras crianças que entravam na escola.

Seguimos para a escola de Lizzy , que ao descer do carro nem se despediu batendo a porta do carro. A menina andava cada dia mais difícil e eu não aturarei esse tipo de comportamento debaixo do meu teto.


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