Callie Torres
O dia havia amanhecido frio. Gael e Lola ainda dormiam ao meu lado, esparramados na cama. O lado de Arizona estava vazio, e pelo barulho da água caindo do chuveiro, deduzi ser ela no banho.
O relógio em cima do crido mudo, ao lado da cabeceira da cama, marcava exatamente oito horas da manhã. Me levantei, e vesti o meu hobby, que estava em cima da poltrona branca, que fica em nosso quarto.
Assim que entrei no banheiro, minha esposa já desligava o chuveiro saindo de dentro do box.
- Bom dia - cumprimentei selando nossos lábios
- Bom dia, amor.
- Deveria ter me esperado para nos banhar juntas - falei olhando para o seu corpo nu, com gotas de água escorrendo por seu corpo branco, com algumas pintinhas.
A loira pegou a toalha branca atrás da porta começando a se secar. A mesma me deu um sorriso sacana e disse:
- Você sabe que não ficaríamos apenas no banho, não é?!
Concordei sorrindo. Pois era a mais pura verdade, dificilmente foram as vezes que tomamos banho juntas, e não transamos.
- As crianças estão bem ali, em nosso quarto. Então achei melhor me banha sozinha - explicou se enrolando na toalha.
- Você é a parte sensata do relacionamento - pisquei pegando minha escova de dente, e coloquei creme dental. Arizona logo pegou a sua me estendendo para colocar para ela.
Escovamos os nossos dentes juntas, e logo entrei no box para tomar o meu banho, depois de me despir.
(...)
Assim que desci as escadas, encontrei Gael assistindo desenho em frente a tevê, e Lizzy preparava o café da manhã.
- Cadê a Ari? - perguntei depois de desejar bom dia a jovem latina
- Ajudando Lola no banho - respondeu mexendo os ovos na frigideira - A Ari pediu para fazer panquecas - a morena torceu os lábios - Você pode fazer isso? Minhas panquecas nunca ficam boas
- Claro, querida. E então, terminou de arrumar suas coisas? - perguntei pegando as coisas para preparar a massa das panquecas
Lizzy virou o ovo em um prato em cima da ilha, e pegou uma jarra no armário para virar suco que estava no liquidificador.
- Sim. Sabe, eu serei eternamente grata por tudo que você, e a Ari fizeram por mim e meus irmãos.
A mais nova se virou para mim, que estava em frente a ilha.
- Eu sei que não fui a filha que vocês tanto sonhavam. Mais eu quero dizer que vocês foram ótimas mães. Diz isso a Ari por mim - a menina sorriu timidamente com os olhos lacrimejando
- Porquê você mesma não diz isso a ela? - perguntei curiosa
- Porque, provavelmente eu vou chorar. E eu não gosto disso
Sem pensar duas vezes, limpei minhas mãos no pano de prato. Segurei nos pulsos de Lizzy a puxando para os meus braços. Senti o seu corpo relaxar com o meu toque.
(...)
Exatamente dez horas da manhã, estavamos todos no rancho de casa, esperando Alejandra e a assistente social vir pegar as crianças. Foi o horário que o juíz propôs para a mulher buscá-los.
O carro na cor prata, de quatro portas estacionou bem em frente, fazendo o meu coração se acelerar. Então tinha chegado o momento, o tão temido momento.
Arizona e eu nos entreolhamos sem entender, quando apenas Carmen e Leila desceram do carro.
- Cade a minha mãe? - Lizzy desceu os degraus da escada. Eu e Arizona logo fizemos o mesmo.
Paramos atrás de Lizzy, que parecia tensa. A latina segurava firme as alças de sua mochila, que estava em sua costa.
Carmen e Leila se olharam. As duas estavam estranhas.
- Sinto muito Lizzy. Mais ela não vem, ela disse que não consegue, e que não pode fazer isso.
- Oh meu Deus - disse a loira surpresa.
- Ela deve está apenas com medo. Olha só... - a menina passou a mão no rosto agoniada - me levem até lá. Eu posso conversar com ela, e dizer que vai ficar tudo bem
Carmen tocou em seu braço, tentando confortá-la. Nem eu, e nem Arizona sabiamos o que dizer, ou como agir naquele momento. Lizzy estava extremamente chateada.
- Lizzy. Não há nada que você possa fazer. Ela nos disse, que foi você que assinou os documentos do pedido da guarda de vocês
- Sim. Mas foi por nós, era o que ela queria.
- Quando chegamos lá, ela não estava bem. Lizzy,sinto muito, mais a sua mãe estava se drogando - disse Leila nos pegando de surpresa
Lizzy deu um passo para trás, me partiu o coração ao ver seus olhos cheio de lágrimas. A menina colocou a mão na boca, em uma tentativa falha de chorar alto.
- Eu quero ir pra casa. Eu quero a minha mãe - a mais nova saiu correndo pelo bairro
- Fica de olho nas crianças, por favor - pedi para as assistentes sociais. Arizona e eu saímos correndo atrás de Lizzy.
Eu não sabia qual era dor que Lizzy estava passando. Afinal eu nunca passei por isso antes, mais imagino o quanto deve ser difícil para uma garota, com menos de dezesseis anos, passar por tudo isso. A mesma tinha sonhos, e esperança de ter sua mãe biológica por perto.
Eu apenas queria abraçá-la e dizer que tudo iria ficar bem. E que eu, Callie Robbins-Torres, sempre estaria ao seu lado, não importa a circunstância.
Ao vê-la encolhida debaixo de uma árvore, chorando com a cabeça enterrada entre as pernas, soluçando, me fez chorar também.
Com cautela, Arizona e eu nos sentamos cada uma de um lado. Nenhuma de nós disse nada, apenas o movimento dos carros passando, se misturava com o choro baixo da mais nova.
- Vocês não precisam ficar aqui. Vocês não são as minhas mães
- Realmente não somos. Mais nós nos importamos com você. Eu sei que você está chateada, com raiva...
- Muita raiva - me cortou olhando fixamente para a frente
- Muita raiva. Mas nós duas, eu e Arizona vamos ficar aqui com você. Até você se sentir melhor, e preparada para irmos pra casa
- Isso. Leve o tempo que precisar - Arizona segurou sua mão. Lizzy olhou rapidamente para a loira e depois voltou a olhar para a rua.
Nós três. Eu, Arizona e Lizzy ficamos ali, sentadas debaixo da grande árvore, apenas no silêncio.
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De Repente Uma Família | Calzona
Fanfiction[Concluída]Callie e Arizona decidem adotar uma filha, Lizzy, uma garota de temperamento forte. Como ela tem dois irmãos mais novos (Gael e Lola), o casal decidem criá-los também. Agora que elas precisam educar três crianças indisciplinadas e barulhe...