21- O adeus nunca é fácil

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Arizona Robbins

Descemos todos em silêncio do carro. A noite já tinha caído em Califórnia, a rua estava vazia.

E aquela era a nossa última noite, com os nossos filhos. Eles sempre estariam guardados dentro do meu coração, e de minhas memórias. Eles seriam eternamente MEUS e de Callie.

Entramos porta a dentro, as luzes foram acesas por mim. Os três menores entraram logo atrás, sendo acompanhados por minha esposa.

- Vão se lavar, daqui a pouco vamos jantar - avisou Callie deixando sua bolsa em cima do sofá

Lola e Lizzy, logo obedeceram sumindo de nosso campo de visão. Cabisbaixo, Gael abraçou fortemente a cintura de minha esposa. Os meus olhos se encheram de lágrimas.

- Te amo. Momy - Callie deixou um beijo no topo de sua cabeça. A latina sussurrou "também te amo" se soltando do menino - Mamãe, te amo! 

Quando Gael me abraçou, o segurei fortemente em meus braços. Dizendo que ele era um bom menino, e que eu o amava muito. O menino sorriu com os olhos brilhando, e saiu da sala, nos deixando sozinhas.

- Vou começar a preparar o jantar - avisei seguindo para a cozinha. Eu não queria que Callie me visse chorando de novo

Perdi as contas de quantas vezes chorei desde que acordei. Arregacei as mangas de minha camiseta, e prendi o cabelo. Enquanto lavava as mãos na pia, eu pude sentir os olhos de Callie sobre mim.

- O que eu posso fazer? - perguntou a latina coçando a garganta.

- Tira o frango do freezer, por favor

- Tá.

(...)

Havíamos feito uma comida simples, mas com um pouco de cada coisa que os três gostavam. O macarrão com queijo, frango frito, e as preciosas batatinhas de nossa caçula.

Cada um sentado em seus devidos lugares, o silêncio reinava. Callie mexia o macarrão no prato de Gael, do jeito que ele gostava.

- E se quando eu for morar com a mãe, e ela não souber fazer o macarrão do jeito que eu gosto de comer? - perguntou Gael encolhendo os ombros

Sua voz era chorosa, e seu semblante era triste.

- Não precisa se preocupar com isso meu amor. A Lizzy sabe como que você gosta, e ela pode ensinar Alejandra - explicou Callie lhe tocando a mão

- Ta bom!

Gael fungou baixinho, Lola fez um adorável bico trêmulo.

- Ei, vocês não podem ficar assim na nossa última noite aqui - Lizzy beijou a cabeça da irmã - Querem saber?! Eu acho que nós devemos dizer a elas um obrigado, por tudo que fizeram pela gente.

- O-brigado - Gael fungou mais uma vez olhando para nós duas.

- Nós que agradecemos - sorri

- Lola, agradeça - insistiu Lizzy a caçula

Se esquivando dos toques da irmã, Dolores se levantou de sua cadeira, e disse:

- Eu não quero falar mais nada

E quando chegou ao corredor, o seu choro partiu o meu coração. A menor chorava alto, e soluçava.

- Eu vou lá ver ela - deixei o guardanapo na mesa, me retirando da sala de jantar

(...)

Na hora de coloca-los na cama foi um momento difícil, Lola e Gael ainda choravam baixinho. Deixamos um beijo na cabeça de cada um, e desejamos boa noite.

O quarto de Lizzy, que era o do lado estava aberto. A adolescente tinha um fone nos ouvidos, enquanto arrumava sua mala. Callie deixou um beijo em minha testa, e abraçadas fomos para a sala arrumar as roupas dos dois caçulas.

Depois de tudo pronto fomos nos deitar. Não precisava dizer nada para saber o que se passava em nossas cabeças.

- Podemos desmarcar a reunião de amanhã com os novos compradores da casa? - perguntei abraçando o corpo da latina ao meu lado.

Callie fazia um carinho em meu cabelo, e as vezes beijava minha cabeça apoiada em seu ombro.

- Claro, pasión. Eu também não estou com cabeça para fechar negócios - murmurou mexendo em minha orelha

- O que vamos fazer sem eles? - perguntei erguendo minha cabeça para olhá-la nos olhos

- Eu não sei. Realmente não sei

A latina deixou uma bitoca na ponta do meu nariz, me fazendo sorrir pela primeira nessa noite.

E foi com muitas trocas de carinhos que acabamos pegando no sono. Apenas acordei quando ouvi sussuros pelo quarto, preguiçosamente abri os meus olhos, e sorri quando vi Gael e Lola parados na porta dentro de seus pijamas, e os cabelos levemente bagunçados.

- Ei, o que foi? - me sentei na cama com cuidado, apenas para não acordar Calliope, mas foi em vão, pois a latina acabou acordando

- Aconteceu alguma coisa? - perguntou a mesma confusa com toda aquela falação no quarto que era iluminado apenas pela luz do luar que entrava pela sacada.

- ¿Podemos dormir contigo? - Perguntou Gael segurando na mão da irmã

Eu olhei para Callie, em um mudo pedido que ela deixasse, a latina sorriu concordando

- Claro. Venham, não vale fazer xixi na cama - brincou Callie cutucando a cintura de Gael que se deitava ao nosso meio. Lola logo se agarrou a mim,  puxando a coberta para o seu pequeno corpo.

- Momy isso faz cócegas - Gael riu com a cabeça no travesseiro de Callie.

- Buenas noches mis amores - disse Callie sorrindo

- Buenaa noches

Nós três respondemos. Senti a respiração calma de Lola em meu pescoço, e a sua pequena mãozinha se apertar em minha cintura.

Do outro lado da cama olhei para minha esposa, e mesmo com o escuro pude ver o seu lindo sorriso dirigido a mim.

E aquela era a última noite que eu tinha dois, dos meus três filhos em meus braços... O adeus nunca é fácil, algumas despedidas deixam cicatrizes, pois quem vai embora leva uma parte de nosso coração. E nem o adeus mais suave acalma um coração com saudade!

E eles nem haviam partido, eu já  sentia uma imensa saudade tomar conta de mim.







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