24- Vocês vão ficar bem?

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Callie Torres


Parecia que tudo estava voltando ao normal. Lizzy passou a interagir de novo, as horas trancada no quarto, sozinha diminuiu. A bateção de portas, graças a deus parou.

O que alegrou ainda mais o meu coração de mãe, foi o fato de Lizzy e Arizona estarem se dando bem. A jovem latina passou a fazer mais coisas ao lado de Arizona. A garota passou a compartilhar segredos com nós duas, contar sobre os seus desejos, sobre suas melhores amigas, e do seu novo crush, que segundo ela, é o mais gato e inteligente, não só da sua sala, mas da escola toda. Porém o menino nem lhe da bola.

Estamos caminhando bem. Tudo em seu devido lugar.

As reuniões com o grupo de adoção, passaram a ser quinze em quinze dias. O que facilitava muito as nossas vida, ainda mais com as férias escolares se aproximando. E o aniversário de Lizzy tão próximo. Arizona e eu estamos planejando algo especial para esse dia - uma festa - Lizzy disse que nunca tinha tido uma festa de aniversário, e era uma honra sermos as primeiras a dar esse presente a ela.

Gael contava todo empolgado sobre o seu primeiro passeio escolar. O menino tinha ido ao zoológico, com a escola - claro que foi eu e Arizona que pagamos-. Eu tentava prestar atenção no trânsito, e em Gael, enquanto Lola cantava uma música irritante no banco de trás.

Minha cabeça parecia que ia explodir de tanto barulho. Depois de pegar os dois na escola, tínhamos passado ao mercado, e na volta o trânsito estava uma loucura.

- Tenho uma caneta, eu tenho uma maça, UHH! maçaneta!Tenho uma caneta, eu tenho um abacaxi, UHH! abacaxieta! Maçaneta abacaxieta, UHHH! MAÇANETA ABAXIETA.

- ...tinha também girafa, elefante, o elefante estava escondido. A tia não deixou chegarmos perto da jaula do leão - dizia Gael sem pausas. E Lola continuava a cantar.

O carro a poucos metrôs de mim, parecia não andar. E para ajudar os de trás ficavam buzinando, como se eu tivesse culpa de alguma coisa.

- UHHH! MAÇANETA ABAXIETA.

- LOLA CHEGA!  - falei alto com a mais nova, que na hora se calou. Gael estalou os olhos, e pelo retrovisor pude ver os lábios de Lola tremer. E a mini-latina começou a chorar alto.

- Querida, me desculpe. A Momy, não queria te assustar - expliquei me sentindo culpado por aquilo. - Gael, me desculpe amigo

Os dois nada disseram. Gael se manteve em silêncio, e Lola não parava de chorar, o quê me deixava agoniada. Graças a deus, não demorei a chegar. Assim que abri a porta principal com algumas sacolas do mercado, Lola passou correndo a minha frente chorando.

- Ei, o que aconteceu? - Arizona que estava vindo do corredor, pegou Lola nos braços. A menina agarrou a outra mãe, feito um bebê coala.

- Eu acabei me estressando, e gritei com ela - deixei as sacolas na bancada.

- Calliope?!

- Arizona. Foi sem querer, Gael estava conversando comigo, e ela começou a cantar alto - expliquei

- E a música era irritante - completou Gael parado ao meu lado

- Mais você tem que ter paciência. Ela está assustada - minha esposa passava a mão nas costa de Lola, que tinha o rosto enterrado em seu pescoço.

- Eu já disse que foi sem querer. Caramba, você nunca erra, senhora perfeição - quando dei por mim, já estava falando um pouco alto demais.

A loira disse mais nada, a mesma me fuzilou com o olhar. E antes de sair andando disse:

- Não desconte seus problemas nas crianças

Revirei os meus olhos irritada.

- Perdi alguma coisa? - perguntou Lizzy saindo do banheiro. A latina tinha uma toalha preta em volta da cabeça, e no corpo um vestido soltinho

-  A Momy, e a Mamãe estavam brigando - disse Gael. E quando olhei para baixo, para olhá-lo, ele deu de ombros - Ela perguntou

- Vocês vão ficar bem? - Lizzy me olhou preocupada

- Sim, não se preocupe com isso. Eu trouxe o que você me pediu - mudei de assunto. Não queria preocupar as crianças com os problemas meu e de Arizona.

(...)

Depois do acontecido de mais cedo, Arizona ainda estava chateada, por eu ter gritado com Lola. E eu estava chateada comigo mesma por isso, eu sei que foi no calor do momento, mais eu tinha assustado minha filha, sendo que eu nunca tinha levando a voz para nenhum deles.

Depois de ter tomado o lanche da tarde com as crianças, fiquei em meu quarto analisando algumas casas velhas a venda. Acabei encontrando duas, que parecia perfeita para os meus negócios. Tinhamos nenhuma casa mais a venda.

Acabei marcando encontro com o vendedor para visitação. O homem podia mostrar apenas hoje, e eu aceitei na hora.

Troquei rapidamente de roupa, e desci. Arizona e Gael jogavam videogame em frente a tevê, enquanto Lola brincava com a Batatinha sentada no tapete.

- Estou de saída. - avisei pegando a chave do carro pendurado na cozinha - Achei uma casa, a algumas quadras daqui, mas o vendedor só pode me mostrar hoje

- Tá. - disse Arizona me olhando rapidamente - Tente não se atrasar para o jantar

- OK!... Lizzy - chamei do corredor

- Oi - a menina abriu a porta do quarto. E a música de sua cantora favorita (Billie Eilish) tocava um pouco alto

- Eu vou ver uma casa, quer ir comigo?

- Quero. Só vou desligar o rádio - Lizzy rapidamente voltou pro quarto, e em questão de segundos estávamos dentro do carro.

O trânsito já estava melhor. A pouca movimentação de veículos me deixava dirigir sossegada, enquanto eu mantinha uma conversa com minha filha mais velha.

Lizzy ficou horrorizada do quanto a casa era maltratada. A tinta das paredes estavam todas descascando, os carpetes da cozinha e da sala estavam saindo. O banheiro de visita fazia-se lembrar banheiro antigo, e as cores eram horríveis. No andar de cima não estava diferente, os dois quartos eram de pisos, porém alguns "caquinhos" estavam faltando, e outros quebrados, a única coisa que se salvava era o banheiro do andar de cima, que mesmo sendo para os dois quartos, era grande e bem decorado.

- Posso fazer por esse preço pra senhora - disse o senhor de meia idade enquanto desciamos os únicos seis degraus da escada.

- Eu acho que o preço ainda esta um pouco salgado. Teremos que fazer muita coisa aqui. - expliquei olhando a minha volta

Lizzy apenas prestava atenção em silêncio. A mesma dizia gostar do que eu, e minha esposa fazíamos.

- Eu posso fazer por esse valor. Menos que isso, a senhora quebra as minhas pernas - sorriu ao me falar o preço

- Agora sim... Eu vou conversar com a minha esposa, e te darei a resposta até amanhã.

Por mim fecharia negócios agora, mas o dinheiro na conta não era só minha. E Arizona também faz parte dos negócios, então teria que ter o aval das duas.

- Por mim tudo bem. - o mesmo me entregou o seu cartão.

- Eu quero fazer isso mais vezes - disse Lizzy batendo a porta do carro ao entrar.

- Podemos te incluir nessa. - brinquei travando o cinto de segurança

Agora era enfrentar a minha fera loira. Pois estavamos atrasadas para o jantar, e depois de checar o celular vi várias ligações perdidas da mesma.





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