Royal Flush

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Las Vegas, Nevada.

Point Of View's Willowdean Lawson, 'Lottus'

Sorte não era para pessoas como eu. Na arte do pôquer, a inteligência seria principal base. Ter uma carta na manga, não significava para mim apenas no sentido filosófico. Perder não existia no meu vocabulário. Cresci em cassinos, observando homens jogar todo o seu mísero dinheiro no ralo, tudo com base nas suas superstições.

Obviamente, sonhar com um animal, seria o primeiro índice de que, a boa maré estava chegando. Para mim, era apenas... Um sonho.

Desde os meus 9 anos de idade, sei como funciona esse mundo. Buscava meu pai, completamente jogado ás esquinas, podre de bêbado e prestes a morrer por apostar de mais, quando não se tinha nada. Lembro-me perfeitamente, que certa noite, aceitei jogar com um homem perigoso em troca da liberdade de meu pai. Eu conhecia o blefe, sempre fui observadora e isso, em certo tempo, venho a calhar. Com uma carta escondida debaixo do meu vestido, trapaceei, sim. Porém, venci.

Sem julgamentos, por favor. O pescoço da minha família estava em risco, não poderia naquele momento bancar a boa samaritana. Não.

Meu pai passou a me levar com ele em seus jogos, mostrando como fingiam expressões de satisfação ou quando hesitavam em aumentar a aposta. Porém, também servi como jogadora ao seu lado. Ele fazia a bagunça; E eu, limpava a sujeira.

Contudo, algumas sujeiras eram jogadas para debaixo do tapete. E uma hora, eu precisava acertar as contas. E como uma boa pessoa, eu fazia o que era certo.

Fugia.

Quando saí de casa, aos 17 anos. Entrei em meu Shelby e nunca mais voltei para casa. Eu era sem lar, sem família, praticamente uma indigente.

— Espero que saiba o que está fazendo, Lottus.

Meus lábios puxaram-se, sorrindo abertamente.

— Sem dúvidas, Sr. Warren.

— Uma mulher... – Riu outro homem. Querendo jogar. Realmente quer perder, mocinha.

— Se sou tão insignificante, aumente a aposta.

Entreolharam-se, hesitante.

— Ora, ora, ora... Os cavalheiros estão com medo? Puff! – Debochei e avaliei cada um deles, antes de empurrar todas as minhas fichas para o centro da mesa. — Pois bem, aposto tudo.

Cruzei minhas pernas, deixando parte de uma delas a mostra pelo meu vestido vermelho vivo a fenda, fazendo com que alguns homens desviassem sua atenção para mim. Eu já estava acostumada, afinal, eu não era de se jogar fora. Meus cabelos afros estavam soltos, como a grande juba de um leão. Passei a língua entre os lábios, avaliando cada expressão hesitante, nervosa, furiosa. Homens não suportavam ter seu ego ferido, porém eu estava apenas cutucando e não brincava em serviço.

Eu estava vestida para matar e que assim seja!

— Pois bem, aposto tudo. – O velho Warren empurrou todas as suas fichas, fazendo-me sentir satisfeita.

Puta que pariu!

Esse já tava' no papo.

Outros decidaram não ir tão longe quanto nós. O famoso: Mata-Mata.

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