Gasoline

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Toronto, Canada.

Point Of View's Willowdean Lawson, 'Lottus'

Minha mãe sempre me disse que brincar com fogo era errado. Iria me machucar. Como a gasolina e fósforo poderiam se encaixar tão bem? Não poderiam. Ambas em conjunto conseguiam causar muita dor, pois ninguém estava imune á um incêndio. Nem mesmo um especialista tinha a grande habilidade de lidar com isso da melhor maneira que existia.

Afinal, você não lida com o fogo. Você foge, ou, você apaga. A melhor solução seria apagar antes que tomasse proporções que não pudesse controlar. Contudo, se arriscar continha suas incertezas, como por exemplo, se ferir.

Então eu fugi.

Justin era o incêndio. Aquela fagulha que tomava uma enorme proporção e destrói às estruturas de um edifício, queima tudo o que toca e desmancha ardentemente qualquer um no seu caminho.

Eu fugi para não ser mais queimada. Fugi, pois estava brincando com fogo e me queimei. Me machuquei o bastante para entender que não se tentava entrar em um coração que já pertencia a outro alguém. Mas ainda que eu tenha corrido muitos quilômetros durante esses dias, parece que deixei um rastro de gasolina pelo caminho. Porquê, o fogo estava diante de mim. Em seu típico terno caro, seu olhar penetrante e sua segurança bem armada.

Em minha mente, durante os últimos meses, cogitou encontrar Bieber outra vez. Como seria isso? Ele estaria zangado ou indiferente como sempre? Eu teria coragem para lhe dizer algo? Contudo essa ideia foi morrendo aos poucos. Pensei que aquela última fagulha estivesse apagada, porém fui enganada. Meu coração estava martelando dentro do peito com tamanha força que me fazia ofegar.

Com tanto poder que seu arrebatar tocava os meus ossos.

Eu quis estapeá-lo, depois beijá-lo e talvez não nessa ordem. Quis dizer que estava morrendo de raiva por ele não ter chegado antes e dizer que estava odiosa por estar ali agora. Minha filha e eu estávamos bem sem seu pai. Quis dizer sobre nossa garotinha, o quanto ela tinha traços dele, ao mesmo tempo em que orava para que ele nunca visse ela.

Deus!

E se ele quisesse tirá-la de mim? E se quisesse levá-la embora? E se...

E se estivesse ali por mim? Por nós?

Não seja estúpida, Lottus! Meu subconsciente brigou e precisei concordar.

Apenas a ideia daquela criança ser sua o causava repulsa. O olhar de Bieber sempre estaria em minha mente, a ideia dele ser pai do meu bebê era um soco na boca do seu estômago. Ele parecia desejar a morte ao invés da minha verdade. A mentira foi o melhor para nós dois. Eu e minha filha vivemos melhor sem ele!

Agarrei-me àquele sentimento. De fúria. Queimando por entre minhas veias e ardendo minhas entranhas. Eu precisava odiá-lo, pois amá-lo não foi a minha decisão mais inteligente e só me trouxe um mar de merda. Precisei de muita força para não chorar ou correr. Não poderia ainda amar alguém que rejeita uma parte de mim. Jamais teria qualquer sentimento de carinho por uma pessoa que repudiava minha doce garotinha.

Respirei fundo.

Soltando todo ar dos meus pulmões.

E dei-lhe ás costas.

— Babe, não está feliz em me ver? – Com a porta entreaberta, virei-me.

— Fique. – Ordenei e Bieber franziu o cenho, confuso e deu seus primeiros passos em minha direção.

— O que?

— Eu disse: Fique! – Meu tom firme o fez parar brutalmente.

Abri a porta de minha casa e fechei, tentando acalmar meus sentimentos e minhas emoções. Respirei fundo mais de vinte vezes antes de chegar no quarto, ainda sendo reformado, da minha garotinha. Ela estava deitada em seu berço, envolta de cobertas e o rosto corado pelo choro irritado. A mesma balançava suas mãos e pernas gordinhas com fervor. Peguei-a em meus braços e embalei minha filha, calmamente enquanto suas lágrimas deslizavam sem parar.

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