Family

933 58 27
                                    

Los Angeles, Califórnia.

Point Of View's Willowdean Lawson, 'Lottus'

Sua respiração estava calma enquanto seu peito descia e subia lentamente. Seus cabelos desgrenhados e sua expressão serena. Ivanoff dormia ao meu lado, parecendo um anjo, completamente desarmado. Indefeso. No entanto, tinha conhecimentos de sua verdadeira face.

Os primeiros raios do dia tocavam seu rosto, deixando seu cabelo ainda mais claro e sua face ainda mais angelical. Mas todos que o conheciam sabiam a verdade por trás de seus olhos azuis bonito.

Ele esteve me vigiando ainda mais durante as últimas semanas, com seus homens controlando cada mínimo passo meu. Eu era como uma bomba-relógio perambulando por seu território, se ele cortasse o fio errado, poderia causar um grande estrago.

Contudo, nenhum dos seus mais preparados seguranças conseguiu ao menos perceber quantas vezes havia tocado em uma faca. Eu poderia montar um arsenal com elas. Poderia matá-lo enquanto o mesmo dormia. Apenas um corte no local certo e Ivanoff mal poderia lutar por sua vida.

Ele respiraria por poucos segundos. Tão fraco que ao menos conseguiria gritar por socorro.

Mas os seus homens me matariam logo em seguida. A Bratva jamais aceitaria uma mulher no comando, ainda mais uma mulher negra e americana. Isso seria demais para o ego deles. Não aceitariam a mim e muito menos a sementinha.

Ela era uma Bieber.

Eles escolheriam suicídio ao invés de me obedecer.

Admirava a lealdade deles, ainda que fosse idiotice morrer por alguém que nem ao menos sangraria por eles.

A questão é: Eu teria coragem de matar Dimitri Ivanoff?

Eu realmente seria capaz disso? A minha vida inteira foi regada de pecados e crimes, a lista era grande.

Como roubo, agressões físicas e verbais, desacato a autoridade, lavagem de dinheiro, falsidade ideológica, dirigir embriagada, drogas ilícitas...

Mas assassinato?

Quer dizer, autodefesa.

Ainda sim uma forma de homicídio.

Talvez ainda restasse algo do meu caráter que me impedia de fazer isso. Ou talvez eu apenas fosse uma covarde de fato.

Levantei da cama e na ponta dos pés, corri em direção ao banheiro. Assim que tranquei a porta, olhei meu reflexo no espelho, avaliando a curva abaixo dos meus seios.

Eu estava no meu quinto mês de gestação. E uma das coisas mais gratificantes sobre isso era que a sementinha se mexia bastante, a ponto de atrapalhar meu sono, mas tudo bem. Ela se movia quase a noite toda, como se pressentisse que era o momento de sua mãe descansar e decidir que seria ótimo me incomodar. No entanto, eu amava sua companhia.

Estive mudando fisicamente e mentalmente durante esse tempo. Não era impossível de reparar que meu rosto estava rechonchudo e meus seios realmente fartos, muito menos que meu humor tinha picos de alegria e irritabilidade em questão de segundos, ou que um insistinto forte de proteção crescia junto da sementinha.

- Agora você está dormindo, não é? - O meu médico havia dito que a minha filha agora poderia me ouvir. Então conversar com ela tornou-se algo frequente. - Danadinha!

Entrei no chuveiro e deixei a água quente cair sobre meus ombros. Não demorei muito no banho e em seguida, me enrolei na toalha felpuda enquanto prendia meus cabelos em um coque. Assim que abri a porta, bati contra alguém que estava parado como uma estátua ali.

LoyaltyOnde histórias criam vida. Descubra agora