Loyalty

The Truth

Los Angeles, Califórnia.

Point Of View's Willowdean Lawson, 'Lottus'

O peso daquela aliança de ouro ainda me incomodava. Não importa se tenha passado um mês, o seu fardo era insuportável. Pois pensei que com o título de "Senhora da Bratva" algumas coisas poderiam mudar para mim.

Estava fodidamente errada!

Nada havia mudado. Além de todas as restrições e regras que eu deveria seguir. Sentia-me mais um dos homens de Ivanoff do quê realmente sua esposa. E eu não sabia definir se isso era bom ou ruim.

Erick estava sentado ao meu lado, apenas aguardando um mísero movimento vindo de mim para me seguir. Enquanto Paul continuava atrás como uma estátua de mármore. Eu me questionava todos os dias como eles deviam me odiar e principalmente, odiar Ivanoff. Poderiam estar indo atrás de ininigos e na linha de frente, no entanto estavam servindo de babá para a esposa mal humorada do seu Senhor.

— Como está a leitura, querida? – Bufei, levantando-me assim que Ivanoff entrou em sua enorme e exagerada biblioteca. Caminhei em direção á outra prateleira, procurando algo para ler.

— Acho que vou procurar outra coisa para ler. Sinceramente, ler sobre a Máfia não parece ser nada agradável. – Ele riu.

— Deveria ler esse. – Entregou-me um livro gigante, deveria ter mais de mil páginas coberto por sua capa vermelha com detalhes dourados.

— Ora! Ora! Um livro sobre a Máfia. Que... Interessante! – O tédio estava carregado em meu tom.

— Tenho certeza que irá gostar, são sobre nossas regras.

— Mais? – Arregalei meus olhos.

— Tomou seus remédios? – Segurei o livro pesado, colocando-o sobre a mesa e assenti para Ivanoff, ainda observando aquelas páginas amareladas e desgastadas pelo tempo.

— Sim.

— Mais tarde, o Doutor Anayev virá lhe buscar para fazer suas consultas.

— Certo. Obrigado. – Respondi sem olha-lo, encarando a primeira página e sentindo o cheiro do livro empoeirado.

— Eu te amo. – Soltei um suspiro pesado ao sentir sua presença ao meu lado. Levantei o olhar, encarando seus olhos azuis e Dimitri inclinou-se na tentativa de me beijar.

Contudo recuei.

— Eu também. – Afastei-me, procurando algo.

Qualquer coisa poderia ser melhor do que estar ao seu lado por dois minutos. E apenas libertei o ar dos meus pulmões quando o escutei sair da biblioteca.

Estar sendo acompanhada durante vinte e quatro horas por dia havia se tornado tão comum para mim que mesmo nesses momentos constrangedores entre nós, seus homens nem nos olhavam. Continuavam indiferentes e imóveis.

Eu estava com quatro meses de gestação.

Isso fez um frio subir pela minha espinha.

Medo. Ansiedade. Desespero. Felicidade.

Tudo isso e um pouco mais servidos em um coquetel apenas para mim. Em doses triplas. A gravidez estava me deixando completamente sensível, emotiva e irracional. Eu preferiria colocar a culpa nos hormônios ao invés de admitir que realmente era assim.

A sementinha estava crescendo rapidamente e nós ainda não havíamos conseguido escapar dessa masmorra. Eu temia por demorar ainda mais meses e essa criança precisar nascer nesse lar, com Ivanoff e todas as suas regras idiotas. Temia pelo tempo estar se apressando e o meu bebê precisar viver na Máfia.