Fear

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Duas semanas depois.
Atlanta, Geórgia.

Point Of View's Willowdean Lawson, 'Lottus'

A coisa mais difícil eu havia feito era ter me desfeito do meu Mustang Shelby, era uma das poucas lembranças boas do meu pai. Quando ele estava sóbrio, dizia sobre o seu carro favorito na adolescência, mas que precisou vender para que sua família tivesse o que comer. Era a mesma coisa que ele dizia quando não bebia. E eu sempre escutava.

— Isso é uma obra de arte! – O homem, conhecido como O'Brien, era um colecionador e estava trocando sua caminhonete pelo meu velho Mustang. O que não era uma troca justa. Mas eu precisava de outro carro.

Semanas após semanas e eu ainda não conseguia me estabelecer por mais de dois dias na mesma cidade. Provavelmente já haviam memorizado a placa do meu carro e tudo sobre mim.

E mudar, bom... Mudar era o que eu fazia de melhor. Depois de mentir e fugir.

O'Brien jogou a chave de sua caminhonete velha para mim e despedi, do meu Mustang, tirando por último uma foto amassada.

Na fotografia estava mamãe, com um sorriso bonito enquanto meu pai, a olhava perdidamente apaixonado. Hakeem, Hero e eu estávamos na frente, sorridentes. Eu tinha apenas quatro anos.

— Boa sorte! – O'Brien gritou e acenei, ajustando o boné em minha cabeça e coloquei a fotografia perto do volante.

A mala de dinheiro já não estava mais comigo, dias atrás eu havia voltado para Toronto e dei os cinquenta mil de entrada na casa que eu gostei. Precisava me desfazer do dinheiro e o homem que queria vender, não colocou a residência sob cuidados de imobiliárias, o que significava não precisar dos meus documentos verdadeiros.

Eu estava tão cansada de fugir de um lado para o outro, que quando notei, já estava entregando todo o dinheiro para o senhor de idade, chamado Joseph. Ele iria se mudar para o campo junto de sua esposa, Elena. A casa era muito bem cuidada, apenas precisava de uns ajustes e uma boa mão de tinta.

Liguei o rádio, começou a tocar alguma música desconhecida por mim enquanto eu estava com o pé na estrada novamente.

Quando parei no semáforo, segurei o chaveiro na chave do automóvel. Era um pequeno planeta Terra. Fechei meus olhos, o girando e coloquei o dedo. Assim que abri, meu dedo estava sobre o meio do nada.

Como sempre: Sem lar.

Bufei, acelerando assim que o sinal ficou verde.

O céu estava em um bréu, as nuvens acinzentadas e cheias como balões. Alguns raios apareciam entre elas, iluminando. E em poucos minutos, começou a chover violentamente.

Liguei o limpador do parabrisa, fazendo com que eu enxergasse melhor a estrada. Eu estava focada quando senti uma batida na traseira da caminhonete, pisei fundo no freio quando o carro começou a rodar e parei no meio fio.

Minha respiração estava incontrolável e minhas mãos tremiam segurando o volante. Dois homens desceram de uma SUV, caminhando em direção ao meu carro e de soslaio, vi quando um tocou em sua cintura, pegando uma arma.

Arregalei os olhos, pisando fundo no acelerador e corri pela estrada, desviando deles. Em poucos minutos, a SUV estava colada na caçamba da caminhonete, prestes a bater novamente e troquei a marcha, cantando pneu.

Olhei pelo espelho retrovisor, os vendo se aproximar e um dos seus homens, estava com metade do corpo para fora e começou a atirar contra o meu carro.

— Porra! – Gritei, abaixando-me quando um tiro quebra o vidro de trás. Acelerei ainda mais, ultrapassando outros carros.

Outro tiro atravessou meu espelho retrovisor.

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