Encontros e desencontros - cap 7

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Murilo

Olho no relógio... 02h e 14m. Me viro para um lado, me viro para o outro e nada de dormir. Droga. Como um simples encontro me deixa com insônia? Como ela ainda consegue mexer tanto comigo, mesmo depois de tantos anos? Aquele olhar... Aquele sorriso... Aquele cheiro... Aquele corpo...

Sinto um arrepio percorrer todo o meu corpo e me levanto, indignado. Não posso. Não posso. Não posso. Não quero. E mesmo se quisesse eu estou com a... Aí meu Deus! A Lisandra. Eu respeitei todos os meus relacionamentos, por mais que tenha vontade de ficar com o... Opa. Não. Não.

Aaarrgh!

Ela me causa isso. Toda essa confusão. Me faz duvidar de tudo quando aparece. Por que ela tinha que aparecer? Mas será mesmo que eu estou feliz com a Lisandra? Nós só brigamos, a cumplicidade foi embora há muito tempo, às vezes sinto que nós só nos suportamos. Mas eu não sei de nada. Ala, tá vendo, de novo. Confusão.
Achei que não tinha como piorar, mas me lembrei do homem que entrou no quarto que ela estava, certeza que ela está casada, agora é sério, preciso parar de pensar nisso.

Perco a paciência e desço para tomar água, ver se eu me acalmo. Pego o copo de água e vou na direção do quintal, mas quando abro a porta de vidro, escuto o barulho irritante do meu celular. Só o que faltava. Ei, o que está acontecendo comigo? Não sou tão impaciente assim. Pego o celular e logo me preocupo, ele não me liga tão tarde assim se não for urgência.

- Aplica, boy.

- Fala tu, jogador. - animado demais, deve ser bobagem.

- Que foi?

- Ué, tu que me ligou, abestado.

- Af, um doce.

- Prontinho pra você botar na boca, baby.

- Inngua. Sai dessa, mas voltando ao real motivo da ligação, preciso de um favor seu.

- Ih, esse santo quer reza.

- É sério, pô. Descobri agora que a mulher que eu tô xonado tá na cidade e estou preocupado com o estado de saúde dela, mas não posso cancelar essa viagem agora.

- E o que ela tem?

- Não sabemos, o caso parece complicado, mas todas as informações estão no hospital, por isso preciso do seu favor

- E qual é?

- Posso deixar teu cartão com a minha prima que é amiga dela? Para caso algo aconteça? Só confio em você para cuidar do meu amor

- Ui "meu amor" mas claro que pode, apesar de eu estar de licença, jamais me recusaria a ajudar.

- Obrigada irmão, e você sabe que sou apaixonado nela, já te disse.

- Mas você não disse que ela nem te deu bola?

- Eita, meu vôo tá sendo anunciado, não posso perder mais esse. Depois nós nos falamos. Beijo na bunda.

- Espera, Eric, como eu vo...

Desgraçado desligou na minha cara. Como eu vou saber de quem se trata? Várias pessoas me ligam por dia. Só o Eric mesmo.

Lembro que a mamãe tem comprimidos para dormir. Acho na gaveta do armário da cozinha. Tomo e vou deitar, só assim para eu conseguir dormir. Depois de alguns segundos eu apago. Milagroso.

***

Thaís

Quando retomo a consciência, estou sentada e tomando soro na veia. Sinto um pouco de dor de cabeça, mas já estou bem melhor. A dor foi embora. Graças.

- Aí, ainda bem que você acordou. - Dani diz ao meu lado, me dando um susto. - Desculpa, não queria te assustar. Como você tá se sentindo?

- Só com um pouco de dor de cabeça, mas já já passa. Já sabe o que eu tive?

- Pelo que eu ouvi, nada grave. Só esperar o soro acabar que nós já podemos ir.

O soro acabou e eu fui liberada. O sono chegou quando estávamos voltando para casa e eu me entreguei. Dani só vai ter um pouco de trabalho para me colocar na cama, já que os outros estão dormindo, mas isso não é problema meu. rs

Uma semana se passou desde que eu passei mal, não vi mais o dito cujo, passamos essa tarde no "centro" comprando umas coisinhas. À noite chegou e os meninos inventaram de comprar baboseiras e assistir filme, mas eu estava com tanto sono, por causa das medicações que estou tomando, que me retirei e fui dormir.

Acordo meio atordoada e, como eu imaginei, já estou minha cama. Dani é um anjo. Mas um zumbido me tira dos meus devaneios. Pego a porcaria do celular que não para de tocar, devia existir uma lei que proibisse acordar os outros de madrugada. Que saco.

- Alô!? - falo com a voz rouca de sono.

- Thaís? Cê precisa me ajudar, eu tô com muito medo e ninguém me atende. Eu já não sabia pra quem ligar.

- Quem tá falando?

- É sério isso? - a voz do outro lado da linha perguntou.

- Ô, bonitinha, cê me acorda no meio da madrugada, joga um turbilhão de informações e ainda estressa quando eu pergunto quem é? Acordei sem olhar o identificador de chamadas, e não sou obrigada. Eu ein!

- Tá, tudo bem, calma. É a Vivian. Eu pre...

- Ah, então você só me liga quando precisa? Escuta aqui Vi...

- Para com isso, crápula. Você me dá repulsa - ela dizia, mas não era comigo.

- Vivian? Quem tá aí? O que tá acontecendo?

- Eu tô no trabalho, tem um homem nojento me enchendo e eu tô com medo. Já já meu horário de trabalho acaba e ele sabe disso. Meu carro tá na oficina e se eu for a pé, tenho medo do pode me acontecer. - ela suspira derrotada antes de continuar. - Desculpa te acordar. Não foi por mal, eu só não sabia mais pra quem ligar. Tchau.

Ela desliga antes que eu pudesse dizer algo. Se algo a acontecer, eu não vou me perdoar nunca. Merda.

Troco de roupa, pego as chaves do carro e vou em direção ao trabalho dela. Quando eu estou chegando, ela já está saindo, de cabeça baixa, e vejo um homem a seguindo. Af, homens desse tipo... Não vou falar nada para não perder a compostura.

- Ei, V!? - ela me olha assustada e ele recua. - Entra aqui.

Ela me olha sem entender nada porque eu não disse que vinha, mas abre um sorriso e entra no carro.

- Graças a Deus. Muito obrigada, obrigada, obrigada, obrigada. - ela me dá um abraço inesperado e eu fico sem reação. - Você é um anjo mesmo.

- Não é pra tanto, né!?

- Lógico que é. Cê salvou a mi... - o celular dela toca e ela atende. - Oi amiga!?... Não, agora tá tudo bem. Eu tô indo de carro com outra amiga minha. Amiga não, tá mais pra anjo... Uhm... Tá bom, me espera aí, já já eu chego. Beijo.

Vivian é um sarro. Tinha esquecido como é esse jeito dela. Numa hora estamos brigadas e na outra ela está fazendo palhaçada pra eu rir. No caminho nós conversamos normal, coisas do dia a dia. Não tocamos no assunto "afastamento" porquê ainda não é hora. A deixo em casa e a amiga que estava esperando-a em casa, é o meu pesadelo. Júlia. Acho que a Vivian não sabe ou está se fazendo de doida, como sempre, mas me obrigou a descer do carro e me apresentou a dita cuja. Eu travo na hora de falar com ela, encaro a sua barriga e só de pensar que ali já teve um filho dele... O dia já começou bem.

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Oi povo bonito, vcs já devem ter percebido que somos esquecidas, então se chegar o dia de postar e vcs verem que estamos demorando, pode cobrar nos comentários, viu? kkk

não esqueçam de votar e comentar
xoxo 💜

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