Acaso ou destino? - Cap 40

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Murilo

- Puta que pariu. - falei baixo, ao ver a cena em minha frente

Impossível

Eu pisquei, fechei e abri os olhos duas vezes, depois limpei para ter certeza. Isso não podia estar acontecendo, não é possível.

- Não são as melhores condições, mas agora vocês se conhecem, Thaís, Murilo, Murilo, Thaís. - ele nos apresentou, mesmo com ela descordada

como se a gente não se conhecesse

Eu estava paralisado na porta do quarto, completamente sem reação, quando o filho da puta se aproximou da cama e deu um selinho nela, como eu queria voar e dar um murro na cara dele. Mas eu não podia fazer nada, ela não era minha, não ainda, e Eric não podia sonhar com o que estava acontecendo.

A mulher de quem Eric tanto falava, era Thaís, a minha Thaís, que merda, tanta gente nesse mundo e ele se apaixona logo por ela? Se bem que quem não se apaixona né?
Esse tempo todo eu com pensamentos horríveis sobre ela, e na verdade ela estava doente, eu sou um imbecil.

Ela podia ter morrido

Eu a larguei lá, não a deixei explicar, e não era nada do que eu estava pensando, a abandonei e julguei no pior momento, como pude? Eu não posso continuar na medicina, que péssimo profissional eu sou, eu não mereço meu diploma.
Olhei para a pulseira em meu braço, presente de natal e senti uma lágrima queimar minha bochecha.

Se ela sair dessa, nunca irá me perdoar. Mas farei de tudo para que fique bem.

- Veja como está fraca, meu coração se parte em pedaços vendo ela nesse estado, mas ela vai melhorar, ela precisa ficar bem. - ele realmente está apaixonado

Ele olhou pra mim e viu que eu não tinha resposta

- Se aproxime. - disse tranquilo

Dei poucos passos, o suficiente para ver que estava bem pálida, sua boca quase sem cor, seus cabelos não brilhavam como nos outros dias, agora ela estava vestida, mas seu corpo escultural ainda marcava cada peça de roupa.

- Com licença. - uma voz conhecida disse ao entrar no quarto

Olhei para trás e reconheci na hora, era Silvia, a mãe de Thaís. Ela ignorou nossa presença e foi até a filha, se debruçando sobre o corpo dela.

- Não acredito que ela nunca me disse nada. - ela disse entre soluços

- Thaís sempre gostou de guardar seus problemas consigo. - falei, atraindo a atenção de Silvia, que só aí notou minha presença.

- Como? - Eric perguntou

- Espera, Murilo? Não pode ser.

- Sou eu sim, dona Silvia.

Ela veio até mim e me deu um abraço, me surpreendendo, se ela soubesse o que aconteceu horas atrás, com certeza me chutaria do quarto.

- Como você está diferente, mais bonito, minha filha já te viu?

- Espera, vocês se conhecem? - Eric perguntou

- Sim, Dr. Eric, Murilo ela um pirralho quando vínhamos passar os verões aqui, agora veja, já é um homem, e vai te ajudar a cuidar da minha filha, né? - perguntou

- Claro, farei tudo que puder para que ela fique bem. - falei

Ela deu um sorriso fraco e voltou até onde a filha estava. Eric precisou sair e eu disse que ficaria ali enquanto ele não voltasse.

Batidas soaram na porta e Antonny entrou.

- Vim para avaliar o caso dela, Filho, onde está o prontuário? Preciso primeiro saber o nome da paciente. - disse ele

- Olha pra ela que você vai saber. - falei

Ele me olhou sem entender, e depois olhou para Thaís, e sua expressão foi de tranquilo para preocupado na hora.

- Thaís? - perguntou

- O senhor conhece minha filha? - silvia perguntou

- É... - ele olhou pra mim sem saber o que dizer, mas eu sabia menos ainda - Ela e os amigos estavam na casa ao lado da nossa, e ela conhece Murilo, né? São... amigos. - disse, por fim

- Somos amigos. - falei

- Ela é a famosa paixão do Eric? - Antonny perguntou

- Sim, aquele menino é apaixonado na minha filha, e acredito que tenha caído do céu pois faz de tudo por ela.

Ok, eu estava com ciúmes.

- Dr. Casthellani, podemos conversar lá fora? - Antonny perguntou

pedimos licença e saímos do quarto, encontrando com a minha mãe lá fora, eu estava ferrado.

- Já sabe de qual enrascada eu estava falando né? - minha mãe perguntou

- Sim, eu já sei, e minha vontade é me jogar da ponte.

- Eric nem sonha com isso, né? - Antonny perguntou

- Não, e nem pode imaginar, isso acabaria com tudo.

- Inclusive, colocaria mais em risco a saúde de Thaís, ela não pode passar nervoso. - Antonny disse

- E o que eu faço? - perguntei

- Se afaste do caso, deixe que cuidamos dela, assim vocês não correm riscos.

- Mãe, eu não vou deixar a Thaís sozinha.

- Você já deixou uma vez, quando a julgou sem saber o que estava acontecendo. - as palavras dela, me cortaram no meio.

- Sim, e não posso cometer o erro duas vezes.

- Ele tem razão, Fatima, e talvez, se Thaís tiver a companhia dele possa até dar uma melhorada.

- Eu ainda não sei. - ela disse

- Confia em mim, mãe, Antonny tem razão, e serei discreto.

- Ok, mas saiba que não estou totalmente de acordo e se acontecer alguma coisa, é responsabilidade sua.

- Tudo bem.

Ela saiu e deixou eu e Antonny ali.

- Valeu, pai. - dei um abraço nele.

- Eu estou aqui por você, filho. Agora vá ficar um pouco com ela. - deu um tapa leve nas minhas costas e saiu.

Entrei novamente no quarto, e Silvia pareceu feliz em me ver.

- É bom ter rostos conhecidos por perto. - ela disse.

Sorri pra ela, sem saber o que dizer.

- Vocês estavam juntos, né? - ela perguntou

- Bom... - ela me interrompeu

- Não precisa explicar, posso ver nos seus olhos a preocupação com ela, e ela estava feliz, não queria voltar pra cidade... Sabia que tinha reencontrado alguém.

Não pude conter as lágrimas, e elas queimaram minhas bochechas

- Ela estava tão feliz, estávamos bem... Fui um idiota de não perceber antes. - falei limpando as lágrimas

- Ela sempre foi boa em esconder as coisas, não se culpe. Tenho certeza que voltarão a ficar juntos.

Afirmei com a cabeça, sem conseguir impedir que mais lágrimas viessem.

- Seu amigo, Eric, não sabe de vocês, né?

- Ele me disse que estava apaixonado, nunca me disse que era ela. - contei

- É, então você está em uma enrascada. - disse ela

Eu realmente estava muito encrencado.

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