Desejo reprimido - Cap 42

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"I keep craving, craving
You don't know it, but it's true
Can't get my mouth to say the words
They wanna say to you - imagination"
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| Murilo |

Já se passou uma semana desde que Thaís havia me pedido para desistir de nós, e eu fiz isso? Claro que não, jamais. Mas estou dando um tempo pra ela, não é o momento de insistir em uma relação, ela está mal e precisa se recuperar, inclusive, o caso dela piorou, as hemodiálises já não estavam sendo o suficiente e estamos ficando sem saída.
Antonny sugeriu que fosse feito o transplante, mas ninguém era compatível, ela não sabia, mas já estávamos começando a entrar em desespero.

– Como se sente? – perguntei ao entrar no quarto.

– Não precisa me tratar com essa frieza toda. –disse ela, me deixando confuso.

– Não entendi. - falei conferindo os aparelhos
– Esquece. – ela disse e virou para o outro lado

– Eu ainda preciso saber como você está se sentindo. – falei

– O mesmo de sempre, dor, se puder me sedar e me deixar dormindo até o dia da minha morte, eu agradeço. – ela disse, me deixando assustado

Respirei fundo, ela estava impaciente de ficar naquele quarto e eu já havia percebido, por isso esse mau humor todo, mas eu preciso dar apoio, então preciso ter paciência e entender.

– Você não vai morrer, Melchior.

– Você não pode prever o futuro, Casthellani.

– Mas posso cuidar da sua saúde e te ajudar a melhorar.

Ela bufou, e eu ri, sabia que não estava sendo rabugenta de propósito.

– Você não vai conseguir me tirar do sério. 1x0 pra mim, mocinha.

Ouvimos batidas na porta, e logo Eric passou por ela, mais uma vez interrompendo tudo. E não, ele ainda não sabe de nada.

- Bom dia, meu amor. Como você está hoje? - Eric perguntou à Thaís.

Thaís me olhou e deu um risada com um leve tom de deboche, já sabendo que eu odiei o fato dele ter chamado ela de "meu amor"

– Estou bem, Dr Eric.

Ele olhou pra ela e ela ficou sem entender.

– Que foi, menino? – perguntou, mais uma vez super delicada.

– Outras pessoas me chamando de "Dr Eric" é normal, mas você dizendo é tão... - ele não soube completar a frase, então resolvi ajudar.

– É tão normal ué, você não é Doutor? Ou virou açougueiro e eu não tô sabendo?

Thaís colocou a mão na boca segurando o riso.

– Me erra. – ele disse.

Eu ri e saí do quarto, ficar ali não ia ajudar em nada mesmo. Subi para minha sala, hoje meu dia vai ser totalmente focado nela, em encontrar uma solução, ou eu não me perdoaria nunca nessa vida.


Thaís

Uma semana sem ter nenhum contato físico com Murilo, difícil? óbvio. Mas quando eu não estiver mais aqui, vai ser mais fácil pra ele se acostumar, eu acho.
Depois que ele saiu do quarto, Eric passou o dia inteiro enchendo a porra do meu saco, e eu já estava sem paciência. Tudo bem que ele é uma ótima pessoa e blá blá blá... Mas eu odeio que fiquem o tempo todo me cuidando e no meu pé, que saco, me sufoca muito.

Nesse momento ele estava falando alguma coisa sobre a mãe dele, mas eu estava tão longe que nem prestei atenção.

– O que você acha? - ele perguntou

– Da sua mãe, né? Não sei, você que sabe.

– Thaís, faz horas que falamos sobre minha mãe. Eu estava falando de outra coisa. - disse ele

cansei

– Eric, perdoa minha indelicadeza, mas acho que os remédios me deram sono e eu tô querendo muito dormir.

– Perdão, eu não percebi. Vou te deixar sozinha, qualquer coisa me chama. - ele disse já se levantando

– Obrigada, pode deixar que eu chamo.

Ele saiu e eu quase dei um glória a Deus.
Já era por volta das sete da noite, e a única vez que vi o Murilo hoje, foi de manhã quando ele veio aqui. Resolvi dormir para não fazer merda e cair na tentação de chamar ele aqui.

Abri os olhos com dificuldade, ainda estava com muito sono e meus olhos estavam pesados, mas fiz um esforço para mantê-los abertos.
Comecei a pensar na minha vida e em tudo que já vivi, mas acabei pensando nele...
Olhei para o bip, que é o aparelho que apertam caso eu tenha alguma emergência. Se eu apertasse, Murilo viria correndo até mim, achando que aconteceu alguma coisa, seria muita maldade apertar?

Dane-se, eu vou morrer mesmo, e só se vive uma vez.

Não.

Olhei de novo.

– Será? - pensei alto

Estava ainda no dilema se apertava ou não, mas fui interrompida.

– Boa noite senhorita, precisa de algo? - uma enfermeira disse ao entrar no quarto, me assustando.

– hã... não, é, tá tudo bem, obrigada. - falei

– A senhorita estava com a mão no bip, tem certeza que não quer nada? está sentindo alguma coisa? - perguntou

– Estava só olhando, nem prestava atenção nele - acabei rindo - Mas estou bem sim, obrigada.

– Tudo bem, qualquer coisa pode bipar o Doutor.

Agradeci mais uma vez e ela saiu, eu amo as enfermeiras desse hospital, são todas muito simpáticas.

Bom, ela disse que se eu precisasse de algo, poderia bipar o Doutor, eu estou precisando sim, só não disse do que.


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Eu não sumi e deixei vcs sem capítulo como se nada tivesse acontecido não, né? 😗✌🏻

quarentena fazendo milagres e me forçando voltar a escrever kkkkk

Mais uma coisa, estão se cuidando e passando álcool em gel direitinho? Lembrando que quarentena n é férias, fiquem dentro de casa e evitem ao máximo sair, quero que todos fiquem bem ❤️

e não esqueçam de votar e comentar se querem que eu continue postando hihi

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