Uma batalha perdida - Cap 41

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Murilo

Saí do quarto quando o pai de Thaís chegou e deixei os dois sozinhos com ela.
No outro dia, fui cedo para o hospital, não consegui dormir direito, passei no quarto dela, e lá estava Eric, alisando a mão dela, e ela ainda desacordada por conta dos medicamentos.
Fui até o terraço do hospital, precisava ficar um pouco sozinho, e mais uma vez nesse dia, perdi a noção do tempo. Percebi que estava há tempo demais ali quando meu estômago começou a roncar, e fui obrigado a descer e ir até a lanchonete do hospital.

Pedi um sanduíche natural e um suco, e comia sem conseguir pensar em nada. Estava muito distraído, o suficiente para não notar a presença de Dani na mesa.

- Murilo! - chamou, me trazendo de volta para o mundo real.

- Oi, Dani, foi mal. Tudo bem com a Thaís?

- Eu quero saber o que aconteceu, por que você não estava lá quando chegamos?

Por uns instantes, um filme daquela manhã passou pela minha cabeça.

- Ela acordou meio pálida, me disse que estava com fome e vontade de comer geleia, eu fui até o mercado buscar, mas quando cheguei, pensei que ela estava drogada, não dei a chance de explicar... e a larguei lá.

- Você sabe que eu estou com ódio de você agora, né? - perguntou

- Sim, não esperaria outra coisa, até eu estou. Só queria ter a chance de pedir perdão.

- Se realmente está arrependido, a hora é agora, ela acordou.

Não ouvi o resto da frase, saí correndo em direção ao quarto, mas ao chegar, como já era previsto, Let e Luan estavam lá, achei melhor não atrapalhar. Esperei um bom tempo lá fora até eles saírem, acabei me distraindo, e quando os vi lá fora, Silvia já havia entrado no quarto, e pelo jeito, teria que voltar outra hora.
Passei pela porta e olhei pela janelinha, e Silvia acabou me vendo, pedi perdão e ia sair, quando ela abriu a porta e disse:

- Acho que ela vai gostar de te ver. - falou e saiu, apontando para eu entrar.

Entrei e fechei a porta. Ela estava descansando, com os olhos fechados, e até pensei em sair, mas ficar ali me parecia uma opção melhor.

Cheguei mais perto da cama, ela ainda usava o pingente, e mesmo nesse estado, estava tão linda. Que vontade de envolvê-la em meus braços e proteger de todo mal desse mundo.

- Eu trocaria de lugar com você sem pensar duas vezes. - falei baixinho, mais pra mim que pra ela.

Mas ela provavelmente ouviu, sua cabeça que estava virada para o outro lado, se virou para minha direção, deu um sorriso quase imperceptível, e foi abrindo os olhos aos poucos.

- Que bom que veio. - disse baixinho, com a voz rouca, quase falhando.

- Eu nunca devia ter te deixado lá, me perdoa, devia ter te escutado.

- Tá tudo bem, não se preocupe. - ela disse, olhando pra mim com carinho.

Essa mulher é um anjo.

- Por que nunca me disse nada? Eu teria te ajudado, você pode confiar em mim.

- Não queria te preocupar. - pegou na minha mão

- Eu estou aqui pra você e por você, você vai ficar bem, eu prometo.

Ela deu um sorriso fraco, eu me aproximei e beijei a testa dela.

Ouvi batidas na porta e nos separamos imediatamente. Eric.

- Ouvi dizer que você acordou, então vim correndo ver como estava. - disse passando pela porta

- Andrews? - Thaís perguntou

- Por que você está chamando ele assim? - perguntei

- Pra falar a verdade, nem sei seu primeiro nome. - Thaís disse, ainda com a voz fraca.

- Verdade, quando fui ao seu escritório, disse a sua secretária meu sobrenome, já sabia que se dissesse "Eric" você não me atenderia.

- Você foi ao escritório dela? - perguntei

- Ué, Murilo, tá bebo? Eu levei ela no cinema aquele dia, lembra? Até te mandei foto.

Eu sabia, sabia que aquela mulher da foto parecia muito com Thaís, mas pensei que fosse coincidência.

- Thaís, então você teve um passeio romântico com meu amigo "Andrews"? - fiz aspas com as mãos

- Não foi um passeio romântico, só fomos ao cinema. - ela disse fazendo pouco caso.

- Ah, para, foi romântico sim, principalmente quando você dormiu no meu ombro. - Eric disse, todo convencido.

Olhei para Thaís incrédulo.

- É, mas eu dormi porque o filme era muito chato. - sorriu fraco

é tão horrível vê-la assim, tão pra baixo, fraquinha.

- Mas ficou tão fofa dormindo, a gente tem que marcar mais vezes. - ele disse, e eu senti meu sangue ferver.

- Acho que se ela quisesse sair já teria dito. - falei baixo

Thaís ouviu e olhou pra mim com um olhar de reprovação. Mas Eric estava tão entretido com ela que nem deve ter percebido.

- Como? - ele perguntou

- Nada não. Como se sente, Thaís? - falei desviando do assunto

- Péssima, você deveria saber, doutor. - até doente ela não perde uma oportunidade

- Murilo, acho que você tá sobrando. - Eric disse

- Oi? - eu e Thaís perguntamos em uníssono

- Acho que nós precisamos de um tempo a sós. - ele disse, que idiota.

Vagabundo, ordinário, imundo, vou matar esse canalha. Saí e bati a porta, foi involuntário, espero que ele não tenha percebido.

As horas se passaram, tive que arrastar o Eric bobão para decidir como seguiríamos com o tratamento da Thaís, e passamos o resto da tarde analisando o caso.
Eu queria dar mais uma passada no quarto dela, mas aquele inútil não saía de lá.

- Finalmente ele foi embora. - eu disse, ao entrar no quarto.

- Você sabe que vamos precisar conversar sobre isso, né? - ela disse

- O que exatamente?

- Não é certo mentir pra ele, e vocês podem acabar brigando, não quero isso.

- Não vamos brigar, e ele precisa entender que eu cheguei primeiro.

- A questão não é essa, andei pensando... Acho melhor a gente se afastar, por ele, e por vocês.

- Tá brincando, né? Só pode.

- Ele é seu melhor amigo, não é certo o que estamos fazendo.

- E você é a mulher da minha vida, se ele gosta de você, o problema é dele.

- Será mesmo que eu sou a mulher da sua vida? Tem certeza?

- Por que está perguntando isso?

- Porque se eu realmente fosse, se você se importasse comigo, jamais teria me largado sozinha aquele dia.

- Thaís, se eu soubesse... tudo bem, não tem  justificativa pra isso, mas não é por isso que eu não te amo.

- Murilo... Olha pra mim. - disse em um tom mais triste que antes

Olhei e deixei ela continuar.

- Eu e você sabemos onde isso vai dar... foi bom tudo que vivemos até aqui, mas se nos separarmos agora, quando eu partir, será menos doloroso.


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gente do céu, eu tô completamente perdida com os dias da semana, foi mal por não ter postado ontem, na minha cabeça ontem era domingo KKKKK

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