Thaís
Eu estava muito bem deitada no sofá, passando de canal em canal, com um total 0 de disposição. Minha única vontade era fazer parte dos móveis, de tanto tédio e preguiça que eu estava. As meninas saíram e eu preferi ficar em casa, depois de muito discutir com Letícia e dizer que estava indisposta. Hoje quero ficar na minha, pra colocar as ideias no lugar.
Me levanto pra fazer pipoca, pra acompanhar meu bom filme. Quando pego o pacote de milho, a campainha toca. Era só o que me faltava. Vou abrir a porta e me assusto com o furacão que entra soltando as palavras em mim.
- Oi, Thaís, desculpa incomodar, mas eu preciso de um favorzinho seu e não aceito não como resposta. Sério? Muito obrigada, sabia que você podia me ajudar. - e saí, sem nem me deixar abrir a boca. essa garota é doida.
Termino de preparar a pipoca e vou assistir o filme. Olho para o lado e penso em como seria melhor se eu tivesse certa pessoa do meu lado. Eu estaria muito melhor em seus braços, recebendo um bom cafuné, e sentindo aquele cheiro que só ele tem. Não, não seria não. Você não pode, Thaís. Na verdade, ele não pode. Aí, tá bom. Parei.
Pausei o filme e fui tomar um banho gelado pra espantar esses pensamentos. Passo um bom tempo lá, e quando termino, visto um short confortável, uma regatinha azul e calço meu chinelo. Meu telefone começa a tocar e vejo que é Júlia, irmã de Murilo. Ótimo, tudo me faz lembrar dele.
~ ligação on~- Thaís? Então, eu vou sair pra jantar com o Luan e preciso de uma ajudinha com o Zé. Será que cê pode só dar uma olhada nele? Ele tá com a minha mãe, e sabe como é, né!? Não para quieto e a minha mãe não tem pique. É só passar lá mais tarde e ver se ela precisa de ajuda. Tá!? Obrigadinha, tchau. - e desliga na minha cara sem me deixar falar, de novo. Ô mania feia.
~ ligação off~Bom, se ela disse que é só mais tarde, então eu só vou mais tarde dar uma olhadinha nele, afinal, não quero esbarrar com certas pessoas.
Murilo
O grande favor da Júlia é me fazer de babá do Zé hoje porque vai sair com o senhor Luan. Mereço. Em plena sexta c esse pingo de gente, mas ele é bem arteiro e esperto, então eu me divirto demais com ele.
- Titiooo!? - lá vem.
- Oi, Zé, tô na sala.
- Achei voxeee. - ele fala pulando em mim de uma vez. - Quero jogar. Vamu, vamu, vamuuu.
- Aí, tá bom. Vamos buscar o vídeo game.
Estávamos entretidos no jogo, eu estava deixando ele ganhar, obviamente.
- Ihh, perdeu xinovo. Que ruim, titio.
- Você joga demais, garotão. - falo bagunçando os cabelos dele.
- Eu já vou indo. - diz Júlia entrando na sala. - Não deixe ele dormir tarde, entendeu, senhor Murilo?
- Sim, senhora, mãe. - levanto as mãos em rendição e o José cai na risada.
- Besta. - ela se aproxima de José e dá um beijo na bochecha. - Tchau, amor, mamãe volta já.
- Tudo bem, mamain, eu tô dando uma surra no tio "Muliro".
Ela cai na risada e vem até a mim.
- Tchau, manzinho. Cuida direito do meu nenê. - me dá um beijo na bochecha e saí.
- Então quer dizer que você tá se achando? Vamos ver quem é o melhor agora.
Jogamos mais umas partidas e eu comecei a ganhar todas pra fazer hora com ele, mas ele emburrou e começou a chorar sem parar e nada do que eu fizesse, o fazia parar. Estou desesperado.
- Ei, titio, vem aqui. Não chora. Me conta o que houve. - tento me aproximar dele, mas ele dá um grito e volta a chorar. Não sei mais o que fazer.
- Ô, príncipe, o que aconteceu? - uma voz feminina invade o local. nem preciso olha pra saber de quem é. sua voz é inconfundível.
Eu travo no lugar em que estou. Me arrepio só de escutar sua voz. Às vezes eu odeio o jeito que ela mexe comigo. E agora com tudo o que está acontecendo, minha única vontade é de prendê-la na parede e beijá-la, até ela parar com essa birra toda. Ela o pega no colo, senta no sofá com ele e o aninha em seu peito. Ele soluça algumas vezes e, simplesmente, para de chorar. Eu até entendo, nos braços dela mulher qualquer um se acalma. Digo… É, parou, Murilo. Que droga!
- O que aconteceu?
- titio é mau. - faz cara de bravo.
- O que ele fez?
- Não me deixou ganhar no jogo. É mau.
- Quer que eu jogue com você?
- Xiiiim! - ele fala pulando do colo dela e a abraçando.
- O que está fazendo aqui? - fui meio grosso, mas eu não entendi o motivo dela estar aqui.
- Não está vendo? Acalmando seu sobrinho. - diz seca e me olha com indiferença. essa doeu. vou entrar no seu jogo.
- Eu não te chamei e não preciso de sua ajuda.
- Não me importo. Estou aqui ajudando o José, se você está incomodado, a porta é bem ali. - fala apontando para trás.
Mas que mulher, viu!? Quando quer ser chata passa de todos os limites. Inferno.
- Aliás, você tem razão, né!? Sobrinho é seu, o deixaram em sua responsabilidade. Tchau. - ela passa por mim que nem um furacão e o José abre o berro de novo.
- Não, não. - seguro seu braço, fazendo-a parar. - Me ajuda com ele. Ele gosta de você. - não só ele, Melchior.
- Agora você precisa da minha ajuda!? - faz cara de sinica.
- Olha, ajuda se quiser, mas ele não vai parar de chorar comigo. Que saco.
Saio em direção a cozinha, irritado. Ela se afasta do nada, de novo, é indiferente comigo e ainda fica de joguinho. Grrrrrrrrrrrrrr.
Volto da cozinha depois de ter esfriado a cabeça e José me chama com aquela mãozinha pequena e fofa.
- Vem cá, titio. - bate duas vezes no lugar ao seu lado.
Quando eu me sento, ele se encolhe mais e me faz chegar bem perto da Thaís. Sinto seu cheiro inebriante e fecho os olhos, mas logo os abro. Não posso dar cartaz.
- Quelo ficar juntinho de vocês. - ele pega nossas mãos e coloca uma em cima da outra em seu colo.
Mas será possível, até ele!?
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Último verão
RomanceTHARILO Thaís e Alex tinham a vida perfeita (para quem visse de fora). Ótimos empregos e alto padrão de vida, mas um ou dois fatos inusitados fariam com que aquele castelo encantando estivesse prestes a ruir. Os amigos de Thaís ao saberem da metade...