Me perdoa? - cap 12

1K 97 66
                                    

Thaís

Eu e Murilo nos despedimos e eu fui pra casa, evitei de olhar para trás. Entrei em casa e corri para o quarto, precisava tomar um banho gelado para ver se eu melhorava do mal estar. 

Acordei de madrugada com fome, peguei meu celular e olhei o horário, isso são horas de me dar fome? Joguei ele em cima da cama e olhei pela janela involuntariamente, acabei vendo Murilo andando pelo quarto, ele estava sem camisa e com os cabelos molhados, provavelmente tinha saído do banho. Ele andava de um lado para o outro esfregando as mãos pelo rosto e pelo cabelo, parecia preocupado, mas meu estômago me impediu de ficar por muito tempo ali, tive que descer para comer.

- Bom dia, já pode ir levantando, temos muita coisa pra fazer hoje. - disse Letícia

Olhei em volta e vi que estava no sofá, eu dormi aqui?

- Tha, por que você dormiu na sala? - Dani perguntou

- Verdade, aconteceu alguma coisa?

- Eu vim comer, acordei de madrugada com fome, e acho que resolvi ficar por aqui.

- Então vai se arrumar, já estamos prontos, só falta tomar o café, mas vamos te esperar. - disse Dani

- Hum, ok. Já desço.

Em menos de vinte minutos eu estava pronta, coloquei um biquíni preto, meu favorito, short e camisa branca, peguei tudo que eu precisava e desci.

Tomamos café e nos encontramos com Júlia e Murilo. Não trocamos nenhuma palavra até chegarmos no ponto de encontro com os guias e as outras pessoas que fariam o passeio.

- Cê tá melhor? - perguntou quando parou ao meu lado

- Sim, e você?

- Eu?

- Sem querer eu te vi pela janela, de madrugada, você parecia preocupado, meio tenso.

- Ah, não era nada, já resolvi.

Concordei com a cabeça e o guia começou a falar e explicar como será o passeio, e pelo que entendi, iríamos de buggy até as piscinas de Atenas, que é a primeira parada.

Como só cabiam quatro no buggy, Júlia e Luan foram em outro com um casal. Murilo foi no banco ao lado do motorista e nós três atrás.

- Pode por emoção nisso, motô. - disse Let

- Deixa comigo, dona.

Iniciamos o passeio e o motorista realmente levou a sério o pedido de Letícia, espero terminar o dia viva. Chegando lá, descemos para curtir as piscinas naturais antes de continuar o percurso. Logo depois tivemos que escolher duas modalidades da mesma trilha, Júlia explicou que a primeira era curta e foi a que eu escolhi explorar. Como a maré estava baixa, consegui juntar aventura e descanso, já que podíamos flutuar com snorkel, conhecendo melhor a vida marinha. Na segunda modalidade, a trilha era maior e mais arriscada, pensei que cansaria muito fácil, apesar de me garantirem que valia a pena, desisti logo de cara.

Durante a trilha, conversamos sobre diversos assuntos, pela primeira vez em dias, me senti inteiramente feliz.

Assim que chegamos, meu peito quase foi parar no chão. Era uma parte de Danver que eu não conhecia, e era magnífico, a água era mais que cristalina, revelando tudo que havia lá embaixo, vários peixes coloridos, polvos, tartarugas e muitos outros animaizinhos. Era simplesmente maravilhoso.
Pegamos tudo que era necessário com os guias e boiamos nas águas cristalinas, coisa que eu nunca vi igual.

Apesar eu estar adorando, achei melhor voltar, comecei a me sentir indisposta, até porque o passeio não acabava aqui e poderia ser cansativo e dolorido, graças a minha ótima saúde. Só não sabia como eu faria pra voltar.

- Thaís, você tá legal? Não está gostando? - Murilo perguntou

- Amando… Só estou cansada, talvez pelo sol forte.

- Creio que sim, desde pequena você não pode ficar muito no sol.

Apertou minha mão e me puxou para um abraço, me surpreendendo. Seu abraço mudou tudo, me fez ter a vontade de viver, que eu havia perdido desde que saí daquele consultório. Eu estava com o mundo em meus braços, e falando em braços, esses braços dele… Deus me perdoe, nunca fui santa, mas esse homem é o próprio pecado.

- Quer voltar? Podemos falar com o motorista que trouxe a gente, o pessoal volta tudo em um buggy só, estão em quatro mesmo.

- Você leu meu pensamento.

Avisamos o pessoal, e como se tratava de nós dois voltando sozinhos para casal, ninguém achou ruim, inclusive quase nos expulsaram. Super simpáticos, graças à Deus.

Murilo pegou uma das flores que encontrou no caminho de volta até o buggy e colocou atrás da minha orelha e se aproximou, senti meu coração pular fora do peito.

- Meninos, já querem voltar? - o motorista do buggy perguntou

- Ahm, sim, podemos? - perguntei

- Claro, subam aí.

Murilo me ajudou a subir e começamos o trajeto de volta pra casa, viemos falando sobre nossa adolescência e os verões que eu passei aqui, apenas as coisas boas, acho que podemos ser amigos de novo, apenas amigos.

- Queria entender quem gosta de sorvete de chocomenta. - disse

- Eu queria entender quem não gosta, é a combinação perfeita.

- Combinação perfeita é manga com creme.

- Você é doente? Onde já se viu misturar manga com creme?

- Você gosta de chocomenta, não pode dizer nada.

- Gosto é igual…

- Não precisa terminar, já sei, cada um tem o seu.

- Exato, boy.

Chegamos no ponto onde nos encontramos e agora teríamos que caminhar algumas quadras até em casa, maldita hora que esse povo resolveu vir pra cá a pé. 

- Vai fazer o que hoje à noite? - perguntou enquanto caminhávamos

- Não sei, tem alguma dica?

- Hoje não tem nada empolgante, mas tem a feira, lembra? Ainda vendem aqueles pastéis que você adorava.

- Então já tenho compromisso para essa noite. Você vai?

- Não sei, tem uma pessoa que vai estar lá e eu não gosto muito dela.

- Ah, é? Quem é?

- É uma baixinha, tem olho verde, cabelo médio meio castanho, é linda, pena que é chata, ah, quase me esqueço, tem seu sobrenome. Conhece?

- Acho que sei quem é, uma tal de Thaís Melchior?

- Essa mesma.

- Te entendo, também não vou muito com a cara dela, ela tem um amigo chato, e eu também não gosto dele.

- Que amigo é esse?

- Um bem alto, moreno, forte, olhos castanhos, bem atraente por sinal, pena que é idiota.

- Ah, então eu sou idiota?

- Se eu sou chata, teoricamente sim.

- Tá bom, dona Melchior, vou lembrar disso.

- Bobão.

- Ridícula.

- Você me perdoa? - perguntei

- Só se voltarmos a ser como nos velhos tempos.

- Fechado, como nos velhos tempos.

Último verão Onde histórias criam vida. Descubra agora