ThaísAcordei sentindo um desespero enorme, há dias não sinto isso, e já sei o que está acontecendo. Há dois dias atrás, no natal, senti algo parecido mas passou, e como sou sortuda, deve estar voltando.
Sentei na cama tentando respirar, o sol já havia nascido, devia ser por volta das sete e meia.Era uma crise
- Thaís? Tudo bem? - Murilo perguntou, me assustando, não vi que estava acordado.
Dei um sorriso meio forçado e concordei com a cabeça, precisava passar segurança.
preciso pensar em algo rápido
- Você está meio abatida, está se sentindo bem? - perguntou
- Acordei com fome, o que tem para o café? - perguntei, seria a desculpa ideal, estávamos na casa nova dele e provavelmente não teria nada na geladeira, ele teria que buscar e essa seria minha chance.
- Deu sorte, um dia antes do natal eu fui as compras e abasteci a cozinha. Vamos descer? - perguntou
- Claro, acontece que... Tem geleia de amendoim? Acordei com desejo. - na verdade eu odiava geleia de amendoim e sabia que ele não era muito fã, o que era bom, porquê provavelmente não teria comprado
- Hã... não, pensei que você não gostasse.
- Aprendi a gostar nos últimos anos, tem algum mercado aqui perto? Você podia buscar pra mim né? - perguntei, fazendo um carinho e dando uns beijos rápidos nele para convencer mais rápido
precisava ser rápido, estava começando a piorar
- Por que eu faria isso? - perguntou brincando
- Porque você me adora e se importa comigo, por favor, prometo que faço o café e deixo a mesa linda, mas preciso de um geleia...
- Tudo bem, já estou indo. Vou correr, senão você morre de desnutrição.
Assim que ele saiu, senti as lágrimas descendo dos meus olhos e encharcando o travesseiro, a dor de cabeça era tanta que fazia meu corpo inteiro doer, a náusea, ânsia de vômito, meu Deus? eu aguentaria?
Lembrei da mochila que trouxe pra cá, o que eu precisava para amenizar a situação e relaxar meu corpo, estava lá dentro. Com uma baita dificuldade, levantei da cama, e praticamente me rastejei até o banheiro. A mochila estava ao lado da banheira e com muita dificuldade cheguei até ela
Aviso a Dani ou não?
Não sabia se adiantaria, apesar de essa crise ser mais forte que as outras, eu faria o mesmo de sempre, aumentaria a dose das drogas, a onda de dor passaria e tudo voltaria ao normal, espero.
Estou me viciando cada vez mais, por isso a cada dia fica pior...
Praticamente nua, apenas com roupas íntimas, peguei a mochila e tentei voltar andando para o quarto, a procura da mesa de centro que havia ali, onde seria ideal para as aplicações, mas acabei caindo no chão e a mochila foi pra longe.
- CADÊ ELE? - uma mulher conhecida entrou com tudo no quarto, gritando, minha visão estava começando a embaçar, mas consegui lembrar quem era, a mulher das fotos, e depois da lanchonete
- Lisandr... - o resto da voz falho
- Eu vim matar você. - ela disse calmamente
Que ironia, pensei que morreria pela doença, não assassinada
- Como se eu precisasse de alguém para isso. - falei quase em sussurro
- Como é? - perguntou, claramente irritada.
Não consegui responder
- Você roubou ele de mim. - disse
juntei todas as minhas forças para pedir ajuda, tinha que funcionar
- Lisandra, a mochila... - tentei apontar com a cabeça
- Do que está falando? - perguntou confusa
- Me ajuda... eu suplico.
- QUEM PRECISA DE AJUDA SOU EU, PIRANHA.
Já mal conseguia enxergá-la
- Se vira, vou atrás de quem importa. - abriu a porta e saiu
Fiz toda força que conseguia para levantar e fui até a mochila, mas caí novamente e o jeito foi me arrastar até a mesa, não estava vendo direito, estava confusa. Peguei tudo que precisava com urgência e aumentei a dose, sabendo que era errado, mas era necessário se quisesse sobreviver.
Após fazer o que precisava, escorei as costas no pé da cama, esperando o alívio vir, mas dessa vez, não veio.Estava no meu limite e sabia que se não funcionasse, eu não aguentaria muito tempo.
Ouvi a porta da sala se abrindo e torci para que fosse qualquer pessoa que pudesse me ajudar.
- Trouxe geleia pra minha bebezinha desnutrida. - falou e veio em direção ao quarto
Graças a Deus, só de ouvir sua voz, senti uma ponta de alívio, mas não seria o suficiente para me manter viva se ele não me socorresse logo.
Ele parou na porta e olhou para a mesa, fez uma expressão estranha e depois olhou para mim, o que estava esperando para me ajudar? não via meu estado?
- Thaís, eu não posso acreditar.
olhei para a mesma direção que ele e entendi o porquê de seu espanto
- Não é o que está pensando. - falei com meu resto de voz
- DROGA, THAÍS, ISSO MATOU MEU AVÔ. - disse ele
- Me deixe explicar...
- Agora eu entendo o mau estar constante que vinha sentindo, como sou burro, merda, não mereço minha profissão. - saiu batendo a porta do quarto e me largando ali sozinha, sem uma chance de explicação.
Mas se houvesse uma chance de sobrevivência, estava no meu celular, passei minha mão sobre a mesa em busca dele, com a visão meio turva, tentei procurar o número de alguém, liguei para Dani, mas nada, tentei o Luan.
- Oi, tha. Tudo bem? - perguntou ao atender
- S-o-c-o-r-r-o. - falei pausadamente, sem forças.
- O que foi? Onde você está? Me diz que eu vou.
- No Murilo. - foi a última coisa que disse antes de apagar
Luan
Eu e as meninas corremos até onde ela estava, e o susto foi terrível, enrolei ela em um lençol, não tinha tempo de vesti-la. Colocamos ela no carro e corremos para o hospital, Letícia estava no volante, e Daniela atrás com ela, desacordada. Seu celular tocou e era seu pai, achei melhor atender e não esconder nada dele. Me disseram que tinham acabado de chegar na cidade, contei tudo e mudaram a rota, direto para o hospital, mas a minha maior dúvida, era onde Murilo estava e por quê não estava com ela?
_____________________
E aí, será que ela sobrevive? Comentem aí o que vcs acham e não deixem de deixar a estrelinha.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Último verão
RomanceTHARILO Thaís e Alex tinham a vida perfeita (para quem visse de fora). Ótimos empregos e alto padrão de vida, mas um ou dois fatos inusitados fariam com que aquele castelo encantando estivesse prestes a ruir. Os amigos de Thaís ao saberem da metade...