Cara de um, focinho do outro - cap 8

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Thaís

O momento é delicado, talvez só pra mim, porque as duas parecem bem confortáveis, não é possível que só eu esteja sentindo esse clima estranho. Estávamos ali sentadas no chão do quarto de Vivian, que inclusive continuava o mesmo, bem diferente do resto da casa que foi completamente redecorada.

- E você, Thaís? Que dizer que já esteve aqui? Me conta mais sobre isso - Júlia falou parecendo inocente, mas não é possível que ela não saiba de nada

- Eu... bom, eu costumava passar os verões aqui com a minha família desde pequena e chegou um momento que paramos de vir para cá

- E o que te fez não querer mais voltar? - perguntou

- Após o último verão, eu entrei na faculdade, comecei a trabalhar, não tinha tempo pra essas coisas.

- Que triste, é tão bom viajar, esquecer os problemas.

Se ela soubesse que o problema estava aqui, e que ela fazia parte dele.

- É, as vezes é bom sim.

- E vocês duas? - perguntou apontando para mim e para Vivian

- O que tem? - Vivian perguntou

- Se conhecem desde pequenas?

- Na verdade nos conhecemos aos doze anos, quando outra amiga de Thaís nos apresentou

- A Ellen? - perguntei

- Sim, inclusive, ela sumiu pouco tempo depois que você foi embora

Fomos interrompidas por um celular tocando.

- É o Murilo, já volto. - Julia disse, já levantando.

Ela saiu do quarto nós duas ficamos ali novamente

- Você só respondeu o porquê de não querer voltar, mas não respondeu o porquê de ter sumido do nada, sem dar explicação alguma, não acha que já está na hora?

- Não quero remoer o passado

- Um pouco injusto, não? Você nem sequer ligou depois pra se explicar, eu precisei de você aqui quando minha vida desmoronou, mas você não estava.

- Eu sei que não estava, eu poderia até dizer que errei, mas hoje vejo que foi a melhor decisão que eu tomei

- E eu posso saber o porquê?

Júlia abriu a porta, me salvando daquele momento tenso.

- Está tudo bem? - Vivian perguntou

- Sim, Murilo só ficou preocupado de eu ter saído à essas hora sem avisar, disse que José acordou e perguntou de mim

- Quem é José? - perguntei, mesmo já sabendo a resposta

- É o meu filho, você precisa conhecer, ele é uma graça.

- Claro... Será um prazer.

- Você é casada? - Júlia perguntou

- Divorciada

- Que legal, quer dizer, divórcio não é legal, mas se você quiser conhecer gente nova nós podemos te ajudar, podemos te apresentar ao meu irmão, acho que ele vai adorar te conhecer.

- Ele está solteiro, Júlia? - Vivian perguntou

- Pelo que soube sim.

- Como assim "pelo que soube"? - perguntei

- É que ele chegou faz uns dias, e ainda não me contou direito essa história, mas minha mãe disse que ele terminou o relacionamento

- Nós podemos marcar de sair amanhã, um almoço, o que acham? - Vivian perguntou

- Adorei a ideia - Júlia falou empolgada

- Acho que não vai dar, não posso abandonar meus amigos, eu não estou sozinha.

- Não precisa abandonar eles, chama eles também, vamos juntar o bonde todo.

Por mais que eu tentasse, não conseguia sentir raiva de Júlia, ela é tão animada, seu jeito até lembra um pouco a Let, acho que elas vão se dar bem, só não sei é uma boa ideia nós nos aproximarmos

- Thaís? - Vivian chamou

- Oi

- Você não respondeu sobre o almoço

- Ah, eu topo.

- Perfeito, acertamos os detalhes mais tarde. - disse Júlia

O celular dela apitou e ela abriu para ler a mensagem.

- Murilo chegou para me buscar, preciso ir meninas.

- Eu te acompanho até a porta.

- Eu vou ao banheiro, até amanhã Júlia.

- Até, foi um prazer te conhecer.

Vivian acompanhou ela até a porta e eu fiquei ali, não iria conseguir encarar os dois.
Vivian entrou novamente no quarto

- Eu admiro a relação dos dois, ele tem tanto carinho por ela.

- É, deu pra ver.

- Não quer ficar? Já está tarde.

- É melhor eu ir, se as meninas acordarem e eu não estiver lá, é capaz de elas chamarem o FBI

- Tudo bem, eu te acompanho.

Voltei para casa pensando em tudo que aconteceu, A mulher e o menino que eu vi com Murilo ontem eram Júlia e José, tudo se encaixa. Não era para eu estar me preocupando com isso, afinal, passado é passado.


Murilo

Júlia soube que eu estava em Danver e veio nos visitar, e trazer José, que por acaso estava enorme.

- Eu não me canso de dizer que esse menino é a sua cara, Murilo - minha mãe falou

- Para com isso, ele é a minha cara - disse Julia

- Não sou não mamãe. - José falou

- E por que não?

- Porque eu tenho cara de homem - José falou fazendo cara de bravo

Todos na mesa gargalhamos, o Zé tem só cinco anos e já é muito esperto, mas isso é de família.

Estávamos na sala e José acabou pegando no sono. O celular de Júlia tocou e ela foi atender, e pouco depois voltou dizendo que precisaria sair.

- Você pode ficar de olho nele pra mim? Prometo que não vou demorar.

- Claro, me liga se precisar de algo.

- Ok, até mais tarde.

Olhei para o Zé jogado ali no sofá, e resolvi colocar ele na cama

- É, campeão, até no sono você se parece comigo.


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