Reencontros - cap 5

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Thaís

~ Algumas horas antes ~

- Pegaram tudo? Se eu fechar o porta mala eu não abro mais. - Luan falou.

- Como se fosse muito difícil abrir de novo. - disse Dani.

- Será que podemos sair logo? Quero chegar a tempo de dormir, antes de curtir o dia. - disse Let.

- Vamos, afinal, quem dirige sou eu, temos que aproveitar que estou disposto.

- Esqueci meu carregador, podem ir entrando no carro. - falei já indo em direção as escadas.

- Não demora, ein. - disse Let.

Corri e subi as escadas. Quando tive certeza que eles já estavam no carro, puxei do teto a escada que dava para o sótão (que obviamente eles não sabiam da existência) e entrei para me esconder. Talvez fosse meio infantil minha atitude, mas eles têm que me entender, o desconhecido me assusta. Assinei meu divórcio há dois dias, não está fácil.
Sentei no chão e encostei a cabeça em um móvel que tinha ali, sempre fui boa em me esconder, eles vão me procurar pela casa, não vão achar, e vão viajar sem mim, eu sou genial.

- Estou entrando. - Dani disse aparecendo de surpresa.

- O quê? Como... - ela me interrompeu.

- Relaxa, só eu sei desse lugar, se Let e Luan soubessem já teriam dominado.

- Mas como?

- Sabendo, dona Thaís. Agora levanta, temos uma viagem incrível nos esperando.

- Me deixa ficar, você sabe que não estou bem, vai e inventa uma desculpa pra eles.

- Como é que é? Nunca, você vai, tenho certeza que vai ser bem melhor do que ficar o dia inteiro dentro de casa.

Não tive escolha, fui obrigada a descer dali e entrar no carro.

As horas no trânsito estavam demorando para passar, Luan não é dos mais apressados para dirigir, e isso já estava deixando Let doida.

- Luan, estaciona no acostamento. - disse Let.

- Pra quê? - Luan perguntou.

- Se depender de você, a gente só chega lá amanhã.

- Não confio em você no volante.

- Eu no volante ou no passageiro, sou perigosa do mesmo jeito, estaciona agora.

Luan sabia que não adiantava discutir com Letícia, é uma batalha perdida, pra qualquer um. Ele encostou o carro, e os dois trocaram de lugar e Letícia assumiu a direção, o que me preocupa. Se Dani estivesse acordada, com certeza não deixaria isso acontecer.

Letícia fez uma curva fechado em alta velocidade, Dani assustou e despertou na hora.

- Letícia, tá querendo matar todo mundo?

- O carro da frente estava me matando com a lerdeza, não dava pra continuar desse jeito.

- É melhor demorar mais pra chegar do que não chegar.

- Ai, volta a dormir, volta.

Coloquei meus fones e tentei me destrair para não ficar me preocupando com Letícia no volante.

- Vamos, Thaís, acorde. - dizia Luan

- Deixa eu dormir até chegarmos lá. - falei

- Já chegamos, olha em volta.

Abri os olhos devagar por causa da claridade, olhei em volta sem ter aberto totalmente os olhos, e o lugar era familiar. Esfreguei meus olhos e os abri por completo, reconhecendo o lugar onde estava.

- Vocês vão me explicar isso agora! - falei já irritada

- Claro, amiga, estamos em Danver, sempre passamos os verões aqui com a sua família, já esqueceu? - disse Letícia

- Eu sei que é Danver, sua ameba. Por que me trouxeram pra cá? Ficaram loucas?

- Ai, amiga, aqui é um lugar ótimo, tem praia, tem o lago que passa atrás de casa, tem todas as lojinhas que precisamos, só não é muito grande, mas pelo que lembro também tem muito boy gato.

- Puta que pariu. - falei estragando a mão na testa

- Ela está realmente irritada, só fala palavrão quando a coisa é séria. - disse Luan

- Nós vamos voltar agora. - falei

- Ah, mas não vamos mesmo. Seu pai emprestou essa casa pra gente e eu não sou nem louca de desperdiçar. - disse Letícia

- Então fica sozinha, eu vou voltar.

- Vai voltar como? Aqui não tem rodoviária, e você não vai pegar o carro. - Dani disse fazendo careta

Revirei os olhos.

- Eu não posso acreditar. - falei

- Tá bom, agora já estamos aqui e daqui a pouco chegamos na sua casa

Danver é uma ilha, diria que paradisíaca, a cidade não é grande, mas você descobre muitas coisas por aqui. Sempre passei os verões aqui com minha família, Letícia e Dani na maioria das vezes vinham junto, eu esperava o ano todo para vir pra cá, mas na última vez que vim pra cá, eu tinha quase dezoito e tinha passado na faculdade que queria, foi aí que as coisas por aqui deram errado, desde então, nunca mais voltei. Não acredito que após seis anos estou aqui novamente.

- Gente, olha. - disse Letícia apontando pra fora.

- É ali que o namoradinho da Thaís morava, não é?
- perguntou Dani.

- Parece estar vazia. - disse Luan.

- Ih, Thaís, se deu mal, não é dessa vez que você vai reencontrar o Murilo.

Agradeci mentalmente por ele ter se mudado e fingi não ouvir o comentário de Letícia.
Estacionamos em frente a casa, e tudo estava como antes, a rua continua igual, mesmas casas, o parquinho na esquina, tudo. Só o que me chamou atenção foi a casa ao lado da nossa que antes era azul e agora está um amarelo bem claro, e pelo que me lembro, era ocupada pelos Montgomery, agora havia uma placa na frente com o sobrenome Cooper.

Entramos na casa e a decoração também não havia mudado muito, alguns objetos apenas, provavelmente esquecidos pelos locadores dos anos passados. Abri a porta do meu quarto e realmente me surpreendi por ele estar totalmente igual antes, todos os detalhes. Olhei em volta e encontrei o ursinho que ganhei em uma noite no parque, que todos os anos vinha pra cá. Peguei ele e abracei, muitas lembranças tomaram conta de mim, mas resolvi afasta-las, passado é passado. Guardei o urso no armário e comecei a arrumar minhas coisas.

- Thaís? Já arrumou tudo? Vamos para a praia. - disse Dani.

- Já desço.

Ela fechou a porta e eu resolvi abrir a janela para entrar uma luz no quarto. Foi quando me surpreendi com o que vi na janela ao lado.

- Você! - exclamei ao mesmo tempo que ele.

Ouvi batidas na porta e Luan entrou.

- Vem, para de enrolar. - ele me pegou pelo braço e me arrastou quarto a fora.

- Luan, eu nem estou de biquíni, e também não estou passando muito bem, podem ir, daqui a pouco eu vou.

- Se você não aparecer na praia em meia hora eu volto aqui.

- Sim, senhor.

Ele me deixou sozinha, voltei para a janela, mas ele não estava mais lá, não que me surpreenda, é normal ele querer fugir de mim.
Troquei de roupa e resolvi ir no fundo da casa dar uma espiada no meu antigo lugar favorito, o píer do lago.

Último verão Onde histórias criam vida. Descubra agora