"Estrela do céu vem me visitar
'Tô na escuridão, vem iluminar
Vê se vem à noite pra sobressair
Quando for embora, deixa a luz em mim"
________________________________Thaís
Finalmente havia chegado a hora, depois de várias visitas de cirurgião, nefrologista, assistente que veio colher sangue, anestesista e tudo que imaginar. Até minha barriga foi depilada com creme de depilar. Teve também as injeções pra evitar trombose e essas coisas chatas pré-cirúrgicas. Comecei a tomar soro ontem às 22:00 e até minha urina estavam anotando. 00:00 eu entrei em jejum de água e comida - sofro - e agora só quero que comecem logo para isso acabar o quanto antes e eu poder comer.
– Pode vestir isso. - disse a enfermeira me entregando uma bata e umas meias especiais, ela estava me orientando em tudo já que faltava pouco.
Vesti tudo e fui orientada a tirar qualquer acessório que eu estivesse, não estava usando nada então foi rápido.
– Vou te levar até o holding (bloco operatório) e sua família estará te esperando lá pra você se despedir.
– Tudo bem, vamos lá.
Esse foi um dos momentos mais tensos, com toda certeza, você está indo ver sua família sabendo que essa pode ser a última vez. Segurei as lágrimas e tentei não pensar no que estava prestes a acontecer.
Chegamos no holding e estavam todos lá, me despedi de um por um, não demorou muito até acabar o tempo.
– Acho bom você sair de lá viva, senão eu te mato. - Let disse me fazendo rir
– pode deixar, coronel.
– Não é "pode deixar" é "sim senhora" recruta.
– Sim senhora. - bati continência ao dizer e caímos na risada
Antes de entrar no centro cirúrgico, Murilo passou ao meu lado, e nos despedimos também.
– Vamos passar por isso juntos, ok? um dando força para o outro. - foram as últimas palavras que ouvi ele dizer
Sussurrei que eu o amava, e logo depois nos separamos. Ele foi levado à uma sala, e eu a outra que ficava ao lado. A cirurgia seria mais ou menos assim: Enquanto tiravam o rim dele, me preparavam para poder receber esse rim, não sei explicar em termos médicos, essa é a praia dele, não a minha, mas o negócio ia ser algo assim.
Abri os olhos com dificuldade por ainda estarem pesados, olhei em volta tentando assimilar tudo e vi que já estava no quarto. Aos poucos fui lembrando de tudo e então caiu a ficha que já haviam se passado horas da cirurgia.
Minha mãe e outras duas pessoas estavam na porta conversando, e quando ela se virou, eu vi que estava chorando.
As outras duas pessoas eram Julia e Antonny, que também estavam chorando, Julia parecia estar soluçando, mas.. por quê?– Mãe? - chamei, com a voz praticamente falha
– Filha? - pareceu surpresa ao me ver acordada.
Ela veio até minha cama, meio cabisbaixa, parecia aflita.
– O que está acontecendo? Por que todo mundo está chorando?
– Filha, preciso que você seja forte.
Meu organismo deve ter rejeitado o rim, ou deu qualquer outra merda comigo, certeza.
– Não enrola, pelo amor de Deus, diz logo. Não deu certo o transplante? É isso.
– Não, minha filha. Correu tudo bem na cirurgia... - ela disse e eu senti que ela não estava sabendo me explicar
– Mas? - perguntei nervosa
Ela virou pra trás e acenou pra Antonny entrar, e ele entrou em seguida.
– Eu não consigo. - ela disse à ele
Ele respirou fundo, se aproximou e pegou minha mão, olhou pra cima, limpou uma lágrima, depois voltou a olhar pra mim.
– Murilo desenvolveu um coágulo de sangue após a cirurgia, e isso causou um ataque cardíaco fatal.
QUE?
– Como um coágulo? O que isso tem a ver? Vocês estão cuidando dele? ele vai se recuperar?
Ele e minha mãe se entreolharam e minha mente sugeriu algo que eu jamais iria aceitar
– Thaís... - minha mãe disse e olhou pra mim - Murilo não resistiu.
meu coração parou de bater
– Raramente acontece, tentamos de tudo, mas não foi o suficiente e infelizmente o perdemos
– Não, isso é mentira, eu preciso vê-lo. - falei sentindo as lágrimas queimarem meu rosto e tentando me soltar de todos os aparelhos presos em mim, mas foi em vão.
Os dois me seguraram, e tentaram me manter calma, ou eu morreria também.
Ou eu morreria "também"
Como? Como eu fui capaz de deixar isso acontecer?
– É tudo culpa minha. - falei já sentindo minha voz fraquejar novamente
– Claro que não, filha, nunca mais diga algo assim.
– Thaís, infelizmente esse tipo de coisa acontece, ele sabia dos riscos quando aceitou a cirurgia. A culpa não foi e nunca será sua, entendeu? - Antonny disse me abraçando forte
– Mas se eu não precisasse dele, ele ainda estaria aqui.
– Um coágulo pode ocorrer a qualquer momento, não tinha como prever. - ele disse.
– Eu deveria ter morrido, antonny, não ele. Ele não merecia, não merecia. Eu não mereço continuar viva sabendo que ele morreu por minha causa.
– Filha, olhe pra mim. - Antonny disse
Antes de prosseguir com as palavras, ele enxugou minhas lágrimas.
– Murilo amava histórias de amor, e tem história de amor mais linda que essa? Ele se foi, mas uma parte dele, sempre estará dentro de você.
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desculpem a demora, acho que amanhã eu posto o próximo
comentem e deixem a estrelinha em homenagem ao Murilo, tadinhoxoxo 💗
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Último verão
RomanceTHARILO Thaís e Alex tinham a vida perfeita (para quem visse de fora). Ótimos empregos e alto padrão de vida, mas um ou dois fatos inusitados fariam com que aquele castelo encantando estivesse prestes a ruir. Os amigos de Thaís ao saberem da metade...