Capítulo 1 - Biscoitos

10.9K 1.3K 673
                                    

MARINA

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

MARINA

Estou exausta. As costas doem, os olhos ardem, os braços pesam. Me encontro há uma semana arrumando a bagunça da mudança, e parece que não cheguei à metade do que tenho que fazer.

E o detalhe é que peguei esta casa já mobiliada. Apenas trouxe roupas, objetos pessoais, brinquedos do meu filho, itens de trabalho, livros, utensílios de cozinha. Ainda assim, é o caos!

Por falar em cozinha... Pelo menos esta parte da casa já está em ordem. Até consegui pôr para assar os biscoitos caseiros de chocolate que Gabriel vem me pedindo há dias.

Neste instante, inspiro fundo o aroma adocicado que escapa do forno quente, é delicioso.

Gab já se adaptou ao novo lar. Para as crianças é tão mais fácil... Inclusive, fez amizade com os irmãos da casa em frente, Felipe e Vinicius.

Domingo passado, no dia da mudança, os dois tocaram aqui em casa, chamando meu filho para jogar bola.

— Oi tia! Sou o Vini. — O menino mais alto passou a mão pelos cabelos loiros bagunçados. — E este é o Lipe, meu irmão caçula. — Apontou para o loiro mais baixo do seu lado. Dois alemãezinhos.

— Olá, meninos! Em que posso ajudar?

— A gente viu a mudança pela janela de casa... — Mostrou o sobrado amarelo, do outro lado da rua. —  E que tem um menino assim, do nosso tamanho... Ele pode brincar com a gente? Falta um jogador para o nosso time de futebol.

— Pode, sim. Gab vai adorar. Onde vão jogar?

— Aqui em frente mesmo, tia. A rua é tranquila, pode ficar "sussa"...

E, desde o primeiro dia, são inseparáveis. Os três são uma escadinha: Felipe tem 9 anos, Gabriel tem 10 e Vinicius tem 11.

Sorrio ao pensar como os novos amigos cativaram com rapidez o meu menino introvertido. Filho único e tímido, Gab não tinha muitas companhias para brincar no Rio de Janeiro.

Seu pai foi embora com a amante quando ele tinha apenas quatro anos. Acredito que isto influenciou negativamente sua autoestima. Tentei suprir a ausência da figura paterna como pude, mas até hoje Gab se lembra do pai com tristeza.

Agora, como ainda estamos no período de férias, os meninos não têm escola e podem brincar na rua o dia todo. Esta é uma das facilidades que buscava quando decidi que nos mudaríamos para cá, um condomínio fechado de casas em Jundiaí, no interior de São Paulo.

Vários fatores me motivaram, na verdade. As novas amizades. A tranquilidade de poder brincar na rua, como as crianças das gerações passadas. A segurança. E, principalmente, a distância de Paulo Henrique, meu último ex marido. Afinal, ele...

— Mãe! — Gabriel entra em casa, eufórico, interrompendo meus pensamentos. — Chegamos! Escuta só!

Percebo que Felipe e Vinicius estão com ele. Os três sujos e suados vem com pressa até mim.

Reflexo Quebrado [COMPLETO]Onde histórias criam vida. Descubra agora