Capítulo 27 - Em Ipanema

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DANTE

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DANTE

Estamos sentados na borda do colchão do banheiro, acabei de contar a Nina que foi Leleco quem me mandou para o inferno.

— Este mesmo Leleco? Você tem certeza? — Ela pergunta, passando a mão delicadamente pelo meu cabelo.

— Tenho. Você passou a descrição física exata e o nome completo. É ele. Só não compreendo qual é o lance da amizade dele com seu ex marido. O cara é um traficante, dono de morro bem conhecido aqui no Rio...

— Eu não sei dizer. PH nunca foi de comentar muito sobre seus negócios comigo. E você não o denunciou pela agressão por que? Não confiou na Polícia do Rio porque é um bandidão dos grandes?

— Não exatamente. Como já te disse, preferi não me expor na época, minha fama era grande... Eu estava no topo da carreira como jogador, e não foi "apenas" uma agressão comum. Foi humilhante, Nina.

— Como assim? — Ela me encara, e em seguida balança a cabeça. — Não precisa me responder. Sinto muito, querido. Eu queria entender porque me importo com você. No entanto, se não quiser se abrir mais, tudo bem. Hoje já ficou tão nervoso, não quero causar outra crise.

Quer saber? Foda-se. Vou contar. Seja o que Deus quiser. Cansei de abafar esta história de merda dentro de mim. E vai servir para eu descobrir se ela me ama tanto como diz...

— Nina. Só me ajude a escovar os dentes, quero tirar este gosto da boca... — Estou muito incomodado por ter vomitado. — Depois a gente vai deitar e vou te contar tudo.

Ela me dá um sorriso bonito e se levanta. Pega a escova, a pasta, um copo com água, uma toalha.

Depois nos deitamos no colchão do banheiro. Eu fico de barriga para cima, encarando o teto, e ela de lado, com a cabeça apoiada da mão, olhando para mim. Sua outra mão traça círculos leves no meu peito, carinhosamente.

— Naquele dia... — Fecho os olhos, respirando fundo. — Um domingo. 1° de agosto de 2004. O Flamengo venceu o Botafogo com três gols meus. No final do jogo os repórteres me cercaram como urubus atrás de carniça. Eu estava feliz. Feliz não, eufórico! Fiquei um tempão dando entrevista e respondendo a perguntas.

— Imagino, Dadá. Foi no Maracanã, não foi? — Ela continua me acariciando no peito.

— Foi. Depois disso fui para o vestiário e já não tinha mais ninguém. Tomei banho e, quando saí do chuveiro, ela já estava lá.

— Ela quem?

— Uma garota. Morena, bonita. Seu nome era Shirley. — Minha voz dá uma falhada.

— E depois? — Nina me incentiva a continuar.

— Ela falou que era minha fã, que via os jogos por minha causa, essas coisas... Juntou o tesão com a adrenalina do pós jogo. Quando dei por mim a gente estava transando lá mesmo... Só que, de repente, três caras invadiram o vestiário e nos flagraram. E um deles era o namorado dela. Adivinha quem...? — Pergunto com um riso amargo.

Reflexo Quebrado [COMPLETO]Onde histórias criam vida. Descubra agora