Capítulo 11 - Kid Abelha

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"Viver é uma corrida para a morte."

Dante Alighieri

Dante Alighieri

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DANTE

Já em casa, acendo mais um cigarro, relembrando da porra da cena da Marina com o merda do Rodrigo. O cara estava descaradamente dando em cima dela! Na minha fuça!

É evidente que o gavião não me vê como uma ameaça, como um concorrente. Rodrigo fez questão de deixar claro que estou mais para paciente dela do que para seu rival. Afinal, não passo de um aleijado fodido.

Ele está certo. Não tenho qualquer condição de competir com aquele filho da puta. O cara é boa pinta, mulherengo... É apenas questão de tempo até levar Marina para a sua cama.

Então vão poder trepar à vontade, em todas as posições fodidas do Kama Sutra, sem a merda de uma limitação física os atrapalhando.

Nina merece coisa melhor do que eu. Comigo terá trabalho, passará vergonha, não ficará plenamente satisfeita... Eu não mexo os quadris, caralho, como vou satisfazê-la por completo?!

Ela é um mulherão, e já percebi que é bem resolvida sexualmente. Deve gostar de explorar todas as possibilidades... Com certeza vai enjoar de só poder fazer sexo por cima de mim. Que merda!

Devo sair de cena, ela merece coisa melhor. Um homem completo. Não um porra quebrado como eu, que vive no inferno.

Com o cigarro apoiado no cinzeiro, aperto as mãos em punhos. Meu sangue ferve quando penso nas pernas fortes de Rodrigo se mexendo, se enroscando no corpo de Nina, enquanto a come com força.

Ele me faz lembrar de mim mesmo antes desta sujeira toda. Alegre, leve, ágil, "pegador". Aquele ar confiante, cheio de si? Já tive. É um reflexo distante do que fui. Agora é como se o meu espelho estivesse quebrado, só me permitindo me ver aos pedaços.

E, para me foder de vez, o cara trabalha com futebol. Quando ele chutou aquela bola para o alto eu literalmente estremeci por dentro. Gelei com o ar me faltando nos pulmões.

Apertei os olhos e quase consegui sentir o impacto da bola no meu pé, fazendo vibrar meus dedos dentro da chuteira, milésimos de segundos antes de marcar um gol. "Goooool do Dadá! E a torcida do Flamengo vai à loucura..."

Eu nunca mais chutei, nem vou chutar, a merda de uma bola de futebol. Nunca mais. A coisa que me dava mais tesão na vida, pau a pau com as mulheres que eu traçava.

Nestas horas eu penso que talvez fosse melhor já ter nascido aleijado. Assim não sentiria tanta falta de tudo o que experimentei, e que me foi tirado de um dia para o outro.

***

Apago a bituca de mais um cigarro e Nice abre a porta escritório.

Reflexo Quebrado [COMPLETO]Onde histórias criam vida. Descubra agora