Capítulo 6 - Bola de papel

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MARINA

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MARINA

As palavras de Nice pairam no ar. "Menino, desculpe interromper... É que a equipe da fisioterapia chegou. Se lembra de que hoje é quinta, dia de sessão?"

Percebo Dante enrijecer o corpo atrás do meu e me viro para olhar para ele. Seu sorriso desaparece, o rosto está tenso, com o maxilar travado. Seus olhos verdes faíscam de irritação.

— Obrigado, Nice. Pode acompanhar Marina até a porta? Ela já estava de saída.

O que?! Ele está me pondo para fora, na cara dura.

— Tudo bem. — A senhora responde olhando para nós dois. — Vamos, Marina? — Ela me sorri, gentil.

Não quero fazer uma cena, por isso decido ir embora sem questionar.

Antes de me levantar para acompanhá-la, me inclino na direção de Dante, que está deitado, imóvel, para um beijo de despedida.

Ele evita meus olhos e vira o rosto, desviando-se dos meus lábios, com isso acabo beijando seu cabelo. Meu coração despenca no peito.

— Tchau, Dadá... — Murmuro, e ele não diz nada. Seus olhos estão longe, em algum ponto na parede, indecifráveis.

Fico em pé e, sem olhar para trás, caminho até a porta do escritório. Nice me acompanha pela sala.

Corro rapidamente os olhos pela equipe de fisioterapia que está ali, e vejo dois profissionais uniformizados, um homem moreno, alto e forte, e uma mulher ruiva, baixa e gorda.

Reconheço alguns dos apetrechos que carregam. Afinal, também tenho formação em Fisioterapia. Meus olhos se fixam em uma maca que o homem empurra, sobre rodinhas. Como é mesmo o nome disso? Não me lembro.

— Nice... Por que Dante faz fisioterapia? — Arrisco, quando já estamos do lado de fora da casa.

— Ele não falou a respeito com você, não é?

— Não falou nada. — Murmuro, tentando disfarçar o quanto estou desconfortável.

— Percebi pela expressão dele... Menina, me desculpe. Se ele não falou, não cabe a mim falar.

— Tudo bem, Nice. Obrigada. — Chegamos ao portão da rua.

— Volte sempre, Marina. — Ela abre o trinco, e me dá passagem.

Aceno com a cabeça, já prevendo que, depois do desfecho desta tarde, não devo voltar mais. Pelo menos não tão cedo.

Já na rua, reparo na van da equipe de fisioterapia. É a mesma que vi na terça, com as letras "Heal Fisioterapia" na lateral do veículo.

Ou seja, pelo jeito Dante faz pelo menos duas sessões por semana. Ele mentiu ao dizer que o atendimento seria para Nice.

"Nice tem artrose e é teimosa demais para ir até a clínica", foram as palavras dele.

Reflexo Quebrado [COMPLETO]Onde histórias criam vida. Descubra agora