Capítulo 7.

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Encaro o céu ensolarado. Lembranças da noite passada passeavam pela minha cabeça enquanto Lua não parava de reclamar ao meu lado. Desci meu olhar para as ondas que se formavam ali perto. Estávamos tão próximas da água do mar que em alguns momentos ela alcançava nossos pés enterrados na areia.

- Ele beija bem? - pergunta trazendo meu consciente de volta à realidade.

- É o quê?

- Ele beija bem? O Pedro... Você disse que... - Ela tenta completar mas a corto.

- Não, eu não disse nada. Foi só um beijo que não vai acontecer de novo. - respiro fundo, tentando acreditar nas minhas próprias palavras.

- Tem certeza? - retruca.

- Tenho. - digo não tendo certeza de nada.

Permaneço com meu olhar parado na direção do mar, os pensamentos vagos e mantendo um silêncio total dentro de mim e ao meu redor.

Retiro a gargantilha que ficava sempre em volta do meu pescoço e aperto o pequeno coração entre os dedos. Não queria mais tentar descobrir algo que não devia ser descoberto.

Faço impulso para joga-lá o mais longe possível, com os pensamentos certos de que tudo iria melhorar assim que eu me livrasse daquele objeto. O único objeto que me prendia ao passado.

Mas como flashbacks, lembranças invadem minha mente de maneira confusa. Tento assimilar o que estava acontecendo mas apenas memórias vagas me assombravam.

Flashback on/14 anos atrás.

Abro um sorriso para tio Vitor enquanto ele me encarava sério.

Estávamos no parque da Roçinha com tia Leh, ela havia ido comprar algodão doce e nesse momento Vitor se sentou ao meu lado na grama.

- O que foi, Vitor? - pergunto.

- Problemas...

- Quais?

- Não posso dizer, pequena. Não por enquanto.

- Tudo bem.

- Aysha? - chama.

- Oi?

- Promete que nunca vai esquecer do idiota aqui?

- Você vai viajar? - indago confusa.

- Não sei. E mesmo que eu vá será daqui muito tempo, e olha, pra tu nunca esquecer de mim eu quero que tu fique com essa gargantilha. Era da minha irmã, ela se foi ainda muito nova. - seu olhar fica triste ao cita-la.

- Eu nunca vou esquecer... Ela foi para o céu?

- Se realmente existir um, sim.

- Existe sim, eu sei disso. Ela é um anjo agora, não fica triste, ela tá bem.

Ele me entrega a gargantilha que havia um pequeno coração e sorri.

- Não mostre e não diga nada disso à ninguém, tudo bem?

- Tudo.

- E lembre-se, eu irei voltar quando tu mais estiver precisando.

Flashback off.

A Filha do ComandanteOnde histórias criam vida. Descubra agora