Capítulo 23.

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Sentei na cama e observei o quarto escuro. Senti que algo naquele dia não iria bem, como um aviso, estranho talvez, mas tentei ignorar.

Levantei assim que ouvi a voz de Vitor no corredor. Saí do quarto e encarei o homem a minha frente de cima a baixo. Abri um pequeno sorriso quando ele fez o mesmo.

- Tá pronta? - indagou.

- Sim. - respondi assim que peguei meu celular em cima da mesinha de centro.

Saí do apartamento e pedi o elevador enquanto ele ainda trancava a porta.
Estava indo me encontrar com Lua, me atualizar do que estava acontecendo ultimamente e saber mais ainda como ia minha mãe. Estava exausta de tanta discussão e problema, queria resolver logo todas essas coisas, tanto com ela quanto com o meu pai. Pedi insistentemente ao meu coração que mantesse a calma nos próximos dias, porque precisava pensar no que faria.

O mau pensamento transcorreu meu consciente e senti um calafrio percorrer meu corpo. Mordi o lábio inferior enquanto caminhava até o carro com Vitor ao meu lado. Sem consciência do que fazia, entrelacei nossos dedos e instantaneamente senti a calma se alastrar.

- Tu tá bem? - perguntou assim que chegamos ao veículo.

- Sim. - nervosa demais.

- Sabe que não precisa ir se não estiver se sentindo bem, né?

- Tá tudo bem, não é nada. - ainda desconfiado, entrou no carro e me encarou uma última vez antes de acelerar em direção à Roçinha.

Observei a paisagem enquanto pequenas gotículas de água batiam no vidro. Naquele dia amanheceu nublado, o que contribuiu para que o mau pressentimento me preenchesse.

Chegamos à entrada da Roçinha e Lua já me esperava com um sorriso de orelha à orelha.

- Te vejo mais tarde. - disse antes de abrir a porta.

- Não tá esquecendo de nada? - indagou arqueando a sobrancelha.

- Tô? - perguntei ainda mais confusa.

Ele molhou os lábios com a língua e mordeu o inferior em seguida, o suficiente para eu lembrar do que estava me esquecendo.

- Idiota... - sussurrei enquanto me aproximava. Nossas bocas grudaram e pude sentir o desejo ascendente que pulsava em ambos. Terminamos com um pequeno selinho e saí do carro, observando sua satisfação.

- Olá dondoca. - Lua cumprimentou sorrindo. - Parece que a relação tá séria.

- Lua... - repreendo com um pequeno sorriso.

- Mas me diz aí, sempre tive curiosidade de saber... tipo, ele é bem alto né, e também é forte e tals...

- Desenrola. - mando.

- É grande? - perguntou de uma vez me fazendo engasgar com a minha própria saliva.

- É o quê? - quase gritei, surpresa pela curiosidade e aflita pela resposta que eu deveria dar. - E-Eu não... A gente não...

- Ainda não? Ata, desculpa. Vamos? - perguntou já andando em direção a sua casa.

Segui a garota de humor extrovertido por todo o caminho que ainda restava. Enquanto andávamos ela contava alegre sobre como ia bem com Menor, mas por outro lado, era visível o incômodo que sentia ao lembrar de Lehandro e sua proteção desnecessária com a filha.

Senti pena mas preferi me manter fora disso, pelo menos até resolver os meus problemas. Sempre gostei de ajudar pessoas próximas a mim, mas com o tempo, aprendi que quanto mais nos mantemos ocupados com os problemas alheios, deixamos o nosso caos pessoal aumentar - algo que nesse momento era a última coisa que desejava.

A Filha do ComandanteOnde histórias criam vida. Descubra agora