Decepcionada... Essa era a forma como eu me sentia em relação a tudo isso que acontecia. Era como se todos os segredos que lutei para descobrir, no final não valessem para nada.
Senti medo, angústia; uma fusão de vários sentimentos negativos que a cada segundo crescia mais e mais dentro do meu ser.
Poucos dias desde o acontecido se passaram, e mesmo assim nada havia passado. As palavras grudaram como uma cola que decorria de modo momentâneo. Era repetida por diversas vezes pela minha mente que gostava de me pregar dores.
Idiota! Mil vezes idiota!
Lá estava eu, no mesmo lugar em que tive o primeiro relance de memória. Senti o vento fraco bater contra o meu rosto e mordi o lábio inferior, nervosa por estar ali naquele momento. Eu não deveria. Simplesmente eu não deveria me deixar ser levada por algo tão bobo - ou pelo menos me parecia ser.
Voltei meu olhar para algum rumo qualquer, e surpreendendo a mim e qualquer um, eu vi Pedro ali. Lá estava ele, agora caminhando em minha direção com aquele maldito sorriso de lado. Senti as mãos soarem e as limpei rapidamente.
Ele sentou ao meu lado, inclinou o corpo para trás e observou ainda calado à paisagem que havia em nossa frente.
Fingi que sua presença ali não havia feito diferença e manti meus olhos em qualquer direção que não fosse ele.
- Aconteceu o quê? - indagou me encarando, e por um milésimo de segundo, acreditei que estava até mesmo preocupado.
- Nada. - minto.
- Você não tá bem e isso tá na cara, guria. - voltou com o corpo para frente, com a intenção de olhar o meu rosto.
- Eu só tô cansada, ok?
- A sua tentativa de mentir pra mim tá sendo péssima.
- Não aconteceu nada! - exalto a voz. - E mesmo se tivesse acontecido, acha mesmo que ia ser capaz de me fazer bem? - indago com ironia. - Você não é capaz de fazer bem pra ninguém. E que merda, Pedro! Você tem um morro pra comandar; um filho da puta pra achar, entre mil coisas pra fazer, mas não, resolve vir aqui acabar com o último resquício de paz que sobrou dentro de mim. - desabo, com o tom de voz ainda mais irritado.
- Porra, Aysha! Você queria que eu fizesse o quê? Tu me beija em um dia e some depois como se nada tivesse acontecido. - explode também.
- Espera! Primeiro que quem me agarrou foi você, seu idiota! E outra, tá assim só porque eu não sou mais uma das meninas que ficam no seu pé? - retruco com a sobrancelha arqueada.
- Talvez. - diz abaixando o tom da voz. - Talvez eu realmente esteja pela primeira vez atrás de uma garota porque a filha da puta ousou ser a primeira a me ignorar.
- Eu lamento mas eu não tô afim de me relacionar com ninguém. - digo convicta.
- Olha pra minha cara e vê se eu tô querendo me prender a alguém. - Fala já impaciente. - A única coisa que me faz ir atrás de você é a dúvida do porque diabos você sempre foge. E porra, se eu quiser pegar a Kim Kardashian eu pego, caralho.
E eu ri, pela primeira vez em dias eu ri verdadeiramente. Ele me fitou de cima a baixo sem entender nada e logo em seguida sorriu.
- É, parece que eu sou capaz sim. - diz, respondendo a minha pergunta de minutos atrás.
- Desculpa... - sussurro.
- Vai me dizer agora o que aconteceu? - insistiu.
- Sai daqui. - disse com brincadeira. É, por algum motivo ele havia conseguido.
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A Filha do Comandante
RomanceSpin-off de "Entre Facções". ______________________________________ Aysha agora com 18 anos, morando com seu pai, Allan Cooper, em uma das regiões mais seguras de São Paulo. Filha da fiel de um traficante e de um comandante da polícia federal. Vito...