(p.o.v)
[...]
Andava de um lado para o outro sem saber o que raios poderia fazer naquele instante. Rio de Janeiro estava a procura de Aysha há duas semanas e até aquele momento, nada. Nenhuma informação sequer.
Menor fazia barulhos repetitivos e nervosos na mesa enquanto tentávamos rastrear o celular dela. Allan havia negado todas as informações possíveis e acreditava insistentemente que aquilo era nossa culpa. Talvez fosse.
- Caralho PL, agiliza essa porra. Tu tá aqui há três dias tentando hackear esse inferno. - Menor grita já impaciente.
- O aparelho tá na mão de um comandante da polícia, caralho. Bloquearam tudo. - se defende.
Respirei fundo enquanto me aproximava da janela. Estava no centro do comando e daqui uma semana haveria uma distribuição nas principais favelas do Sul e Sudeste, ou seja, corria um grande risco de ser pego. Menor já havia avisado que o sumiço da Aysha iria prejudicar meu esquema, mesmo assim ignorei e mandei as encomendas serem distribuídas sem estratégia. Era cada um por si, porém com todos ligados a mim.
- CONSEGUI PORRA! - PL gritou nos deixando em alerta. - Anda logo, viado! Tu tem cinco minutos antes do sistema localizar e alertar a tropa.
Aproximei em passos rápidos do computador e logo PL começou a invadir o sistema. Bloqueou rastreadores e procurou por todos os tipos de arquivos adicionados no dia do desaparecimento.
Eu não estava entendendo absolutamente nada do que ele fazia então logo desisti de continuar analisando suas ações.
Esperamos por mais exatos quatro minutos e meio, até que ele fechasse a aba e desligasse o sistema.
- E aí? - Menor foi o primeiro a indagar.
- Duas notícias.
- Manda o papo. - falei e ele hesitou por alguns instantes.
- Sei a última localização dela, o problema é que houve um erro na busca de endereço então a localização é enviada para uma outra cidade. No rastreamento feito pela polícia, o último destino antes do celular ter se perdido é em uma cidade do Amazonas. O estranho foi que a localização foi dada em menos de duas horas depois dela ter saído do morro do Lehandro, sendo que do Rio de Janeiro até Amazonas é cerca de 6 dias e 15 horas de viagem. Então fui procurar por localidades semelhantes e descobri que há um endereço com o mesmo nome da cidade aqui no Rio. Resumindo, a Aysha ainda tá aqui caralho.
- Como cacete não souberam disso? - Menor novamente perguntara enquanto eu ainda assimilava.
- Esse endereço é de uma casa no meio do mato. Nem se tu procurar no Google maps não acha, pô. Ele é dado como endereço complementar e aí muda algumas informações principais.
- Achamo a guria então... - Menor faz uma pausa e se direciona a mim em seguida. - Se liga Vitor, conseguimos caramba.
Antes de eu abrir um possível sorriso vi a cara de insatisfação de PL. Apontei para Menor e ele pegou a informação em questão de segundos.
- Que foi contigo? - indaguei.
- Não falei a segunda notícia.
- Então fala, pô. - mandei.
- Tem uma caralhada de informação sua no celular. Ou alguém tava usando ela pra descobrir sobre você ou a própria Aysha tava passando informações.
- É o quê? - Menor expressa sua descrença por mim. Continuo calado enquanto ele novamente explica a mesma coisa que disse.
- ... E se a polícia pegou o celular pra investigar, parça, tu tá na corda bamba, isso se já não tiver despencado.
Pego meu celular, chaves do carro e saio sem dizer nada relativo. Sabia da merda em que havia me metido e não iria de forma alguma aceitar ir pra cadeia.
Entrei no carro e acelerei com tudo em direção ao morro do Vidigal, porque nos piores momentos, até nos nossos próprios inimigos precisamos nos apoiar.
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_________Rio de Janeiro sabia, e boa parte da minha cidade também. Esperei impacientemente pela resposta do meu pai antes de arrumar tudo e desistir dessa sua falsa proteção de merda.
Desde a ida de Aysha para o Rio não tivemos tanto contato. Foram pouquíssimas informações para conseguir ter algo concreto. Resolvi que dessa vez não esperaria pela boa vontade de Allan para resolver os problemas da minha irmã. Novamente me envolvi na enrascada de ajudar a anta ambulante, e arrumei minhas coisas. Peguei o restante da quantia de dinheiro que havia me sobrado e coloquei na mochila, pedindo um carro até o aeroporto em seguida.
Estava de frente para a pior loucura da minha vida, nem que eu precisasse me envolver com todos os traficantes possíveis do Rio, mas eu entraria nessa.
Havia conversado com Lua horas antes e ela já estaria me esperando assim que eu pousasse. Era os dias finais. Era a hora final.
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_________Seria julgado, não por poucos, mas por muitos. Era meu golpe fatality. Há dez anos procurando a mesma pessoa que havia feito parte da infância da Aysha.
Só precisei de uma única informação, um rastreamento e uma louca para conseguir chegar aonde queria. Sabia que minha filha estava segura e agora só precisava esperar para Vitor cair na armadilha.
Iria acabar de uma vez por todas com o chefe do maior tráfico de armas do Brasil. Esperava pelo meu reconhecimento e não desistiria fácil assim. Por tempos desconfiei que a família da Laryssa havia algum tipo de envolvimento, só não imaginei que Aysha era a ligação principal.
- Comandante? - um cabo chama.
- Alguma informação? Caso não, pode-se retirar. - digo autoritário.
- Tenho sim. - diz se aproximando. - É sobre o caso da senhorita Cooper... - dá uma pausa esperando que eu intervisse, como não o fiz, continuou. - Invadiram o sistema, descobriram as falhas e já sabem das informações que adicionamos.
- A armadilha está feita, cabo. - digo e ele assente.
Volto a analisar os papéis em cima da mesa e solto um riso baixo quando o cabo se retira da sala. Havia dado certo e agora, estávamos a espera do grande dia.
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A Filha do Comandante
RomansaSpin-off de "Entre Facções". ______________________________________ Aysha agora com 18 anos, morando com seu pai, Allan Cooper, em uma das regiões mais seguras de São Paulo. Filha da fiel de um traficante e de um comandante da polícia federal. Vito...