Capítulo 16.

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Parecia loucura, mas a verdade é que a loucura vivia dentro do meu peito e aquela medida parecia a mais certa no momento.

Desejava explicações. Queria saber o porquê Menor havia feito aquilo com Pedro. Talvez eu estivesse me envolvendo demais em algo que não deveria.

- Por que ainda continua aqui? - perguntei assim que me aproximei o suficiente para que apenas ele escutasse.

- Eu moro aqui. - disse indiferente.

- Não... Ontem você disse que não ficaria mais aqui porque o Vitor tinha ferrado com tudo. Você disse que iria embora porque tinha receio de que eu abrisse a porra da minha boca. Você, em momento algum, disse que daria uma chance pra mim, mas ainda sim, continuou aqui.

- Aysha, nem tudo é o que tu pensa. As coisas não são tão fáceis assim. - cruzou os braços na altura do peito, atento ao que eu dizia.

- Por favor, Felipe, me fala logo o que tá acontecendo. - peço.

- É Menor. - ele corrige. - E não é nada demais, para de se preocupar a toa. - ele tenta se afastar mas seguro seu pulso em um movimento rápido.

- O Vitor novamente foi embora ontem. Pela segunda vez ele me deixou pra trás. - sussurrei a última frase. - Você não tem idéia do que é querer por quinze anos encontrar um cara que não quer ser encontrado e que foge quando as coisas começam a melhorar.

- Você só enxerga a si mesma. - diz e me calo instantaneamente. - Por quinze anos o Vitor se fechou pra essa porra, se droga toda vez que olha pra você e se afasta de qualquer mulher que tenta se aproximar demais. Tu só consegue enxergar o que você sente sem ter idéia de que Vitor sofre tanto quanto você, ou até mais. Ele foge do Pedro por sua culpa, foi por tua causa que ele matou o Marcos, e ele se encrencou com o Vidigal inteiro apenas pra salvar a porra da tua vida. Ele evita você porque ele perde a cabeça quando você vai embora.

- Eu nunca fui embora... - sussurro.

- Sabe por que eu tô aqui, Aysha? - não respondo e então, ele continua. - Porque ele é incapaz de deixar você sozinha com alguém que ele não confia. - ele faz uma pequena pausa antes de continuar. - Ele sempre tá por perto e tu nunca vê, talvez seja porque você está ocupada demais com o Pedro. - disse e saiu, levando consigo, o restante de dignidade dentro de mim.

"- Então primeiro você decida de quem você gosta, e depois tenta resolver a sua vida."

Nunca precisei decidir absolutamente nada, as respostas estavam gritando para serem percebidas logo a minha frente e eu fechava os olhos para algo tão óbvio.

Recolhi meus pertences do quarto e os coloquei de volta à mala.

Não importava se eu estava prestes a cometer o maior erro da minha vida. Eu necessitava errar por ele.

Desci as escadas carregando a pesada mala, e rapidamente, escrevi um pequeno bilhete, deixando-o em cima da mesa de centro.

Dispensei todos os comentários negativos que minha imaginação criava. Eu queria estar ali, e eu faria, não importando as consequências das minhas impetuosas ações.

Tive receio do que aconteceria quando Pedro visse o bilhete ali. Talvez estivesse sendo impulsiva demais naquele momento?

Balancei a cabeça negativamente e sai puxando a mala para fora daquela casa. Encarei a rua movimentada a procura de alguém não tão desconhecido.

Talvez o destino estivesse proveniente pela primeira vez ao meu favor. Logo do outro lado da rua, Menor estava encostado em seu carro. Chamei o mesmo e rapidamente ele se virou, me encarou por alguns segundos e mordeu o lábio inferior, visivelmente nervoso enquanto caminhava em minha direção.

A Filha do ComandanteOnde histórias criam vida. Descubra agora