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30 - O Bilhete

N/A: Voltei, e agora é pra valer. Podem agradecer à série Lúcifer que me inspirou demais a continuar a escrever. Talvez vocês entendam porquê depois de ler essa capítulo. Já fazia um bom tempo que eu queria escrever sobre esse assunto e achei que teria tudo a ver e ainda seria uma boa forma de finalizar a novel de forma digna, com bastante emoção, do jeito que ela merece. Obrigada mais uma vez pela paciência e carinho x)

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‒ Isso tudo é culpa sua.

Eric finalmente quebrou o silêncio insuportável dentro do carro. Mas ele continuava fitando a rua a sua frente, sem desviar seu olhar ou ter coragem de me encarar. Como nos últimos dias, ele encontraria mais uma razão para me culpar por algum problema. Apertei o volante na minha frente, respirando fundo.

‒ Foi um pouco engraçado, não acha? - tentei manter o clima leve, mas não consegui evitar o tom levemente sarcástico.

‒ Engraçado? Você acha isso engraçado?

‒ Eric, aquelas coordenadoras estão mais preocupadas como o que os outros pais vão falar do que com o que aconteceu de fato. Você sabe que não foi nada... na verdade, na minha época, fiz coisas bem piores.

‒ Fale sobre si mesmo...

‒ Eric, vamos lá. Não acha que está sendo muito radical?

‒ Radical? Não importa quantas vezes eu fale pra tomar mais cuidado, você continua atendendo o celular e falando sobre trabalho na frente dela. Você nunca mede as suas ações, esse é o problema.

Eu já estava um pouco cansado.

‒ Se isso é sobre tomar cuidado, quantas vezes já não falei pra você deslogar suas contas do computador depois de usar? Você sabe o quanto isso é perigoso? - tentei me segurar, mas as palavras foram saindo da minha boca.

‒ Não! De novo essa história? Você está ficando paranoico! - Eric começou a levantar a voz, então percebeu o que estava fazendo e recuou - Além do mais, você está desviando do assunto.

‒ Ah, sim, estou desviando do assunto. Nós já concordamos em chegar em casa e então conversarmos com ela sobre o que aconteceu, certo?

‒ Inacreditável. Você é inacreditável, Nathan!

‒ Tá ok, então você acha que sou culpado por isso... por que exatamente? - tentei ser racional.

‒ O fato de você não saber ou fingir não saber é o que torna tudo isso pior - pela primeira vez, sua voz parece de alguma forma partida, e então eu tive certeza de que aquela discussão na verdade era sobre outra coisa.

‒ Eric, eu sei que estamos tendo alguns problemas ultimamente, e tudo bem sabe? Isso é normal, é só uma fase.

‒ Você tem que tornar tudo sobre isso...? - Eric perguntou, bufando.

‒ Estou só dizendo que não temos que fazer nada só por obrigação.

‒ É engraçado você falar isso depois do que aconteceu semana passada! - Eu sabia que Eric ia chegar nisso uma hora.

Então finalmente me virei pra ele:

‒ Desculpa se comprei aqueles brinquedos online! Como eu ia adivinhar que a Tina abriria a caixa antes de eu chegar em casa?! Desculpa por fazer um esforço pra salvar nossa vida sexual, Eric!

Eric ficou vermelho como um tomate.

‒ Não acho que esse seja o lugar pra falar sobre isso... Não na frente dela - Eric bufou entredentes. Ele estava tão vermelho que parecia que ia explodir.