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11 - Pequeno Padawan

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Finalmente eu estava prestes a me livrar daquela porcaria de gesso. Não me lembrava de quantas vezes precisei da ajuda de alguém pra coçar por debaixo dele, sem contar a dificuldade que era usar a mão esquerda pra fazer qualquer coisa. Mas de repente, observando cada assinatura e cada desenho nele, me senti um pouco comovido... Não só meus amigos, mas também alguns dos alunos do curso de inglês deixaram suas marcas ali. Peguei o celular e tirei uma foto para registrar esse momento.

E então... eu estava livre.

Meu braço direito estava envolvido numa espécie de craca nojenta, e também parecia ligeiramente mais magro que o outro. Quando o estiquei, um estalo grande foi ouvido. Não só o som foi assustador mas a dor que se seguiu me deixou desnorteado.

No total eu poderia dizer que agora estava em 90%. Meu rosto havia se recuperado completamente, deixando uma cicatriz que ficaria cada vez menos aparente, e até mesmo os hematomas esverdeados foram clareando até sumirem. Meu abdome ainda estava sensível onde eu havia sido operado, mas de fato aquilo não chegava a atrapalhar. O corpo humano não é mesmo uma coisa maravilhosa?

Há pouco mais de um mês atrás eu era apenas um remendo do que restou após o acidente. Preso numa cama de hospital, totalmente dependente. Agora eu andava na rua como se nada tivesse acontecido, vivendo a vida como antes. A única diferença era que eu não me sentia mais como antes...

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- A primeira rodada é por minha conta - Ian colocou um copo de Guinness na minha frente (N/A: um tipo de cerveja).

Nós levantamos os copos um em direção ao outro.

- Um brinde ao meu amigo! Um verdadeiro sobrevivente! Já pode criar seu próprio programa Survivorman! [N/A: Survivorman é um programa de televisão exibido no Brasil pelo Discovery Channel].

- Um brinde a esse meu amigo... que está precisando de uma namorada!

- Nem te chamo mais pra sair, seu ingrato! - ele reclamou enquanto dava um grande gole na sua cerveja.

- É por isso mesmo... você não tem mais ninguém pra sair com você num sábado a noite?

- Vai se foder! E você?

- Eu?! Eu poderia estar abraçado debaixo das cobertas maratonando série na Netflix com meu amor... não me compare com uma pessoa solteira!

Ele riu e praguejou antes de continuar:

- Então você vai na minha festa de aniversário? Muitas garotas, música e biritas das mais tops - ele disse aquela frase como se fosse revendedor da topshop.

- Está tentando me convencer...?

- Porra! Hahaha...

- Eu vou, eu vou - digo antes de terminar com aquele copo num gole só - Garçom, trás mais uma!

Eu estava realmente precisando daquilo depois de passar semanas tomando antibióticos e vivendo em prisão domiciliar. Como resultado daquela saída com Ian, eu cheguei na casa de Eric um pouco bêbado. Foi sorte que seus pais não estavam em casa, ou então teriam me visto levar um capote na escada.

- Jesus, o que tem de errado com você? - Eric me fitou com seus olhos impiedosos antes de me ajudar a se levantar, e então chegando em seu quarto, ele apenas me largou em sua cama, tomando o cuidado de tirar meus sapatos.

Ele estava prestes a dar meia volta quando eu o agarro pela cintura e faço seu corpo cair em cima de mim na cama. Ele tenta se levantar, mas eu não deixo, então ele apenas se rende, largando todo seu peso em mim. O giro na cama sem muita dificuldade e me deito sobre ele, usando seu peito como travesseiro.