28 - O professor e o capitão

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N/A: Nem sei o que dizer desse capítulo, mas a cada página escrita sinto que encontrei o verdadeiro significado do que é bittersweet... enjoy ❤


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‒ Desculpa, eu acordei você?

Mesmo na escuridão, meus olhos conseguiram identificar a figura parada no meio do quarto, muito próxima do berço, o que me fez estremecer com a súbita realização de que não era um sonho... era real, ele estava mesmo ali.

‒ Você veio...? - perguntei, esfregando os olhos.

Eric sorriu, como se caçoasse do meu súbito entusiasmo. Levantei da poltrona desconfortável, passando pela cama onde Fran dormia tranquilamente, apesar de seu rosto mostrar todo o cansaço do dia anterior, parando ao lado dele.

‒ Assim que recebi suas mensagens, peguei o primeiro vôo pra cá...

Mensagens? Não me lembrava de ter mandado mensagens, e no meio daquela confusão... Eu não estava pensando direito.

Mas o olhar de Eric estava perdido na figura diminuta que dormia no berço, e de repente seu dedo estava completamente enlaçado por aqueles dedinhos minúsculos.

‒ É menino, ou menina? - ele perguntou sem desviar o olhar.

De alguma forma Eric havia mudado tanto que agora era capaz de lançar um olhar terno para uma criança, o que era uma coisa que de repente me deixou muito comovido.

‒ Menina. O nome dela é Isis... como aquela deusa egípcia - respondo com a voz suave.

‒ Ela parece com você. Acho que é o nariz... ou essa leve cara de joelho...

Reviro os olhos.

‒ Então, a gente nunca vai saber qual doador eles usaram? - Eric pergunta, sabendo que aqueles dois vales que demos de presente de casamento não foram apenas uma brincadeira e tiveram alguma utilidade, afinal de contas.

‒ Não, elas preferiram assim... e meio que não importa, não é?

‒ Não... - seus olhos encontram os meus - meio que não importa.

Por um momento, era quase como se só existisse nós dois naquele quarto, e eu queria abraçá-lo e dizer que contei cada segundo para estar ao seu lado de novo.

‒ Ei, será que dá pra vocês serem menos românticos? Tem uma mulher nesse quarto que acabou de parir uma criança, pelo amor! Minhas partes baixas nunca mais serão as mesmas!

Era Fran. Eu ainda podia sentir a dor na minha cabeça, no lugar dos cabelos que ela arrancou na noite anterior, durante o parto. Por alguma razão, as imagens daquela noite... eu não esqueceria tão fácil.

De repente, um berro estridente e desesperado ressoou pelo quarto.

‒ Ah, não... ela quer mamar de novo?! - Fran parecia ainda mais desesperada nesse novo lance de ser mãe.

Tirei Isis do berço e cuidadosamente a coloquei no colo de Fran.

‒ A gente vai te deixar mais a vontade.

‒ Não! - ela gritou - Não me deixe sozinha com ela! E se... E se eu deixar ela cair?

Me sento ao seu lado na cama, afagando seus cabelos e a confortando.

‒ Você não vai deixá-la cair.

‒ Como você sabe disso?! - Fran parecia realmente insegura - E se algo ruim acontecer...? A Ju nunca vai me perdoar...

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