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Eric abre o envelope hesitante, retirando a carta de dentro, seus olhos se movendo rapidamente enquanto a lia. Quando finalmente termina, ele amassa o papel entre seus dedos, uma ponta de frustração crescendo no fundo de seus olhos.
- Isso faz algum sentido?! Você não se alistou faz tempo? Pensei que tivesse sido liberado...
- Pois é... não fui... - minha voz soou como um eco sombrio pelo quarto.
No ano em que eu fiz 18 anos, eu estava no ensino médio, por isso demorei mais um ano pra ser chamado. A questão que pairava sobre nós dois, Eric já devia ter se dado conta a essa altura. Já que o quartel ficava em outra cidade, eu provavelmente viveria no dormitório e voltaria pra casa de tempos em tempos. Além disso, como a rotina é rígida, não era como se pudéssemos conversar durante o dia. Isso queria dizer que não teríamos muito tempo pra ficarmos juntos...
- Não me diga... você realmente está pensando em fazer isso? - A voz de Eric parecia mais dura a cada palavra.
- Eu tenho alguma escolha, Eric? Você acha que posso facilmente me livrar dessa convocação?
- Sim, eu acho! Vejo um monte de gente fazendo isso o tempo todo!
Estico meus braços e afago a cabeça de Eric em meu peito.
- Eric, escute... O que restou pra mim, afinal? Estou tão perdido... Depois do acidente, eu nunca encontrei a motivação para continuar a estudar. Existe alguma coisa em que eu sou realmente bom ou algo que eu tenha vontade de fazer?
Ele nunca pareceu tão triste ou decepcionado como naquele momento. Com seu olhar perdido no nada, eu sabia que ele estava ruminando alguma coisa dentro de si. Eu gostaria de poder explicar todas aquelas emoções que fluíam em mim há bastante tempo, mas eu não conseguiria fazer isso sem magoá-lo...
- Então é assim? Você simplesmente vai embora sem saber quando vai voltar? - ele pergunta, sua voz sentenciosa fazendo meu coração se apertar ainda mais.
- Não torne isso ainda mais difícil... - eu digo, enquanto tento ao mesmo tempo me convencer disso também.
- É você que está tornando isso tão difícil! - ele se afasta me empurrando pelo peito, visivelmente perdendo a paciência.
- Eu não menti quando disse que estava perdido... Se eu não consigo decidir minha vida por mim mesmo, que mal há em deixar que decidam por mim por enquanto?
- Nathan, você está me deixando irritado de verdade... - Eric diz entredentes.
- Se está irritado, então me dê um soco - eu não estava brincando.
- Não vou te dar um soco!
- Por que não? Eu sei que você quer fazer isso. Vamos! Apenas me dê um soco bem no meio da minha cara! - eu o provoco.
Na verdade tenho essa tendência masoquista sempre que percebo que estou ficando sem argumentos numa discussão.
- EU NÃO VOU BATER EM VOCÊ!
- SE VOCÊ NÃO ME BATER, EU VOU BATER EM VOCÊ!
De repente, sinto um impacto bem no meio do rosto, e caio pra trás com algo quente escorrendo pelo meu nariz... Ele me deu um soco de verdade! Começo a rir... afinal, não achei que ele realmente tivesse a coragem de fazer isso.
- E você ainda ri, seu cretino filho da puta? - apesar do seu tom de voz, percebo que Eric agora está mais relaxado.
Eu caio na cama, levando-o junto comigo.
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Romance"Eu não era do tipo de cara que acreditava que algo pudesse durar para sempre. Existiu um tempo em que eu achei que não podia gostar de alguém tanto assim. A maior parte do tempo eu estava apenas.... existindo. Mas às vezes encontramos pessoas em no...