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Quando abri os olhos, não pude acreditar...
...Porra! Eu ainda estou vivo?
- Você está acordando? - essa voz veio de muito perto de mim, mas eu só podia ver um borrão - Quantos dedos tem aqui?
- O que aconteceu...?
Eu mal podia mexer meu próprio corpo, era como se eu flutuasse numa onda esquisita, preso entre a consciência e a não existência. Então aqueles flashs do acidente tomaram conta do meu cérebro, e eu só podia pensar em uma coisa...
- Eric... como... ele está? - Até mesmo falar era difícil.
- Não se preocupe, ele está bem. Ele teve apenas uma concussão.
Mesmo que aquela pessoa dissesse isso, eu só acreditaria vendo.
Quando finalmente consegui me mexer, a enfermeira ficou assustada e colocou a mão sobre meu peito, me forçando a deitar novamente.
- Não tem jeito, vou ter que te dar um sedativo - ela já mexia no soro e não havia nada que eu pudesse fazer para impedi-la.
De repente aquela sensação de estar sendo puxado para dentro da cama, sendo enterrado mais e mais fundo... Não! Eu preciso vê-lo...
Adormeci.
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Foi assim por um bom tempo, alternando entre a consciência e o sono profundo, eu podia ouvir vozes, mas de repente elas já estavam muito distantes...
- Ele continua perguntando por aquele garoto...
- E como ele está? - Era a voz da minha mãe! Aquela voz me deixou emocionado, de repente me senti como um menino buscando o colo da sua mãe. Mas eu nem ao menos tinha forças pra chamar por ela.
Ela andou até mim e se sentou ao meu lado, segurando minha mão firme mas gentilmente. Ela afasta meu cabelo, e aquele toque finalmente me conforta. Já não me sinto tão sozinho... eu gostaria de poder ter dito isso pra ela naquele momento. Ela beija a minha testa e quando me dou conta, já não estou mais lá.
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Sou acordado pelas vozes discutindo do lado de fora do meu quarto.
- Seu filho é um irresponsável! E quanto a você? Como deixou isso acontecer? Como pode deixar ele pegar o carro se ele ainda é tão inexperiente???
- Vocês já deveriam saber agora que o Nat não é esse tipo de pessoa! Ele é muito responsável, ou então eu não confiaria nele tanto assim. Além do mais, um acidente assim pode acontecer com qualquer pessoa, experiente ou não! Devemos agradecer porque nada mais grave aconteceu com eles!
Quando a minha mãe me defendia assim, eu me sentia ainda mais culpado. A culpa era toda minha! Eu que estava com raiva! Eu que não prestei atenção!
- Se me derem licença, meu filho precisa descansar agora!
- Estamos levando Eric pra casa essa noite. Vamos nos certificar que eles não se encontrem mais.
- Vocês acham que pode separar essas duas crianças? Vocês podem muito bem tentar! Se vocês soubessem como eles se amam, não chegariam ao ponto de dizer esses absurdos...
- Amam...? Amar??? Não está indo longe demais?!
- O que quer dizer com isso?
De repente, a voz grave do pai de Eric soa, impositiva:
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Romance"Eu não era do tipo de cara que acreditava que algo pudesse durar para sempre. Existiu um tempo em que eu achei que não podia gostar de alguém tanto assim. A maior parte do tempo eu estava apenas.... existindo. Mas às vezes encontramos pessoas em no...