Quatro meses depois

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Já se passara quatro meses desde a morte da minha mãe, confesso que ainda não consegui tomar um rumo pra minha vida. Já comecei a cursar o que eu tanto sonhava, estou morando com meu pai em meu apartamento, mas nada, nada mesmo, supre a falta que sinto da minha velhinha. Ela era a pessoa mais importante da minha vida, meu pai está em um mundo só dele desde aquele dia no hospital, nós fechamos a casa e hoje é o dia em que eu voltarei e tirarei as nossas coisas de lá. Meu pai não quer mais voltar para nossa antiga casa, então vamos alugar. Assim ele terá alguma forma de sustento, e eu com toda certeza não o deixarei enfrentar isso sozinho. Sou a única filha e com certeza não abandonarei meu pai. 

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DIA DO VELÓRIO. (Quatro meses atras)

Estávamos todos derrubados com aquilo que havia acontecido, eu não sabia o que deveria fazer. Stefan me ajudou em todo o momento, quando eu e meu pai entramos na nossa casa senti um vazio enorme no meu peito, fui até meu antigo quarto, olhei em volta e vi que tudo estava do jeitinho que minha mãe deixou. Eu não queria mexer em nada, tudo tinha um toque especial o toque dela. Fui até o quarto dela e tudo estava em ordem, preferi não mexer em absolutamente nada. Fui até a cozinha e abri a geladeira, lá estava a comidinha que ela havia preparado para ela e meu pai comerem. Estava tudo limpinho, do jeito que minha mãe sempre deixava as coisas, cada passo que eu dava era uma facada em meu coração. Eu nunca mais a veria, isso já era o fim pra mim. 

Meu pai subiu para tomar um banho, Stefan saiu para arrumar as coisas do velório. E eu fiquei sentada desolada na sala da minha antiga casinha. A campainha tocou, e quando eu abri a porta ele estava lá. Meu querido professor, ele não disse nada. Ele somente me abraçou e eu desmoronei.

- Eu não vou conseguir enfrentar isso Renan.

- Você vai sim Clery, você é forte. Sempre foi, você me ajudou a superar. Você consegue eu sei que consegue.

- Mas minha mãe...

- Eu sei o quanto ela era importante pra você Cléo. Mas ela se foi sabendo que você estava bem.

- Eu não posso Renan eu não consIgo dói demais.

- Eu sei que dói, Cléo olha pra mim.

Eu olhei para aqueles lindos olhos cor de mel, ele não me forçou a beija-lo. Nem sequer pensou nisso, ele só fez eu confiar em mim.

- Você consegue enfrentar, você cresceu. Não é mais aquela garota frágil, agora você é uma mulher forte. Você tem uma vida pela frente, seu pai precisa de você. Agora você tem uma nova vida Clery, um novo amor. Viva pra isso, a dor passa, ela demora mais eu sei que ela passa. 

Então eu chorei mais, e ele me deu um beijo na testa. Quando me sentei no sofá, Stefan chegou.

- Renan o que faz aqui?

- Eu vim vê- la...

Eu olhei para ele, mas ele não esboçou raiva, ele estava tão abalado quanto eu e por mais que ele soubesse que meu amor e de Renan permanecia. Ele abraçou Renan e agradeceu pela ida dele até lá. Eu me despedi de Renan e subi para ver como meu pai estava. E os dois ficaram lá embaixo conversando, eu não queria saber de amor nesse momento, eu queria chorar e gritar, queria que alguém falasse que aquilo não era real. Mas eu não tinha mais pra onde correr, era real e eu precisava enfrentar aquela guerra dentro de mim. 

Quando chegamos no velório olhei minha mãe naquele caixão me aproximei e a abracei, mas a expressão facial dela não era de alguém que sofreu, ela era jovem. Havia pouca rugas em seu rosto e eu sabia que ela havia ido embora mas ela estava em paz, Conhecia mais de qualquer coisa o semblante da minha mãe. Meu pai entrou e segurou a mão dela e aos poucos as pessoas foram chegando..

QUERIDO PROFESSOR 2 (CONCLUÍDO)Onde histórias criam vida. Descubra agora