Por Beatriz:
- Posso saber por que seu cartão de crédito já está bloqueado?- meu pai exige com os olhos atentos na pequena tela do notebook.
A culpa não era minha, já que, havia tempos que eu precisava de pincéis de pintura e canetas permanentes, a única coisa que posso ser culpada é de ter comprado uma dúzia de cada item além de ser do mais caro e resistente.
Meu pai às vezes- ou melhor- nunca, me entende. Eu compro as coisas quando realmente necessito, confesso que às vezes eu acabo exagerando mas é por uma boa causa, pelo menos já tenho meus materiais para começar na faculdade.
- Não vou negar que andei gastando bastante com meus materiais para faculdade, mas não foi quase nada papai!- ele não faz questão de me olhar então prossigo:- O banco deve estar de marcação comigo, é a terceira vez que isso acontece no mês!- reclamo.
Era sempre assim, Mariano Urquiza, aproveitava seu desjejum para reclamar do que eu fiz ou do que deixei de fazer. Ontem mesmo ele reclamou que estou chegando muito tarde e agora preciso está em casa as dez da noite em ponto se não ele cancela minha preciosa vaga na universidade de Oxford.
Prezo muito aquela vaga, mais do que o carro que ganhei dois meses atrás- que por acaso foi confiscado pelo meu pai dois dias atrás. Tive que passar o meu terceiro ano inteiro fazendo trabalhos extra curriculares, além de fazer vários cursos para ficar fluente no inglês. E agora que está quase chegando a hora de viajar para Inglaterra estou mais ansiosa que nunca e nada pode dar errado!
Fiz minha rotina completa, espero que minha colega de quarto seja tão dedicada quanto eu, porquê ela terá que me aguentar com bastante paciência. Acho difícil já que meu pai perdeu a dele a anos, para ser mais exata quando eu comecei a gastar toda minha mesada e ter a cara de pau de pedir mais uma quantia antes do prazo. Tenho certeza de que ele nem vai sentir minha falta.
- Agora os bancos tem culpa de você ser tão consumista?- ele murmura sem interesse.- Arrume uma desculpa melhor da próxima vez!
- Mas pelo menos você vai pagar a dívida para que eles desbloqueem os cartões?- pergunto cheia de esperanças.
- Engano seu querida, vou confiscar seus cartões até o dia de sua viagem. Até lá, pense que o dinheiro não cai das árvores não!
Não! Meu mundo está acabado! Como vou comprar as outras coisas da minha 'pequena' lista de coisas que preciso para poder viajar?
- Por favor, não faça isso! Já estou sem carro, sem horário limitado e agora você vai tirar meus cartões?- levanto da mesa e vou até onde ele está sentado e fico ali parada.- Me diz que não vai fazer isso!- imploro fazendo uma cara fofa.
- Já tomei minha decisão e se você tentar me persuadir mais uma vez, sua tão sonhada vaga desaparecerá igual todos os benefícios que te dei e você não soube desfrutar!- ele se levantou da cadeira e pegou sua xícara de café nas mãos.- Tenha um bom dia, querida!
Me deu beijo na testa e saiu da sala de jantar.
Só duas semanas e você volta a passar o cartão! Só duas semanas.
***
Desço do carro com meus saltos mais caros- que havia comprado três semanas atrás- e agradeço ao motorista por ter tirado todas as minhas cinco malas do porta-malas de seu carro.
Na verdade seriam sete malas mas eu consegui reduzir duas depois de meu pai reclamar como sempre faz. Esqueci varias coisas, mas nada que meu novo cartão de crédito blindado não consiga comprar.
Sem saber o que fazer e nem pra onde ir esperei a diretora aparecer para me receber. Nada. Não acredito que o papai não avisou a ela que eu tinha chegado, pedi um milhão de vezes para ele avisar quando eu estivesse em solo britânico.
Por sorte um funcionário da universidade apareceu e eu o chamei apressada.
- Será que você poderia chamar a diretora para mim, por favor. Diz que é a senhorita Urquiza!- peço com educação sem demosntar impaciência.
- Desculpe mas ela está ocupada em sua sala!- o funcionário comunicou.
Depois de algum tempo persuadindo ele aceitou ficar de olho em minhas malas enquanto eu ia até a diretoria falar com a diretora. O trajeto foi bem fácil, até porque, eu estava quase ao lado do espaço dedicado aos funcionários superiores da universidade.
A espera foi longa e quando a diretora me permitiu que eu entrasse saltitei ligeiramente do pequeno sofá duro da sala de espera.
- Senhorita Urquiza!- a velha senhora me saudou acompanhado de um aceno.- Acabei de falar com seu pai...
- Ah ele só te avisou agora que eu havia chegado? Faz uma hora que estou esperando!- reclamo exagerando um pouquinho.
Na verdade fiquei esperando uns vinte minutos mas se não fosse dramática ela não acreditaria em mim.
- Tivemos alguns probleminhas na nossa linha telefônica!- ela afirmou como segurança.
- Por isso que usamos em casa a melhor linha telefônica, para não ocorrer esses tipos de problemas! Se quiser te passo o contato depois!- ela sorri tentando parecer simpática, mas estava estampado em sua cara que ela pensava que eu era uma garota mimada e fútil.
Não tenho culpa de ter nascido com um pai rico, só posso aceitar e desfrutar do melhor jeito que posso, gastando.
- Então, meu dormitório fica aonde? Será que você pode mandar alguém levar minhas malas para lá, estou tão cansada da viagem.
Ela me olha com um sorriso de deboche entre os lábios, franzo o cenho esperando as piores palavras sairem de sua boca.
- Infelizmente os dormitórios estão todos ocupados, senhorita Urquiza...
- E é claro que vocês vão conseguir que alguém saía para que eu possa entrar, estou certa?- questiono cruzando impaciente os braços sobre o busto.
Não é possível que uma universidade tão grande e importante, não tenha nenhum dormitório vago! Tem alguma coisa errada nisso e aposto que meu querido pai tem algum tipo de envolvimento.
- Errado. Entrei em contato com uma fraternidade do campus e eles vão te receber na casa deles. Seu pai está ciente de tudo e concordou com a decisão!
Eu só posso está tendo um pesadelo, um pesadelo mil vezes pior do que eu tive duas semanas atrás onde meu pai quebrava todos meu cartões e ainda por cima ria diabolicamente.
Uma fraternidade? Eu já estava achando ruim dividir um quarto, imagine uma casa? Sem dúvida essa é a pior coisa que me poderia acontecer! O que eu fiz de ruim pra merecer isso?
- Aqui está o endereço,- ela me entraga um papel com uns rabiscos que chamava de letra dando para ver as unhas que estavam bem pintadas de amarelo, me lembra meu look de ano novo do ano passado eu arrasei num vestido amarelo.- Seja bem-vinda a universidade de Oxford!
Bem-vinda uma ova! Nenhum quarto decente se pode ter! Quero ver o resto, será que na sala de aula tem lugares contados? Porque só me falta isso! Não sei porque estou pagando uma coisa que nem se pode ter.
Isso que era pra tudo dar certo imagine se fosse para dar errado!

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Morando Em Uma Fraternidade- Binuel
FanfikceBeatriz Urquiza está começando seu primeiro ano na universidade de Oxford, longe de seu pai e de sua casa. Tudo estava mil maravilhas, até ela descobrir que teria que conviver em uma casa com dez garotos. Em uma fraternidade onde a festa rola solta...