A path of no return

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Por Beatriz:

- Diga que é uma coisa importantíssima, para você estar me ligando a essa hora da madrugada!- Helena disse pausadamente com certa sonolência na voz, assim que atendeu minha chamada.

- Nós nos beijamos!- afirmei simplesmente, ignorando minha mente que ainda não raciocinava direito.

- Você diz como se eu soubesse quem...- ela parou de falar de repente e soltou um gritinho de empolgação.- Você e o Manuel se beijaram? Aleluia, posso dizer que Deus escutou minhas orações! Vocês são tão enrolados que eu estava pensando que teria que ir te visitar antes do seu aniversário, para juntar vocês dois!- dramatizou ela com ironia. Apenas revirei os olhos, preciso de sua ajuda e por isso tenho que ouvir seus exageros.

- Helena me escuta, essa situação não é para ser comemorada!- digo rapidamente mas no mesmo instante ela me cortou.

- O beijo foi bom?- perguntou com certa malicia, o que me fez soltar um suspiro de impaciência.- Se bem que ele deve beijar bem, né!- respondeu ela em seguida para me irritar mais ainda.

- Você não está entendendo a gravidade das coisas, Helena!- alertei em tom desesperado, em mesmo de um segundo ela estava rindo.- O que eu vou fazer com a Mara?

Minha cabeça estava tão confusa. A maior parte de mim gostou do beijo, é como se uma chama se acendeu em mim e ela não quer se apagar, porém a outra parte teme por ter deixado isso acontecer, por saber que as consequências serão terríveis e possivelmente sem voltas.

Acho que eu nunca me odiei tanto, eu deveria ter imaginado que isso aconteceria, mas às vezes o óbvio não passa pela minha mente. Agora ambos de nós dois estamos feridos. Mesmo eu não tendo visto o semblante de Manuel antes dele sair de meu quarto, eu sei que ele estava triste ou talvez bravo comigo. Mas o que eu posso fazer? A culpa não é minha, eu só não quero que ninguém sofra por mim.

- Você terá que contar a verdade, Bia. Eu sei que é o mais difícil, mas imagine se ela descobre sozinha? Dai sim que você perderia uma amiga. Ela vai te entender de qualquer forma, só você dizer a verdade. Sério, conta tudo pra ela. Conte que o Manuel está super afim de você e que você gosta dele também e depois conte do beijo de vocês!- explicou ela de um modo simples, como se quisesse demonstrar que dizer tudo aquilo era facil. Contudo eu não sentia coragem o suficiente para fazer isso.

- Não tenho outra saída?- questiono fazendo uma careta de dor.

- Ah por favor, Beatriz! Você sabe muito bem que esse é o único jeito!- ela literalmente gritou já sem paciência.

Não esse não é a melhor opção, tem que haver outra coisa que me impeça de contar toda a verdade na cara da Mara. Preciso pensar mais, nem que eu esconda isso dela por um bom tempo.

- Vou ver o que faço, Helena!- digo sem dar a entender que eu não seguiria seu conselho. Já tem muita pressão sobre mim e se minha irmã resolver colocar mais, não vou aguentar.

- Posso voltar a dormir agora?- perguntou logo depois de um longo bocejo.

- Me liga depois?

- Tchau Urquiza!- ignorou minha pergunta e desligou a chamada.

Me sentei em minha cama sentindo o cansaço bater sobre meu corpo. O dia havia pesado muito e agora mais essa coisa para eu me preocupar. Calcei meus chinelos e sai de meu quarto fechando a porta logo atrás de mim. A desorganização da casa estava terrível, mas por sorte ninguém mais estava dançando na sala ou colocando a música no último volume, todos dormiam agora.

Cheguei a cozinha procurando pelo tenebroso escuro o interruptor para que eu pudesse acender a luz, assim que eu o escontrei apertei no botão e acendi as luzes sentindo um certo alívio. Não sou muito amiga da escuridão. Paro em frente da geladeira, a abro rapidamente, mas logo a fecho pois de algum jeito esqueci o que queria pegar. Depois de longos minutos raciocinando, puxo de dentro da caixa de metal a garrafa d'água e a ponho em cima da pia para poder procurar um copo no armário. Enchi o copo com o maior cuidado para não derrubar e tomei um gole desfrutando de minha paz temporária. De repente senti duas mãos segurando minha cintura, meu corpo se tensionou mais e levemente mordi o canto de meu lábio inferior.

Morando Em Uma Fraternidade- BinuelOnde histórias criam vida. Descubra agora