Por Beatriz:
Agora consigo entender o porquê de não levar muitas malas em uma viagem e eu estava pagando o preço de ter que carregar as minhas cinco malas até a fraternidade, que não era nada perto do campus estudantil.
Ficar descalça no asfalto da rua enquanto carregava um monte de malas pesadas era uma cena que pensei nunca viver, até mesmo quando meu pai confiscou minha bicicleta porque eu a estragava pelo menos uma vez por semana e eu tive que ir e voltar à pé no sol escaldante do meio-dia.
Eu posso até ser um pouquinho desastrada, mas não mereço sofrer tanto assim por algumas besteiras nada sensatas da minha parte no passado. Meu dia está indo tão ruim que não será uma surpresa se terminar pior do que começou.
Olho mil vezes para o número da casa para ver se não era engano meu e estava correto eu enfim havia conseguido chagar a tal fraternidade.
Por fora a casa tinha cara de ser bem organizada e acentuada, na varanda havia alguns bancos e duas poltronas. O jardim não estava lá muito essas coisas, mas dava para passar. Tudo parecia escuro do lado de dentro, será que eles resolveram fazer uma festa surpresa para comemorar minha chegada?
Sem nenhuma enrolação deixei minhas malas no jardim e subi os degraus da varanda saltitando de ansiedade. Toquei a companhia e nada. Fiz novamente, silêncio.
Quando disse que meu dia podia ficar pior, eu estava certa. Como pode não ter absolutamente ninguém na casa? Tipo, se a diretora havia entrado contato com eles, o mais certo seria pelo menos ter alguém me esperando.
- Alguém?- grito rapidamente enquanto batia a palma de minhas mãos uma na outra tentando fazer o máximo de barulho possível.- Droga!- amaldiçoou.
Olhei na direção da poltrona e ela parecia dizer: é melhor esperar sentada porque em pé vai cansar. Me sentei na mesma logo depois de limpar com minha mão qualquer sujeira que estivesse impregnada nela.
Meu look estava tão deslumbrante que não seria uma poltrona velha de uma fraternidade que o ia estragar. Averiguei até o clima antes de me enfiar nessa vestido!
Peguei meu pequeno bloco de notas e comecei a esboçar a paisagem que estava a minha frente. Desde pequena, sempre gostei de desenhar, é uma maneira muito boa de se expressar, afinal, eu posso estar desenhando uma paisagem mas se meus sentimentos estiverem deprimentes o desenho acaba tendo uma outra percepção.
Sombreei todo o desenho depois de pronto e o analisei perfeitamente. Sou uma pessoa totalmente perfeccionista, tudo tem que está no seu devido lugar e perfeitamente organizado, se não, aquela coisa fica remoendo minha cabeça por longos dias. Acho que isso foi a única coisa que puxei de meu pai, já que meu excessivo consumismo foi de minha mãe.
Os minutos pareciam se arrastar de tão enrrolados que passavam, mas uma coisa que não estava ao meu favor, o tempo. Diversas coisas que eu havia ainda de fazer me atormentavam me deixando totalmente nervosa. A minha pequena rotina parecia gritar em minha mente como forma de tormento.
Me levantei da poltrona o que causou um longo ruído aterrorizante da mesma. Passei a andar para lá e para cá, meus saltos provocavam um barulho em meio o silencioso insurdecedor. De repente meu telefone começou a tocar alarmando todo o ambiente, corri até minha bolsa e o tirei cuidadosamente dela vendo quem era a bendita pessoa a me ligar. Helena, minha irmã.
- Alô, maninha! Como está indo o dia mais incrível de todos os dias mais incríveis de Beatriz Urquiza?- ela questiona me fazendo suspirar pesadamente.
Resolvo me sentar na velha poltrona rapidamente.
- Mais péssimo do que o dia mais terrível de todos os dias terríveis de Beatriz Urquiza!- choramingo colocando a ligação em viva-voz.- Por favor, me diga que seu dia está melhor.- imploro.
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Morando Em Uma Fraternidade- Binuel
FanfictionBeatriz Urquiza está começando seu primeiro ano na universidade de Oxford, longe de seu pai e de sua casa. Tudo estava mil maravilhas, até ela descobrir que teria que conviver em uma casa com dez garotos. Em uma fraternidade onde a festa rola solta...