Por Beatriz:
- Que som é esse?- perguntei com um mal-humor irreconhecível. Acordar no meio de um sonho é a pior coisa.
Tirei as vendas aveludadas de meus olhos as deixando presa em minha cabeça, sem muita força me sentei na cama e cocei meus olhos que ansiavam para serem fechados, um leve bocejo escapou de meus lábios e automaticamente meus braços se levantaram tirando toda a preguiça que ainda restava. Direcionei meu olhar até a janela para ver se o barulho alto vinha de lá, mas não obtive nada. Ao por os pés no chão, fui direto escolher uma roupa para mim vestir e ao encontra-la puxei uma toalha branca de um dos compartimentos do armário e parti em direção ao banheiro torcendo mentalmente para que ninguém estivesse lá.
- Tem alguém aí?- questionei cautelosamente dando algumas batidinhas na porta.
Um minuto de silêncio e nada veio em resposta, encostei o ouvido perto da porta e escutei um cantarolar baixinho.
Droga, eu tenho uma má sorte. Eu deveria ter um banheiro privado, não compartilhado.
Me encostei na parede esperando a beldade sair do seu palco improvisado. O tempo foi tão grande que pude ver todos os garotos sairem de seus quartos e formarem uma fila atrás de mim. Eu, Pietro, Marcos, Jhon e Alex. Soltei uma risada já que eles teriam que esperar meu banho, eu meio que gosto de um banho demorado para pensar na vida.
Já sem paciência com a demora absurda, comecei a bater na porta de um jeito brusco gritando e xingando quem quer que estivesse dentro desse banheiro. Depois de cinco minutos fazendo um verdadeiro escândalo, Jandino abriu a porta com um sorriso inocente e uma escova de cabelo na mão. Analisei sua roupa e ele não parecia ter tomado banho e nem nada, ao perceber que ele estava trancado no banheiro praticando um nadismo, me enchi de raiva.
- O que você estava fazendo?- questionei entre dentes quase pulando no pescoço dele.
- Estava treinando meu canto para a festa de hoje, as gatinhas vão pirar!- afirmou ele jogando os ombros para trás como se aquilo fosse algo absurdamente normal. Mas sua expressão mudou assim que ele viu minha cara de poucos amigos.- Quer escutar?- perguntou tentando se safar.
- SAÍA DA MINHA FRENTE ANTES QUE EU LHE DE SOCO NESSA SUA CARA!- esbravejei escutando de fundo as risadas dos outros garotos ali presentes.
Jandino me analisou e percebeu que eu não estava brincando, juntou suas coisas e saiu em dois pulos do banheiro. Lancei um sorriso de "uma pena que vocês terão que me esperar" para os garotos e entrei no banheito trancando a porta atrás de mim.
Tirei minha roupa sem ao menos sentir um pingo de frio, entrei no box já ligando o chuveiro e o regulando na temperatura adequada. Conforme a água morna ia caindo pelo meu corpo, meus músculos iam relaxando, esvaindo toda a preguiça que restava. Em determinado momento enquanto massagiava meus cabelos, me peguei lembrando da loucura que eu e Manuel havíamos começado na noite anterior. Parece tão clichê, mas estou gostando desse clichê, do meu clichê. Mesmo que fosse uma relações as escondidas, parecia que nós já tinhamos um relacionamento sério. Espero que dure até ser oficial.
Termino meu banho o mais rápido possível desligando o chuveiro. Alcanço minha toalha que estava pendurada no vidro do box e enchugo toda a água do meu corpo para depois me enrolar na toalha, saiu do box percendo que não havia pego minha roupa para trazer ao banheiro. Uma dúvida enorme se preencheu em mim, e se eu saisse do banheiro assim? Não tem nada o que eles verem, até porque a toalha cobre tudo. Sem pensar mais, juntei minhas coisas e abri a porta já saindo para o lado de fora. Pude notar os olhos dos garotos em mim e aquilo me fez sentir constrangida.
Apertei o passo e entrei em meu quarto, tranquei a porta e respirei aliviada pelo constrangimento ter passado. Mentalmente me obriguei a nunca mais esquecer nada que realmente preciso. Me troquei abusando de minha calmaria e cuidadosamente penteie meus cabelos os deixando soltos para secar com mais facilidade. Ouvi o ronco de meu estômago que dava sinal que precisava de algum alimento.
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Morando Em Uma Fraternidade- Binuel
Fiksi PenggemarBeatriz Urquiza está começando seu primeiro ano na universidade de Oxford, longe de seu pai e de sua casa. Tudo estava mil maravilhas, até ela descobrir que teria que conviver em uma casa com dez garotos. Em uma fraternidade onde a festa rola solta...