Por Beatriz:
A noite havia chegado sem que eu ao menos tivesse percebido e ao sair de casa, ao lado de Manuel, pude sentir o frio tocar meu corpo descoberto. Não imaginei que estaria tão frio e por isso esqueci de me agasalhar, antes de descer do quarto. Continuamos seguindo pela calçada da rua, não tínhamos rumo, só estavamos ali para ninguém nos atrapalhar. Com a cabeça baixa, sem nem olhar para onde estava indo, eu pensava em como eu tinha coragem para fazer a loucura que eu estava prestes a fazer. Aquilo era errado, mas parecia o certo para mim.
Manuel no começo relutou um pouco para aceitar em ter uma conversa comigo e é claro que isso me deixou triste. Ele estava realmente magoado comigo e só aceitou por pena. Porém ele não é o único que está bravo comigo, eu também estou.
A cada passo que dava, eu sentia que estava atrasando o assunto. Ele não havia falado nada assim que saimos de casa e possivelmente não falaria até que eu me pronunciasse. Enguli em seco juntando toda a força e coragem que restava em meu ser, Manuel encurtou o passo e se juntou a mim, estavamos lado a lado. Me contive para não olha-lo e respirei fundo para dizer:
- O que você realmente senti por mim?- perguntei sentindo meu coração quase sair do peito. Lentamente meus olhos se conectaram com os dele me causando mais descontrole.
Seu olhar brilhava e por um tempo imaginei que ele tivesse gostado da pergunta, mas assim que um sorriso triste alcançou seus lábios, eu fui obrigada a me retrair.
- Às vezes eu acho esse seu jeito de ver as coisas a sua frente e não perceber nada, fascinante!- disse ele dando a volta em minha pergunta. É bem a cara dele tirar o foco do assunto. Mas antes que eu lhe desse uma bronca o mesmo se pronunciou novamente:- Bia, eu realmente gosto de você, me preocupo com você, amo cada defeito e qualidade sua. Eu nunca me permiti gostar de alguém porque hoje em dia o amor é um assunto terrível, mas foi inevitável com você! Algo me chamou atenção em você, algo que nunca vi em nenhuna garota!
Fiquei sem palavras, aquilo era chocante de se ouvir, apesar de eu sempre ter desconfiado que ele gostava de mim. Nesse momento percebi que não adiantaria, ele nunca me esqueceria se eu estivesse com outro. Mas ele me esqueceria se ele estivesse com a Mara?
- E a Mara?- perguntei com uma curiosidade enorme, tanto que até parei de andar.
Ele parou também, um pouco mais a frente, dando para que olhassemos bem. Sua expressão virou um misto de confusão e eu pudia imaginar o que se passava em sua mente.
- Será que não terá uma conversa nossa que você não fale da Mara?- questionou ele cruzando os braços. Soltei um suspiro rapidamente tantando me controlar. Mas estar perto dele, me deixava de qualquer forma, descontrolada.
- Ela gosta de você, Manuel e eu sou amiga dela. Quero saber o que você sente em relação à ela!- digo calmamente abaixando minha cabeça para fitar meus pés presos aos meus chinelos rosa.
Ele ficou um bom tempo sem dizer nenhuma palavra. Talvez, agora tenha raciocinando nos motivos que nos distaciava um do outro. O escutei limpar a gargantar e jogar os braços os tirando da posição que estavam. Ele resmungou algo baixinho que eu nem pude ao menos escutar e começou a dizer:
- Como posso te amar e sentir a mesma coisa por outra garota?- questionou levantando minha cabeça com o dedo delicadamente.
Ao ouvi-lo, ao sentir seu toque, minha respiração acelerou. O modo que ele me olhava, era tão terno. Eu não merecia seu amor e nem seu carinho. Abri a boca para falar alguma coisa, mas eu ainda estava intacta, era muitas emoções envolvidas, era muitos pensamentos confusos.
- Então.... então por que você saiu com ela hoje?- questionei resolvendo tirar todas as minhas dúvidas antes de pensar no que eu faria.
Ele tirou a mão de meu queixo a deixando cair ao lado de seu corpo, o fitei com certo receio, esperando meu pior, talvez.
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Morando Em Uma Fraternidade- Binuel
FanfictionBeatriz Urquiza está começando seu primeiro ano na universidade de Oxford, longe de seu pai e de sua casa. Tudo estava mil maravilhas, até ela descobrir que teria que conviver em uma casa com dez garotos. Em uma fraternidade onde a festa rola solta...