Capítulo 6 - A princesa perdida.

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Maria Clara De Bourbon-Stuart

Lágrimas começaram a descer pelo rosto de rainha Elena, e meu coração disparou no peito sem entender ao certo o que havia acontecido. Ela caiu de joelhos no chão, e chorou segurando minhas mãos.

Você é a minha filha. - Disse ela.

Eu a olhei em completo choque, mas sabia que ela estava enganada, era impossível que eu uma mulher simples fosse filha da rainha da Espanha. Ela devia ter se emocionado com nossa conversa, apenas isso.

A senhora está enganada é impossível que eu seja sua filha.

Ela sorri em meia as lágrimas e toca o meu rosto com delicadeza.

Eu dei este colar a você em seu aniversário de cinco anos, Philip escolheu o pingente e então decidimos escrever nele "A amaremos para sempre", você ficou tão feliz que nuca mais quis tirar do pescoço.

Eu ouvi aquilo e não conseguia acreditar, não era possível, simplesmente não podia ser. Eu não tinha traço algum da realeza, não era delicada como a rainha, não falava diversas línguas como ela, eu era um verdadeiro desastre, era impossível que alguém como eu tivesse sangue real nas veias.

Mas... mas... isso é impossível, eu não posso ser sua filha, eu não sou como você, eu jamais poderia ser uma princesa.

— Você é sim, e eu soube disso desde o primeiro momento em que coloquei meus olhos em você. Eu nunca me esqueci de você. Nunca! Todos esses anos eu a procurei e jamais desisti, mas agora eu recebi uma nova chance da vida, e não vou deixar escapar.

Eu fiquei de joelhos no chão próxima dela, e chorei emocionada. Ainda não conseguia acreditar no que estava acontecendo, era surreal demais. Então rainha Elena me abraçou com muita força, e eu senti algo estranho, aquele abraço era familiar demais, eu não estava ficando louca, todas aquelas sensações que senti desde o momento em que coloquei os pés no palácio tinham alguma razão, e eu tinha acabado de descobrir o porquê.

— Eu não consigo acreditar que finalmente a encontrei, e você está tão linda. - Disse ela tocando meu rosto. — O cabelo escuro como de seu pai, os olhos da minha mãe, e o rosto igual ao meu. Você é uma mistura perfeita de diversas gerações, não importa que tenha passado tanto tempo longe, quem você é está aqui, dentro e fora de você.

— Eu ainda não consigo acreditar. - Falo emocionada.

Ela sorriu e limpou a lágrima que descia por meu rosto.

— Eu também não consigo, Maria ou... Clara... ainda não sei como devo chama-la, mas isso tudo é real demais, a sua história é o complemento de tudo que aconteceu, e fico feliz que tenha sido cuidada por pessoas que lhe deram amor.

— Eles realmente me salvaram, me deram tudo que eu precisava, e principalmente amor. Eu não tinha memória alguma sobre quem eram os meus pais verdadeiros, eu acabei batendo a cabeça quando a carruagem caiu no barranco e não me lembrava de nada, nem mesmo meu nome. Passei esses anos todos pensando que talvez os meus pais tivessem morrido ou algo assim, jamais tive a pretensão de nada disso, nunca desconfiei que poderia ser a princesa perdida, mesmo que a história fosse parecida com a minha, para mim isso não tinha a menor possibilidade.

Então você não tem memória alguma sobre a sua vida aqui? Mesmo após todos esses anos?

— Me desculpe, mas não tenho, eu queria muito me lembrar, mas... não aparece nada em minha mente.

— Não se desculpe, você não tem culpa de nada, tudo isso que aconteceu foi premeditado, e acho que com toda certeza foi o meu primo. O que me deixa triste é que você não se recorde de nada, você foi muito feliz aqui, e muito desejada. Eu demorei dois anos para ficar grávida de você, e sempre tive muita dificuldade em ter filhos, acabei tendo um aborto a muitos anos atrás e isso dificultou ainda mais as coisas, mas quando você veio para este mundo foi uma alegria indescritível, eu e Philip estávamos muito felizes, parecia que nada mais poderia acontecer em nossas vidas, e cuidamos muito de você, demos todo o amor deste mundo.

A Princesa Perdida (Livro 3)Onde histórias criam vida. Descubra agora