Treze

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"Nunca perca seu equilíbrio interior.Todas as tormentas se vão, por maior que seja a tempestade."-Gregório Júnio

Três semanas depois da volta às aulas e eu estava me sentindo sufocada.Tive dois momentos desesperadores em que a falta de ar me pegou,minha pele queimava e tive que tomar remédios para a febre que não baixava nunca,fiquei de repouso por um dia inteiro sem dar as caras nas outras alas e mesmo assim não me sentia melhor.

Minha aparência era realmente de alguém que tinha andado doente,meus olhos estavam levemente arregalados e a pele ainda era febril e formava uma camada de suor na testa.

Mesmo não estando bem resolvi tomar um banho frio e vestir o uniforme,deixando de lado a blusa longa e o blazer,usando com prazer a saia por conta do calor.Meus cabelos foram penteados pela Emy,já que eu estava tão cansada,e ela fez uma maquiagem para não dar tão na cara minha expressão abatida.A Lala trouxe meu café da manhã para o quarto e contou piadas e fez fofocas dos outros alunos só para me animar,para ser sincera eu até rir,mas o misto de medo e confusão ainda me levava para baixo.

-Posso medir a sua temperatura?-Emy pergunta com carinho.

Aceno com a cabeça e levanto o braço,o termômetro faz um barulho uns segundos depois.

-Trinta e seis graus,está normal.-A gêmea me olha sem entender.-Então porquê você está vermelha e sua pele quente?

-Algo de estranho está acontecendo comigo.-Respondo.-Mamãe não sabe o que é,mas ela sente sombras por perto,e eu também,elas estão me afundando em um redemoinho de medo,febre e me deixando sufocada,na verdade todas essas paredes estão me sufocando.

-Vamos matar aula hoje e ir para o jardim,talvez você melhore um pouco até acharmos um ponto que esteja ligado a sua falta de ânimo.-Lala umedece os lábios visivelmente preocupada.

Ando de mãos dadas com as duas depois de deixar metade do café da manhã de lado,não entra muita coisa no meu estômago além da presença constante de medo.

O ar leve me faz bem depois de minutos exposta.Sentada no banco a sombra,eu até posso respirar sem pressão no peito e medo a espreita.O vento e o sol trazem a liberdade que as paredes não me dão,mas a sensação não dura muito.

-Eu sinto como se fosse ser tragada por mim mesma para um lugar sombrio.-Levanto do banco observando ao meu redor.Não há sinal de sombras, mas elas estão respirando no meu pescoço.Estou enlouquecendo.

-Calma,Lavin.-Lala se põe a minha frente e segura meus ombros.-Se concentra em mim, conta comigo até três.

-Um.-Digo em alto som.-Dois.-Minha perna treme.-Três.-Meus olhos ardem,e sei que estão negros.

-Você tem que se concentrar, Lavin.Está perdendo o controle facilmente.-Emy diz preocupada.

Abraço o corpo da Lala e me ponho a chorar.Preciso me agarrar a alguém real para não cair no abismo sem fim que estou abrindo para mim mesma.

Meu choro é audível e tenho que me lembrar de respirar fundo para não deixar o ar me abandonar,posso sentir o queixo molhado por conta das lágrimas, a visão turva por causa das emoções dizendo um rápido adeus para serem substituídas por novas.

-Isso mesmo,põe tudo para fora.-Lala acaricia meus cabelos,a voz doce como eu nunca ouvi antes.-Deixa toda a angústia que te aflingi sair.

Ficamos ali por longos minutos enquanto a pressão no meu peito diminuía,e a sensação de sufocamento dava lugar a uma pequena de liberdade.

-Mais calma?-Emy pergunta segurando minha mão e levando de volta para o banco.

-Um pouco.-Respondo fungando.Não limpo o molhado do rosto,quando o vento bate e sinto a sensação fria é bom.

Imperatriz em AscençãoOnde histórias criam vida. Descubra agora