Quarenta e Cinco

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"Tudo tem começo e meio.O fim só existe para quem não percebe o recomeço."-Luiz Gasparetto


O segurança abre o portão dourado permitindo a entrada do carro na propriedade angelical,que para na primeira casa branca da fileira direita.

Sinto o corpo tremer ao pôr os pés para fora e pedir para o motorista ir embora.Meu olhar se volta para a propriedade branca,mais uma vez com aparência imponente e exalando luxúria,suas altas paredes,porta e janelas.

Dou os passos necessários para girar a chave na fechadura e estar dentro da casa Echague.Os móveis da sala de estar continuam no mesmo lugar,as mesmas cores claras.Há uns espaços vazios na estante para serem preenchidos pelos porta retratos que acabaram quebrando.Abro a mochila e retiro de lá os novos,o sorriso do Diego é a primeira coisa que vejo,ele tem o filho nos braços e a Nanda ao lado,tem um como o Mason e Jason,do Adriel com o neto,com o Dante e a Josefine e a família no dia do baile.Tomei a liberdade de acrescentar outras fotos dos meus irmãos,do tio Turvelos e do Brand com a Madalena.

Admiro as fotos a medida que vou organizando nos espaços. Lembrando de momentos e sentindo saudades da minha família.

Entro no escritório do Adriel,os livros continuam no mesmo lugar em prateleiras altas de madeira.O computador ainda tem os arquivos de acordo com o Winstein,foi ele quem recolheu os documentos deixados aqui e os organizou.A mesa de bebidas continua lá,assim como um porta retrato da família reunuda.Sento em sua cadeira preta tentando imaginar como o papai se comportava dentro desse cômodo,se ficava cansado de tanto analisar papéis como eu,com pouca saliva de tanto conversar com sócios,com dor nas costas de ficar curvado e outras pequenas coisas.

Subo as escadas para os quartos. O do Adriel é o primeiro e continua do mesmo jeito que antes,as roupas e sapatos foram doados a instituições.A segunda porta era o quarto do Diego e da Nanda,o do lado acabou se tornando o quarto do bebê e está intocável,com nada fora do lugar o que poupou trabalho.A porta seguinte é o quarto do Mason,a outra era do Jason.

Do lado esquerdo a primeira porta é um quarto mobiliado para uma mulher,a porta do lado é o quarto da Lavínia que escolheu toda uma decoração nova para o quarto dela.Pouso a mão sobre a maçaneta da porta do meu quarto e giro.

A parede azul clara onde fica minha estante de livros preferidos e a mesa de estudos é a primeira que vejo.A cama box de casal fica no meio,com lençóis brancos e almofadas coloridas.A porta do closet e do banheiro estão fechadas.A outra parede está enfeitada com fotos minhas, dos meus pais,irmãos,tio e amigos,mostrando diversas cenas,olhares,risos e amor.Há um pisca pisca desligado ao redor da janela com a cortina aberta.

Recuo os passos necessários e fecho a porta,a placa azul tem o meu nome em letras pretas cursivas.A porta do lado foi pintada de rosa para a pequena Josefine.

Meus olhos percorrem o longo corredor de portas e se voltam para as escadas,que acabo descendo a procura da biblioteca.

O cheiro de livros atinge minha narina fazendo com que meu corpo relaxe.Examino o sofá e as poltronas aconchegantes,as mesinhas dispostas ao lado e o tapete acolchoado.No fim do cômodo as três mesas organizadas em forma de triângulo e então as altas prateleiras de madeira e suas diversas categorias de livros.

Meus dedos passam pelas lombadas dos livros infantis, seguindo para os de romance, ficção e fantasia para pularem direto para a nova parte:os livros considerados proibidos pelo Adriel agora estão disponíveis ao alcance dos meus dedos e mente curiosa.

Um de capa marrom chama a minha atenção pelo desgaste nas pontas.Seu título é Pedaços de mim,com a curiosidade aflorada o abro,vendo uma foto do papai mais jovem acompanhado dos meus avós e do tio Turvelos ainda garoto.A dedicatória escrita à mão é para eles,com todo o meu amor,diz no final.As bordas amareladas pelo tempo dão ênfase à distância de anos da escrita,e de repente me sinto incomodada por estar tentada a ler o diário do papai,por isso o devolvo ao lugar e constato haver continuidade.Quem sabe quando eu for mais velha e madura,ler as palavras escritas pelo meu pai não seja tão estranho.

Imperatriz em AscençãoOnde histórias criam vida. Descubra agora