Dezessete

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"A mente jungida aos sentidos vê romper-se o seu leme da sabedoria, tal qual uma nau na tormenta deriva para o naufrágio e morte."-Textos Hindus

Levanto o tronco assustada pelo pesadelo que tive.Meu corpo está suado,o coração acelerado e a respiração ofegante.Ainda posso sentir as mãos frias apertarem meu pescoço e as sombras descontroladas me afogarem em seu interior escuro.

Jogo as cobertas para o lado e ponho os pés descalços no chão frio,encarando meu irmão dormir profundamente.Depois da minha ida ao Nada,Melinda me liberou por uns dias para ficar em casa onde tenho recebido muita atenção.

Levanto com cuidado e abro a porta indo em direção ao banheiro.Meu rosto está cansado, as olheiras fundas e os olhos totalmente pretos.Abro a torneira e jogo água no rosto,a frieza espanta a tremedeira do corpo,mas a sensação de medo permanece trazendo consigo a de sufocamento e angústia.

Tamborilo os dedos no mármore da pia,encarando minha imagem devastada e sombria no espelho até decidir voltar ao quarto.

Procuro o tênis para calça-lo e um casaco fino para então criar um portal para o fim da rua,sei que se os seguranças demoníacos da mamãe me vissem sair pela janela iriam me seguir e um deles informar a ela.

O vento está agradável para a madrugada,e em algumas casas há um brilho de tv ou uma luz de quarto acessa.Ando em direção a praça e sento em um dos balanços me sentindo desprotegida por uns minutos.

Tive um pesadelo com a Draga, ela forçava meu corpo contra o chão de pedras e apertava suas mãos ao redor do meu pescoço enquanto me encarava com seus olhos negros e um sorriso perverso nos lábios,suas palavras ainda ecoam no meu ouvido fazendo com que eu tenha que inspirar e expirar vezes seguidas para não perder o controle.

-O que uma garotinha faz sozinha na rua essa hora da noite?-Uma voz desconhecida pergunta.

Dois homens estão parados a uma curta distância de braços cruzados e olhar atento.

-O que dois homens fazem na rua uma hora dessa?-Devolvo a pergunta segurando na corda do balanço sem desviar o olhar deles.

-Um passeio noturno com direito a encontrar uma garota sozinha para nos divertir.-O segundo cara fala.

-Garotinha errada,rapazes.-Me levanto com os olhos escuros.-Vocês vão conhecer o inferno logo mais.

Eles tentam correr,mas é fácil demais pegá-los e derrubá-los. Uma fina adaga surge na minha mão e uma enorme de cortar a garganta do homem me invade assim como uma insanidade.

-Sai de cima dele sua filha do demônio!-O outro me empurra para longe do amigo.

-Eu só quero me divertir assim como vocês queriam fazer comigo.-Passo a língua pelos lábios e jogo a adaga diretamente no coração de um deles,que cai.

-Louca!-O segundo grita correndo de mim.

Eu sinto o sangue rugir no meu ouvido,o coração martelar e as pernas sendo forçadas a correr mais rápido.

-Onde pensa que vai?-Questiono derrubando o homem e segurando seu pescoço com força.

-Não me mata,por favor.-Ele pede baixo.

-Não é hora de acatar pedidos.-Aperto mais um pouco vendo a pele ficar cada vez mais pálida e seu corpo parar de se debater segundos mais tarde.

Arrasto o corpo dele para junto do outro,retirando a adaga presa ao peito,o sangue vermelho atrai a minha atenção fazendo com que eu passe a língua pela extremidade suja.

Logo os demônios da mamãe estão ao redor da praça,presas e armas a amostra.

-Senhorita?-Um deles pergunta dando um passo a frente.

Imperatriz em AscençãoOnde histórias criam vida. Descubra agora