Imperatriz em Ascenção

Trinta e Oito

"O medo do perigo é mil vezes pior do que o perigo real."-Daniel Defoe

-Mamãe,nós precisamos ajudar o Chaz.-Abro as portas de seu escritório vendo seu olhar negro sobre mim.-Ou melhor,eu preciso já que você o está ajudando.

-Pelo que eu entendi,Chaz pediu para você ficar de fora disso,e pelo que eu também entendo você não ficará quieta.-Mamãe suspira se levantando da cadeira.-Eu deveria ter te educado melhor.

-Sua educação foi ótima.-A sigo para fora.-E não é como se a senhora realmente se importasse em me ver ajudando alguém.

-Eu me importo em manter você viva,docinho.-Mamãe passa um braço pelo meu ombro.

-E eu me importo com o Chaz,e quero ajudá-lo.-Insisto.-Já sei que você anda protegendo o reino dele e que uma luta corpo a corpo só fará os parceiros do Chaz morrerem,eu pensei em algo e queria compartilhar com vocês.

-Boa sorte tentando convencê-lo a executar seu plano.-Ela indica uma porta.

Giro a maçaneta e fico na soleira da porta observando o quarto destruído.Manchas de sangue no chão,vidro quebrado,uma cama desarrumada e um Chaz sentado no chão balançando o próprio corpo.

-Nem mais um passo,sangue doce,fecha a porta e vai embora.-Ele rosna.

-Você ficou tempo demais sozinho.-Digo adentrando e fechando a porta atrás de mim.

-Lavine,é melhor você sair daqui.-Seus olhos estão escuros.

-Eu me nego a sair e te deixar aqui!-Bato o pé.-Eu vim ajudar e conseguirei.

-Pode parar de ser tola por breves segundos e se retirar antes que eu torça seu pescoço?-Sua postura muda para uma de ataque.

-Pode tentar.-Desafio.

Ele vem tão rápido,jogando meu corpo contra a parede que arfo. As presas a centímetros do meu rosto e um olhar tão ameaçador que me faz tremer e arregalar os olhos de medo.Seu peito me pressiona para baixo,uma perna no meio da minha,um rosnando baixo escapando dos lábios.

-Não tenho medo de você.-Arrisco dizer trêmula.

-Seus olhos dizem o contrário.-Ele levanta na altura da visão meu pulso.-Seus sentimentos não podem me enganar.

-Então sabe o quanto estou preocupada com você.-Não desvio o olhar do dele,que de tão escuro quase chega ao preto.-Eu não consigo me concentrar em nada direito,não paro de pensar em como você está ou se sairá vivo de algum combate contra aquele vampiro podre.

-Lavine,por favor,sai daqui.-A voz é baixa,ainda que ameaçadora.

-Não.-Digo firme sabendo o quanto ele precisa de alguém.

Sua boca morde meu pescoço puxando a carne levemente para cima,fazendo um grito escapar dos meus lábios,sua mão em meu pulso fecha mais forte,a língua lambendo a área marcada,as presas raspando na pele.

-Você me atormenta demais.-Ele diz na curva do pescoço.-E eu adoro isso,mas eu tenho tanta fome.

-Vá em frente se isso lhe fará bem.-Murmuro.

-Não consigo.-Seu rosto volta a ficar de frente ao meu.-Mesmo na minha fome e instabilidade,não consigo machucar você.

Ele está sentado sobre a cama em um piscar de olhos,sem deixar de acompanhar meus movimentos. Cruza os tornozelos e entrelaça as mãos,seu corpo treme.

-Eu estou em um nível de estresse que você não pode imaginar.O quarto só mostra a minha raiva e minhas palavras para você a minha instabilidade,por isso se retire daqui,sangue doce.-As palavras saem lentas.-Não consigo machucar você,mas pode ser que eu fique agitado demais e um acidente aconteça na sua presença.