† Capítulo Onze

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"Não adianta tentar fugir de si mesmo. Por que no fim, seu passado sempre vai te encontrar."

– Pecadora

O barulho era ruidoso. Baixo, foi surgindo aos poucos. Aumentando a cada segundo.  Conforme o tempo passava, Gabriele ia despertando, limpando a baba que escorria discreta no canto de sua boca entreaberta.

Estava prestes a rir do sonho bizarro que teve, até que ela viu onde estava. O assento de um avião não era bem o lugar que ela esperava acordar. Fábio estava do seu lado, e Ângelo em sua frente.

— Mas que porras é… – Sacudiu o outro braço, o vendo preso à uma espécie de corrimão que interligava os assentos. O desespero lhe consumiu e ela chamou por Ângelo e Fábio, sacudindo o último por ser único que sua mão desacorrentada conseguia alcançar.

O padre e o irmão despertaram com dificuldade, no mesmo estado, ou até pior, que o da morena.

— O que… Que merdas é essa? – Ângelo repuxou a corrente, balançando a cabeça com os fios rebeldes ao constatar onde estava.

— Por Deus, você acordou. – Ouviu o lamúrio aliviado de Gabriele, e a encarou por um longo tempo, logo notando o irmão, que acordou na mesma confusão mental.

— Onde estamos? – Fábio questionou, apertando duas vezes os olhos e sentindo uma intensa dor de cabeça.

—  No avião particular da América. – A mesma morena que os buscou aparece de uma porta, uma vez que ouviu barulhos no local e supôs que o trio tivesse enfim despertado. Dirigiu seu olhar sagaciamente à Ângelo, esboçando um sorriso debochado marcado por um batom escarlate. — Olá, Lúcifer.

Ângelo, ou Lúcifer, ficou sério. Sua boca salivava com mais intensidade, mas ele simplesmente não conseguia engolir, ou respirar, ou raciocinar.

— Você conhece essa mulher? Quem é você? – Os olhos de Gabriele se encheram de fúria, quase querendo atacar Ângelo e a mulher. Já Fábio estava atordoado demais para entender ou se manifestar.

— Rebekah Broken, e sim, ele me conhece, mas acho que seria interessante que ele contasse isso à vocês. – Sorri, uma maldade lasciva em seu modo de falar era palpável. Lentamente se virou, indicando que se retiraria dali, até que Lúcifer se pronuncia, enfim irritado.

— Por que merdas estamos aqui? E para onde você está nos levando? – Questionou, baixo o suficiente para sua voz parecer um rosnado, mas alto o suficiente também para se fazer escutar até a cabine do piloto.

Os três olhavam Rebekah intrigados com o por quê de estarem ali. Principalmente Gabriele e Fábio que de certa nada tinham a ver com as falcatruas de Ângelo.

Rebekah suspirou, vagarosamente, revirando os olhos. Não se deu ao trabalho de olhá-los, apenas virou um pouco o rosto na altura baixa do ombro, olhando os prisioneiros de canto.

— Primeiro, vamos direto para Califórnia, vocês serão muito úteis à América. E segundo, querido, você quem pediu por um exército, Lúcifer. E cá estamos. – Andou em direção à porta, a abrindo. — Da próxima vez, pensem bem no que deseja.

E saiu, como uma sombra rápida e delicada, deixando Lúcifer corroído com oo que estava acontecendo.

— Acho que você já pode explicar. – Fábio dirigiu seu olhar ao irmão, que susporou pesado, cerrando o punho algemado e enfim os encarou.

Era hora da verdade.
— América é minha chefe. Ou ex-Chefe. Ela é dona de uma das máfias maos poderosas e misteriosas do mundo, e seu poder se concentra totalmente aqui, em solo americano, seja norte, latino ou sul. Eu iniciei nesse mundo por questões pessoais. – Olhou de relance para Fábio, que estava distraído assimilando o que ele dizia. — Mas primeiro não entrei para a América, e sim para os Himers. É uma máfia, praticamente, sendo composta por grupos asiáticos e americanos. O líder, Abasi, era uma boa pessoa, mas depois que nos desentendemos, resolvi os abandonar.

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