† Capítulo Vinte

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"Podemos conversar? Eu percebo os demônios tentando te fazer ouví-los, mas você não precisa deles. Você me tem."
- Pecadora

• Mídia: Lúcifer Guerrero

Era quase uma da manhã quando os olhos cansados e irritados de sono de Gabi enxergaram a sombra difusa de Lúcifer entrando na mansão. Ele parou ao vê-la no sofá e ficou a encarando.

Gabi aproveitou para analisar ele. O cabelo do homem estava aparentemente úmido, usava a mesma roupa que havia saído, e a mão cortada parecia inchada e já não tinha nada mais cobrindo. A morena se levantou e foi até ele.

- Vamos subir. - Pediu, e Lúcifer nem mesmo ousou desobecer ou questionar, apenas a seguiu.

Ia abrindo a boca para perguntar quando ela passou reto pelo seu quarto, mas Gabi foi mais rápida. - Vai dormir no meu quarto, quero conversar com você.

Ele apenas assentiu, seguindo-a até o local indicado e entrando.

- Senta na cama, por favor? - Pediu indo até a cômoda buscar utensílios que deixou separado para quando o homem chegasse. Uma pinça, algodão e um copo com água. Levou a tigela com as coisas até a cama e se sentou se frente para o luciferiano, apoiando os objetos no colo. - Me dá sua mão.

- Não preciso que...

- Não perguntei se você precisa. Mandei me dar sua mão, anda. - A morena sentiu a cólera subir, pegando com cuidado a mão que o homem estendeu à contra gosto.

Fez uma careta negativa ao ver que os cortes estavam fundos e só haviam parado de sangrar por que estavam começando a infeccionar. Ainda tinham alguns pequenos cacos de vidro, como ela havia suspeitado, e por isso pegou a pinça e focou em retirar os cacos.

- Por que não está dormindo, como os outros? - O homem perguntou, observando atento os movimentos dela.

- Perdi meu sono e resolvi te esperar. - Respondeu com indiferença.

Lúcifer analisou seu rosto baixo, notando que ela piscava demasiadas vezes. Riu baixo, atraindo o olhar da mulher para si.

- Não minta. Não para mim. - Arqueou a sobrancelha.

Ela bufou, revirando os olhos irritada por ter sido descoberta tão facilmente.

- Eu estava preocupada com você, satisfeito? Sei que você não parece ligar, mas... - Ela resmungou, voltando a tirar os cacos e pondo eles na tigela, com uma certa vergonha de olhar o luciferiano.

Meio minuto - que mais pareceu uma hora - desconfortável de silêncio se passou pelo quarto, até que Lúcifer com sua outra mão levantou devagar o rosto da morena até que ela o olhasse.

- Obrigado. - Ele disse e parecia encarar com curiosidade e encanto genuíno para a mulher, acariciando sem perceber a borda de seu rosto. O carinho não passou despercebido por Gabi, que logo lembrou das palavras de Nayhan sobre o homem ser de mostrar o que sente por meio de gestos.

Por algum motivo sorriu. Se sentiu aquecer por dentro e para disfarçar apenas balançou levemente a cabeça, um pouco frustrada por ter que se afastar do pequeno toque.

- Não precisa me agradecer. - Murmurou, abaixando a cabeça para terminar a mão dele. Passou o álcool etílico no algodão e passou levemente pela mão dele.

- Puta que pariu! - ele na mesma hora puxou a mão com a dor cortante e Gabi segurou o riso.

- Um homem deste tamanho choramingando por causa de um álcoolzinho?

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