capítulo 08

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Sophia Parker

Talvez eu tenha sido precipitada ao aceitar uma proposta dessas. Ir para a casa do meu professor é tão estranho, mas acredito que ele realmente quer me ajudar. Alguns dias atrás, ele parecia me odiar, e agora está sendo tão gentil comigo. Não nego que, sempre que ele está por perto, sinto o perfume dele e sensações que não deveria sentir. Fiquei muito culpada naquele dia no hospital. Sem perceber, eu o encarei e fui pega no flagra. Senti tanta vergonha que, se pudesse, teria saído correndo e me jogado de uma ponte para nunca mais ter que encará-lo.

Catherine me visitou no hospital apenas duas vezes. Ela estava estranha, parecia estar escondendo algo. Não quis perguntar nada; se ela não quisesse falar, eu respeitaria.

Nunca fui uma pessoa de sorte, e mais esse acontecimento só me provou isso. Sempre acontecem coisas horríveis comigo. Tento ser normal, mas é tão difícil. Pensei que iria morrer dessa vez, e se não fosse o professor Enrico, talvez isso teria acontecido.

Quando eu era criança, vivia me machucando. Uma queda simples de bicicleta era motivo para abrir um buraco no meu joelho. Era como se a morte estivesse sempre tentando me levar.

Acabei de chegar ao apartamento de Enrico. A esposa dele, Lúcia, me tratou bem e falou para eu me sentir em casa, mas logo saiu e, até agora, acho que não voltou. Falei com Lorenzo; ele disse que virá me ver amanhã. Também falei com Dalton, que mencionou que virá me visitar e que toda a faculdade está sabendo do que aconteceu comigo, pois passou até no jornal.

Olho no relógio e vejo que já passa da meia-noite. Estou com fome, mas não quero incomodar ninguém. Levanto da cama sentindo um pouco de dor na cirurgia e sinto um pouco de tontura. Espero até passar e continuo minha caminhada, mas paro ao escutar vozes vindas de um quarto que acredito ser o de Enrico. A porta estava entreaberta, e, juro, não sou muito curiosa, mas quando dei por mim, já estava ouvindo a conversa.

— Lúcia, não existe mais amor entre nós! — Enrico fala, tentando manter a voz baixa.

— Enrico, eu sei que não é verdade. Você ainda gosta de mim, só não se deu conta! — Ela responde, com a voz chorosa, e eu sinto pena dela.

— Saia do meu quarto, Lúcia, e pare com esse teatro! — Ele pede.

Ela então sorri, um sorriso cínico e cheio de ódio.

— Transei com meu amante hoje. Ele nem se compara a você, Enrico. Ele é jovem, cheio de energia, me faz gozar como louca.

— SAIA DO MEU QUARTO, PORRA!!! — Enrico grita.

Me assusto, dou um pulo, e sem querer encosto na porta, que se abre, me revelando. Os dois me olham, e eu sinto vergonha e medo por ter sido pega no flagra.

— Eu... Eu só estava passando e... — tento me justificar.

— E resolveu escutar conversas alheias? — Lúcia fala, irritada.

— É bom que você saiba que seu professor é um corno! — Ela lança, com desdém.

Enrico não reage, apenas a olha com os punhos fechados. Sei que está se segurando para não voar nela.

— Querida, aproveite e conte para todo mundo na faculdade! — Ela diz, sorrindo, e sai.

Olho para Enrico, que me encara fixamente. Nem precisa dizer nada para eu entender que ele quer que eu saia. Volto para o meu quarto mais rápido do que o meu corpo permite e tranco a porta. Sento na cama e tento digerir tudo que escutei. Meu professor não é feliz no casamento e sabe que é traído, mas ainda vive com ela. Talvez seja algum fetiche.

Lúcia é uma mulher sem escrúpulos. Sei que não é da minha conta, mas isso foi bem pesado.

Acordo com uma batida na porta e escuto Lúcia chamar meu nome. Olho o relógio e vejo que já passa das nove da manhã.

— Querida Sophia, abre a porta. Eu trouxe seu café da manhã. — Ela fala com uma voz extremamente calma.

— Espere um momento, já estou indo. — Respondo, me levantando com cuidado.

Abro a porta, e lá está ela, com um sorriso gentil. Ela entra, deixa a bandeja em cima do criado-mudo e me olha de cima a baixo, mas logo seu sorriso morre.

— Eu quero que você vá embora da minha casa, garota! — Ela fala, séria.

— Não é possível que você seja tão burra! — Ela acrescenta, com desdém.

Engulo em seco, sem saber o que dizer. Ela não parece a mesma pessoa que acabou de entrar aqui. Como alguém pode mudar tão rápido?

— Está na cara que o Enrico gosta de você. Eu já desconfiava, mas ontem tive a certeza. Você não percebeu o jeito que ele te olha? Como ele ficou com o ego ferido na sua frente? Ele nunca se importou com meus amantes, mas ontem, Sophia, ele se mostrou bem magoado. Achei que iria me matar. Pode acreditar, garota, que ele está louco para se enfiar no meio das suas pernas.

Essas palavras me atingem como um soco no estômago. Fico sem reação. Isso não pode ser verdade. Será que ele se aproveitou do meu estado para tentar algo?

— Entenda, Sophia, o Enrico é meu, somente meu. Estamos passando por um problema no nosso casamento, mas é apenas uma fase. Isso vai acabar. Então, eu quero que você se mantenha distante dele, ou sua vida vai virar um inferno. Agora, arrume suas coisas e saia da minha casa.

— Ah, Sophia não vai embora. Quem vai é você, Lúcia. — Me espanto ao ouvir a voz de Enrico, que observa Lúcia. Suponho que ele tenha escutado toda a conversa  e agora vai expuisa-ia por minha causa.

— Você não pode simplesmente me mandar embora, eu sou sua mulher, Enrico! Ela retruca.

Ele sorri.

— Não mais, Lúcia. - O queixo de Lúcia cai em descrença. Ela abre a boca para falar algo, mas logo fecha de novo.

Enrico estende um papel para ela, e seus olhos se arregalam.

— Como você conseguiu isso? - Ela pergunta, incrédula.

—Lúcia, ninguém é obrigado a ficar casado se não quiser.
  Ele responde com firmeza

Ela se mantém calada.

— Separação litigiosa, Lúcia. Eu não sou obrigado a conviver mais com você. Então, arrume suas coisas e vá embora!

Ela engole em seco e sai sem dizer uma palavra.

— Bom, acho que eu também deveria ir. Digo, ainda lembrando das palavras de Lúcia. E se realmente Enrico estiver com segundas intenções? Nós dois aqui sozinhos não daria certo. Não confio mais nele e, agora, olhando para ele, acho que também não confio em mim mesma.

— Não, você não precisa ir.
Ele me olha de um jeito diferente, e mais uma vez lembro das palavras de Lúcia.

— Sophia, pode ficar. Não se preocupe com nada.

Merda, será que ele fez isso para poder ficar a sós comigo

— Senhor Enrico, acho que não seria uma boa ideia eu ficar sozinha com você.

Ele sorrir um sorriso travesso.

— Por que , Sophia? Você  teme algo ?

Ele me olha de cima a baixo, e só  agora noto que ainda estou de pijama. Droga!

Abraço o meu corpo , envergonhada,  sentindo o rubor   se espalhar pelo meu rosto. Minhas pernas estão  bambas.

— Eu...Eu... Não  , Senhor ... —  gaguejo, tentando responder.

— Você  vai ficar? — Ele pergunta, mas parece mais um pedido.

Eu não deveria, mas algo me impede de dizer  não.  Na verdade não consigo dizer nem uma palavra. Apenas balanço a cabeça  afirmando  que sim.

Agora as coisas vão começar a ficar boa.

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Doce Aluna~Triângulo  De DesejosOnde histórias criam vida. Descubra agora