Sophia
— Cheguei na vida da sua mãe a mando do seu pai. Não foi difícil ganhar a confiança dela, e então... tudo aconteceu.
Ainda processando as palavras, não consigo acreditar no que ouço.
— Não fique surpresa — ele continua, com um sorriso frio nos lábios. — Seu pai era um homem muito esperto. Sua mãe achava que o estava enganando, mas na verdade, foi ela quem foi enganada. Seu pai... ele não era um homem comum. Foi treinado para nunca dar um passo em falso.
— Ela... ela foi enganada? — murmuro, sem forças.
O homem apenas assente, confirmando o que já é difícil de processar.
Lembro-me do meu irmão, da loucura que tomou conta dele. Como meu pai pôde ser bom, afinal?
— Meu irmão... ele me procurou — digo, mais como uma revelação do que como uma pergunta.
Agora, o homem me olha alarmado.
— Sophia, fique longe dele. Ele é perigoso. Não o subestime.
Sim, eu sei disso. É por causa dele que estou aqui, penso, o peso da revelação me sufocando.
— Ele está morto — declaro com firmeza, tentando manter o controle.
Os olhos do homem se arregalam em surpresa.
— Ele me sequestrou, foi atrás do meu namorado, me chantageou. Eu não sabia de nada sobre o dinheiro. E então, ele feriu meu namorado. Agora, Enrico está em coma... com os dias contados, e eu não tenho como pagar o hospital. Não tenho dinheiro para isso.
— Dinheiro? — o homem ri, um sorriso genuíno de incredulidade. — Sophia, você não faz ideia do que está falando. Agora você é dona de uma grande fortuna. Dinheiro não é mais problema para você. Além da herança de sua mãe, seu pai deixou muito mais. Tudo o que era dele agora é seu.
O choque me atinge em cheio. O sangue parece parar de correr em minhas veias. Sinto meu corpo desfalecer, as forças me abandonando. Talvez seja pela gravidez, mas toda essa informação é demais para processar de uma vez. Minha visão começa a escurecer e, ao longe, ouço alguém perguntar se estou bem. Antes que eu possa responder, apago.
Acordo no hospital, e o primeiro rosto que vejo é o de Vicente, meu amigo fiel. Tão logo meus olhos se abrem, levo a mão à barriga, o desespero me consome.
— Onde está meu filho? — pergunto, a voz trêmula, as lágrimas escorrendo.
Vicente se aproxima rapidamente, tentando me acalmar.
— Calma, ele está bem! Você sofreu uma eclâmpsia, e precisaram tirá-lo antes da hora, mas ele está bem, Sophia, eu juro.
Tento me levantar, mas meu corpo se recusa. A dor e o peso da cirurgia me paralisam. Vicente, gentil mas firme, me impede.
— Você passou por uma cirurgia séria. Precisa descansar.
— Eu só preciso ver meu filho... — insisto, entre soluços.
Vicente suspira, a exaustão estampada em seu rosto.
— Sophia, quase perdi vocês dois. Tudo o que eu podia fazer era esperar por notícias, sem saber se vocês estavam vivos ou mortos. Você não imagina o inferno que passei. A cada minuto, eu temia que estivesse perdendo vocês, e só então percebi o quanto fui covarde por não te dizer a verdade.
Seus olhos encontram os meus, e o que vejo ali me abala profundamente. O olhar de Vicente não é mais o de um amigo, mas o de um homem apaixonado.
— Eu estaria no inferno se algo tivesse acontecido com vocês — ele diz com uma voz baixa, carregada de emoção. — Eu amo vocês, Sophia.
— Vicente? — pergunto, atônita.
Ele segura meu olhar, firme, seus olhos transbordando sentimentos que não consigo ignorar.
— Sophia, eu amo você.
A confissão me derruba. Vicente não é apenas um amigo, ele é a melhor pessoa que já conheci. Ele sempre esteve ao meu lado. Ele merece tudo, e ainda assim... não sei como reagir.
— Vicente, eu...
Ele me interrompe, balançando a cabeça.
— Não precisa dizer nada. Sei que você ama o Enrico, e eu não tenho o direito de pedir nada.
Ele faz uma pausa, como se reunindo coragem.
— Mas preciso te contar uma coisa... Eu estou morrendo.
Por um instante, acho que entendi errado, mas ele repete, com a voz mais firme:
— Eu estou morrendo, Sophia.
Ele sorri, mas é um sorriso doloroso.
— Não se preocupe, ainda vou te incomodar por mais uns dois anos, talvez mais.
— Vicente, como pode sorrir com algo assim? — pergunto, incrédula.
— Já passei da fase de chorar. Isso não vai mudar nada. Já aceitei o meu destino. Mas, quando te conheci, tudo o que eu queria era mais um pouco de tempo. Ah se eu tivesse mas tempo , aquele imbecil do Enrico nunca teria chances com você.
— Vicente! — o repreendo, mas ele sorri de volta, o brilho de humor voltando por um breve momento.
— Desculpa, mas ele é um idiota mesmo. Mesmo assim, eu o invejo. Ele teve você de corpo e alma. Eu te amo, Sophia, mas que futuro um homem doente como eu pode te oferecer?
As lágrimas começam a rolar pelo meu rosto antes que eu possa controlá-las.
— Mesmo assim, eu vou te pedir: fica comigo. Fica comigo pelo tempo que me resta. Me permite te fazer feliz, e ser feliz ao seu lado?
Olho para ele, vejo a dor, o desespero e o amor em seus olhos. Será que eu seria capaz? Vicente é meu melhor amigo, a pessoa mais incrível que já conheci. E ele não merece ser desprezado. Sim, eu poderia fazer isso. Mas... e o Enrico? Como ele ficaria nessa história?
— Desculpa, Sophia. Eu não devia ter pedido algo assim. Sinto muito.
Vicente se vira, começando a sair do quarto. Sua mão já está na maçaneta quando eu o chamo.
— Vicente.
Ele se vira, e vejo esperança em seus olhos que estão vermelhos e brilhantes com lágrimas .
— Eu posso tentar. Você é muito especial para mim, Vicente. Não seria difícil.
Eu faria isso por ele. Mas e o depois? Pensar no depois me faz lembrar da dor de perdê-lo. E isso... isso eu não quero enfrentar.
— Você faria isso por pena de mim? — ele pergunta, hesitante.
— Não é por pena. Faria isso porque não suportaria te perder, sabendo que não fiz nada por alguém que tanto admiro. Você sempre foi um anjo na minha vida, Vicente.
Ele me olha com surpresa, os olhos suavizados por carinho e amor.
— Mas agora, eu só quero ver meu filho — digo, determinada.
Quando vejo meu filho, tudo o que senti antes se dissolve. Ele é perfeito. O amor da minha vida.
— Meu filho, mamãe te ama tanto.
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1 mês depois
Após sair do hospital, resolvi tudo em relação ao Enrico, com a ajuda do Vicente. Ainda estou me recuperando da cesariana, mas fiz o máximo para acelerar o processo. Agora, temos uma UTI em casa, onde Enrico terá seu tempo para acordar... ou partir. Não vou desligar os aparelhos, não até que ele tenha a chance de lutar.
Vicente me ajuda a cuidar do meu filho, Alexandre. Escolhi um nome simples, mas bonito, e que me faz sorrir ao pronunciar, alexandre parece muito com o pai , as vezes o pego sorrindo enquanto dorme e posso dizer que tem o mesmo sorriso .
Vicente e eu não falamos mais sobre o que ele me pediu, estamos ocupados demais com tudo. Mas eu sei que essa conversa ainda virá. Ele está me dando o tempo que preciso.
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Doce Aluna~Triângulo De Desejos
RomansaATENÇÃO: CONTEUDO ADULTO🔞,LINGUAGEM CHULA,TRISAL. O professor Enrico, de 37 anos, se apaixona por sua nova aluna, Sophia, de 18 anos. Em meio a circunstâncias delicadas, ele consegue seduzir a jovem, e os dois iniciam um relacionamento. No entanto...