capítulo 15

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Sophia

Minha cabeça doía e meu corpo parecia pesado. Eu estava atordoada. Senti água fria sendo jogada em mim, o que me fez despertar totalmente.

- Ela está acordando.

Uma voz masculina, que eu não reconheço, fala à distância. Tento ver quem é, mas minha visão turva não me permite. Faço um esforço para enxergar melhor e é então que vejo a silhueta de um homem. Reconheço-o como o ex-noivo da minha amiga Catherine assim quando tenho total  visão. 0O que ele quer comigo?

- O que você quer comigo? - Pergunto, com a voz fraca e ainda um pouco atordoada.

- Oi, maninha, eu tenho tantas coisas para te falar.

Eu não sei se ouvi direito, mas acho que ele me chamou de "maninha". Eu sei que sou filha única, então só pode ser um louco.

- Isso não é possível, eu sou filha única!

Ele sorri de forma irônica.

- Sim, Sophia, você tem eu como irmão!

Agora sou eu quem sorri. Está na cara que ele é um completo louco. Eu não tenho irmãos; sempre fui só eu, minha mãe e meu pai. Ela nunca teve mais filhos.

- Minha mãe só teve a mim.

Ele sorri novamente, e seu sorriso é grande, quase alucinado.

- É, Sophia, realmente sua mãe só teve você, mas o meu pai não. Sua mãe conheceu o meu pai, aliás, o nosso pai, quando ainda era muito jovem e logo engravidou de você. Eu era uma criança de dez anos na época. Até aí tudo bem, mas o problema começou quando o meu pai descobriu que seria uma menina. Como um grande homem da máfia, ele não queria filhas, pois acreditava que mulheres eram fracas e só serviam para satisfazer os homens e procriar. Então mandou sua mãe abortar, coisa que ela não fez.

Abro a boca, tentando falar algo, mas ele faz um gesto, indicando que eu permaneça em silêncio.

- Ela criou uma conta e conseguiu transferir todo o dinheiro dele, que levou anos para conseguir, e depois desapareceu.

Sorrio com a loucura dele. Minha mãe nunca teve dinheiro; vivíamos sempre no aperto.

- Você está louco. Minha família sempre foi pobre. Minha mãe e meu pai trabalhavam duro para termos uma vida digna. Se ela tivesse esse dinheiro, não estaríamos pobres.

Ele sorri.

- Sua mãe certamente não usou o dinheiro porque assim seria mais fácil encontrá-la. Mas eu creio que ela deixou alguma pista sobre onde está o dinheiro e você deve saber.

Se isso realmente fosse verdade, eu não fazia a menor ideia de onde esse dinheiro poderia estar.

- Você ainda duvida?

Ele franze a testa e sorri, então retira algo do bolso. Vejo que é uma foto e ele me mostra. Na foto, vejo minha mãe abraçada com um homem que não conheço.

- Eu não teria por que mentir para você, Sophia.

Olho mais uma vez para a foto e depois para o rosto dele, tentando encontrar algum indício de que ele está mentindo, mas o que vejo é apenas verdade.

- Não precisava disso!

Falo, olhando ao redor.

- Eu realmente não queria que fosse assim, mas as pessoas mudam quando há dinheiro envolvido.

Eu nunca me importei com dinheiro; nunca tive mais do que o suficiente para sobreviver.

- Eu nunca me importei com esse maldito dinheiro!

Ele sorri.

- Eu sei disso, Sophia, mas o dinheiro muda as pessoas. Sua mãe era como você: ingênua e doce, dizia que nunca se importava com dinheiro. Mas veja o que ela fez. Eu era apenas uma criança quando ela entrou em nossas vidas. Eu fiquei contente, pois achava que teria uma mãe. Ela conquistou todos, trouxe alegria, e quando foi embora, deixou tristeza. Eu vi meu pai morrer aos poucos. Ela quebrou o coração dele e, por fim, levou a riqueza que ele conquistou, mesmo que de forma errada. Mas não foi fácil.

Meu coração aperta um pouco ao saber que não conhecia nada da minha mãe, que ela havia escondido seu passado. Algum motivo devia haver.

- Eu não quero esse dinheiro!

Falo olhando nos olhos dele.

- Só preciso que você me solte e eu o ajudarei a encontrar algo que nos leve ao dinheiro. Somos irmãos, não precisamos disso.

Nunca imaginei que teria um irmão, mas a ideia não é tão ruim.


Rômulo



Sophia pensa que me engana com essa história de querer ajudar, mas não caio nessa. Esse rostinho angelical e seu jeito doce não me iludem nem um pouco. Como meu pai dizia, mulheres são enganadoras e usam a delicadeza para enganar os homens fracos.

- Sei que você estava tendo um relacionamento íntimo com o seu professor.

Ela arregala os olhos em surpresa.

- Ele não tem nada a ver com isso!

Ela quase grita, mostrando que o professor é muito mais importante para ela do que eu imaginava.

- Que bom saber que você tem algo de valor que posso usar. Enquanto você não se lembrar de onde está o que eu quero, vou mandar alguns homens trazerem seu professor. Ele ficará comigo e você será solta para procurar o que eu quero. Se não conseguir, tenha certeza de que ele sofrerá muito antes de morrer. Sophia, eu não estou brincando!

- Ele não tem nada a ver com isso.

Ela repete, chorosa.

Saio do quarto onde Sophia está e ligo para os meus homens, instruindo-os sobre o que fazer. Assim que tudo terminar, vou me livrar dela e dele. Não demora muito para que eles me liguem de volta.

- Senhor, estamos com o professor.

- Tragam-no para cá.

Desligo o telefone.

Horas antes

Enrico


Ao sair da boate, sentia a raiva pulsando em meu corpo como se fosse eletricidade. Quem aquele cara pensa que é para ameaçar tomar a Sophia de mim?Olhei para o homem que se atrevia a fazer tais afirmações. Ele parecia implacável, convencido de que poderia concretizar suas palavras.

Os policiais nos pediram para ir para casa e aguardar notícias, mas como eu poderia ir embora sabendo que Sophia estava em perigo?

Peguei meu carro e comecei a percorrer as ruas da cidade, o coração acelerado e a mente turvada com preocupações. De repente, percebi que estava sendo seguido. Um carro bloqueia minha frente e freia bruscamente. Quatro homens saem do veículo e eu reconheço imediatamente que eles têm algo a ver com o desaparecimento de Sophia. Senti um frio na espinha. Fugir não era uma opção, e enfrentar quatro homens sozinho parecia um suicídio. Embora a ideia de correr me chamasse, eu não queria ser um covarde; precisava entender o que estava acontecendo. Eles se aproximam e me cercam, meu coração bate forte no peito, e a tensão no ar é quase palpável.

— Seria melhor você não se opor e vir com a gente — diz o homem.

Eu dou uma risada amarga, ciente de que minha única chance seria levar uma surra antes de ser levado.

— Tudo bem, sei que isso tem a ver com minha mulher — respondo, e ele acena com a cabeça em confirmação.

Sigo-os até o carro e entro. Assim que estou dentro, eles colocam um saco na minha cabeça e me algemam. O carro começa a se movimentar, e eu sinto a tensão crescendo a cada quilômetro que passamos.

Doce Aluna~Triângulo  De DesejosOnde histórias criam vida. Descubra agora