Doce Aluna~Triângulo De Desejos

capítulo 14

Enrico

Ver Sophia me tranquilizava, trazendo um conforto interno que eu não sabia como explicar. Era experiente demais para negar o que já sentia por ela. Seu rosto, que misturava a inocência de uma menina com a maturidade de uma mulher feita, me atraía de uma forma que eu não conseguia ignorar. Quando ela caminhava na minha frente, era impossível não reparar em seu bumbum redondinho, acentuado pelo jeans colado ao corpo. Ela não tinha ideia de quão linda e atraente era. À medida que nossa proximidade se intensificava, percebi que ela sentia vergonha do próprio corpo. Eu tentei mostrar a ela que seu corpo era perfeito, independentemente das cicatrizes que ela tanto odiava.

Quando entramos na minha sala, percebi que o olhar de Sophia estava diferente. Minha vontade era de beijá-la como se não houvesse amanhã, mas precisava conversar com ela sobre a situação com Lúcia. Já havia resolvido as coisas com minha esposa, e queria que Sophia soubesse que não deveria se preocupar com isso.

Na noite passada, tive uma conversa com Lúcia e chegamos a um acordo. Ela queria dinheiro, e eu dei a ela uma grande fortuna que a manteria na vida de luxo à qual estava acostumada. Dinheiro nunca foi um problema para mim; minha profissão de professor era apenas um preenchimento para meus dias vazios. Lúcia teria que me deixar em paz e, principalmente, deixar Sophia fora disso. Se ela não o fizesse, eu não hesitaria em mostrar a verdadeira face de Enrico.

Então, Sophia revelou:

— Estou grávida!

As palavras dela ecoaram na minha mente como um trovão.

— Como é? Eu repetia em choque, tentando processar o que acabara de ouvir.

— Eu estou esperando um filho seu.

A voz dela saiu quase como um sussurro, e eu não conseguia acreditar. Dei um sorriso amargo. Isso não era possível. Eu não queria filhos. Balançava a cabeça, tentando afastar a realidade.

Um filho, um filho!

Sophia me olhou com uma expressão de desespero, como se eu tivesse duas cabeças.

— Você está louca, Sophia! O que você está fazendo? Isso é uma brincadeira com a minha cara?

Ela começou a chorar, lágrimas grossas escorrendo pelo rosto.

— Não precisa ser pai, eu entendo que você não quer. Não vou obrigá-lo a ser.

Ela limpou as lágrimas e saiu correndo, a porta batendo atrás dela.

Bati forte com as duas mãos na mesa. As lembranças de quando Lúcia engravidou vieram à mente, e eu me vi repetindo os mesmos erros, sendo um escroto novamente. Rejeitei meu filho antes de ele nascer, e agora eu estava repetindo o mesmo comportamento com Sophia. O peso do que fiz parecia esmagar-me.

Algo dentro de mim gritava para correr atrás de Sophia e pedir perdão pelo monstro que eu havia sido. Ela jamais me perdoaria, e eu só agora compreendia o tamanho da burrada que cometi.

Não conseguia mais me concentrar em dar aula. Saí da faculdade dirigindo pelas ruas lentamente, na esperança de ainda encontrar Sophia, mas era tarde demais. Como pude ser tão idiota? Deixei Sophia sair naquele estado e agora não sabia para onde ela poderia ter ido. Eu devia ter abraçado ela e dito que tudo ficaria bem. Agora, um pressentimento sinistro me invadia, uma sensação de que algo ruim poderia acontecer com ela e com nosso filho. Sabia que Sophia tinha poucos amigos, mas lembrava de um que ela considerava como um irmão e que certamente ela procuraria.

Vicente Castelli

Eu andava apressado, atrasado para um compromisso, mas parei ao ver alguém correndo do outro lado da rua. Seus cabelos loiro-mel esvoaçantes com o vento eram impossíveis de ignorar. Era Sophia, a jovem da boate. Esperei um carro passar para atravessar a rua, mas o que aconteceu a seguir foi tão rápido que não tive tempo de agir. Um carro preto parou, e dois homens encapuzados saíram e a pegaram. Ela se debatia, mas era inútil.